Especialista defende fim das contribuições sociais

O professor de Direito Tributário da PUC Minas, Marcelo Braga Rios, defendeu o fim da cobrança das contribuições soci...

20/05/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Especialista defende fim das contribuições sociais

O professor de Direito Tributário da PUC Minas, Marcelo Braga Rios, defendeu o fim da cobrança das contribuições sociais previstas na Constituição da República. Segundo ele, essas espécies tributárias foram tão desvirtuadas que assumiram caráter de imposto, sendo melhor extingui-las. O professor foi um dos especialistas que participaram, na tarde desta quinta-feira (20/05/10), do Ciclo de Debates Pacto Federativo, Questão Tributária e Políticas Públicas no Brasil, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

As contribuições estão previstas no artigo 149 da Constituição da República e sua arrecadação tem destinação específica. "Só que a União percebeu que elas são mais rentáveis que os impostos e investiu nesses tributos. O problema é que elas não são repartidas com os Estados e municípios, o que desestabiliza o pacto federativo", sustenta o professor, dando o exemplo da CPMF, Cide, PIS e Cofins. Para ele, as contribuições viraram impostos disfarçados e não repassados pela União.

A situação é agravada, ainda de acordo com o professor Marcelo Braga, pela chamada Desvinculação das Receitas da União (DRU), aprovada via emenda constitucional, segundo a qual 20% do arrecadado com as contribuições não precisam se dirigir a nenhuma finalidade específica. "O legislador constituinte cria as contribuições para dar um destino certo ao dinheiro, depois diz que não é preciso", explica.

Uma das consequências de distorções como essa é a guerra fiscal entre os Estados, que chegou a níveis insuportáveis "mas, infelizmente, virou arma de sobrevivência", finalizou.

Brasil implantou o sistema de "Robin Hood às avessas"

O presidente do Sindicato dos Fiscais e Agentes Fiscais de Tributos de Minas (Sindifisco-MG), Lindolfo Fernandes de Castro, considerou o modelo tributário nacional como o de "Robin Hood às avessas", pois tira dos pobres para dar aos ricos.

Para ele, o problema está no fato de 75% da carga tributária do País incidirem sobre o consumo e a mão de obra. Por isso, a solução passaria pela tributação das altas rendas e grandes patrimônios. "Só que a reforma não sai porque o mercado e os capitalistas estão satisfeitos com a atual situação; além disso, a União não tem o menor interesse", afirmou.

Opinião semelhante tem o também representante do Sindifisco-MG, Antônio Luiz Bernardes, para quem a questão tributária é muito mais política do que técnica. "O atual modelo perdeu a racionalidade econômica e não adianta nem reformá-lo, é preciso substituí-lo", defendeu.

Outra palestrante do primeiro painel da tarde foi a pesquisadora Celina Maria de Souza, do Centro de Recursos Humanos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (CRH-UFBA), que fez um diagnóstico e um histórico do federalismo brasileiro a partir da Constituição de 1988, além de analisar a atual divisão de responsabilidade dos entes federados.

Professora diz que vivemos "federalismo de faz de conta"

A professora e coordenadora do Núcleo Jurídico de Políticas Públicas da PUC Minas, Marinella Machado Araújo, abriu o segundo painel da tarde com uma crítica enfática ao federalismo praticado no Brasil, classificado por ela como um "faz de conta". "A Constituição Federal diz que vivemos numa federação. Na prática, não é verdade. De fato, estamos competindo uns com os outros", declarou. Uma solução, na opinião da professora, passa pelo diagnóstico de quem ganha com essa situação. "Não posso discutir arrecadação sem discutir controle, sem discutir gasto. Não posso discutir política tributária sem discutir quem vai pagar a conta", afirmou.

A secretária de Estado de Relações Institucionais, Maria Coeli Simões Pires, disse que há um descompasso entre o arcabouço institucional brasileiro e a realidade. Ela fez a defesa de uma "refundação do federalismo", que deve levar em conta o fortalecimento dos estados membros. Segundo Maria Coeli, eles estão asfixiados política e economicamente. A secretária deu como exemplo a própria Assembleia Legislativa. "O maior desafio desta Casa é achar uma brecha de como legislar, para não transformar este Legislativo num 'faz de conta'", afirmou, referindo-se ao termo usado pela professora da PUC Minas.

A fase de debates teve a participação da deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG). Na avaliação da parlamentar, a discussão do pacto federativo deve considerar uma melhor distribuição de recursos entre os entes da Federação.

No encerramento, o deputado Antônio Júlio (PMDB), autor do requerimento para a realização do ciclo de debates, declarou que o momento é oportuno para essa discussão, por causa da proximidade das eleições presidenciais. Ele defendeu que os candidatos ao Palácio do Planalto assumam o compromisso de fazer uma ampla reforma tributária logo no início do próximo governo.

 

 

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