Transportadores escolares reclamam da atuação de clandestinos

Representantes de sindicatos e cooperativas do transporte escolar em Belo Horizonte e Região Metropolitana reclamaram...

18/05/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Transportadores escolares reclamam da atuação de clandestinos

Representantes de sindicatos e cooperativas do transporte escolar em Belo Horizonte e Região Metropolitana reclamaram nesta terça-feira (18/5/10) das dificuldades que vêm enfrentando devido à crescente atuação de transportadores clandestinos. Além deles, participaram da reunião da Comissão de Direitos Humanos diversos cooperados e representantes de órgãos públicos envolvidos na questão. A audiência pública foi realizada no Auditório da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a requerimento do deputado Vanderlei Miranda (PMDB).

O presidente da Cooperativa dos Transportadores de Passageiros do Estado (Cooperminas) e do Sindicato dos Transportadores de Escolares da RMBH (Sintesc), Renato Soares, reclamou que tem crescido muito o transporte clandestino, em todas as suas modalidades, principalmente o escolar. "Hoje, para cada transportador escolar legalizado temos três clandestinos", informou. Ele também reclamou da insuficiência da fiscalização. "Se a BHTrans nos apresenta números de autuação de 200 vans clandestinas, queremos dizer que isso é muito pouco, não chega a 10% do que é a frota de transportadores ilegais da Região Metropolitana!".

Também nessa linha, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Turístico e de Fretamento da RMBH, Nivaldo José Soares Júnior, reclamou que as próprias normas em vigor incentivam a clandestinidade. "Hoje, se um transportador clandestino é pego, paga apenas R$ 68 de multa, que podem ser parcelados em até três vezes, enquanto nós, que fazemos transporte regular, pagamos multa de R$ 472 em caso de alguma irregularidade.

Clandestino paga multa menor que transporte regular

O gerente de fiscalização do DER-MG, Ronaldo de Assis Carvalho, explicou a discrepância entre valores de multas aplicadas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e os normatizados pelos regulamentos dos órgãos municipais de trânsito, caso da BHTrans e da Transcon (de Contagem). "Os valores de multas previstos no CTB estão congelados há nove anos, enquanto os que são válidos para o transporte escolar, objeto de regulamento dos órgãos municipais, são atualizados sempre que as passagens aumentam", destacou.

O CTB também foi objeto de crítica do comandante do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar da Capital, tenente-coronel Roberto Lemos. Para ele, a legislação atual no que diz respeito à fiscalização do transporte de passageiros é falha. "O inciso 20 do artigo 230 do CTB prevê a apreensão de veículo clandestino somente depois da análise do processo. Com isso, o clandestino só é punido ao final. Hoje, a sensação é de vale a pena ser clandestino, pois ele descumpre normas, tem multa e punição mínimas", concluiu. Referendando essa opinião, o gerente de fiscalização do transporte irregular da BHTrans, Antônio Cláudio Kubrusli, disse que a demora da punição leva à sensação de impunidade. Por isso, ele sugeriu aos deputados que propusessem um projeto de lei proibindo o transporte clandestino, estabelecendo pesadas multas e apreensão imediata do veículo.

Já o comandante Roberto Lemos fez uma sugestão às entidades que representam o transporte legal de passageiros. Ele defendeu que elas entrassem com ação liminar na Justiça exigindo a remoção dos veículos clandestinos, o que geraria multas e punições mais rápidas e severas aos infratores, coibindo a atuação deles. Respondendo ao militar, o representante da Cooperminas, Renato Soares, disse que, para viabilizar a ação, seria necessário apresentar à Justiça autos de infração a clandestinos, mas a BHTrans teria se negado a fornecê-los. Durval Ângelo interveio dizendo que o órgão é obrigado a passar essa informação a qualquer cidadão. "Se a BHTrans não fizer isso, a Cooperminas pode acionar a Comissão de Direitos Humanos, que tomará as providências legais".

O diretor de Fiscalização do DER-MG, Paulo Rubens Pereira Diniz, defendeu a união das representações dos transportadores em apoio à atuação dos órgãos fiscalizadores. "Sindicatos e cooperativas, nos ajudem a resolver esse problema", conclamou. Já João Flávio Resende, assessor da presidência da BHTrans, e Luiz Cláudio Figueiredo, coordenador de Administração de Trânsito do Detran-MG, defenderam propostas visando à educação para o trânsito.

Veículos credenciados pelo DER estariam atuando só na Capital

Na fase de debates, vários transportadores escolares de Belo Horizonte denunciaram que vários veículos credenciados pelo DER-MG, que só tem permissão para o transporte intermunicipal, estariam atuando no transporte escolar somente na Capital. Segundo eles, o credenciamento do veículo por meio desse órgão é muito mais simples que o realizado pela BHTrans e pela Transcon. No caso do DER, basta o condutor comprovar que é filiado a alguma cooperativa de transporte, enquanto que para se habilitar em Belo Horizonte e Contagem, deve concorrer em licitação.

Em resposta, Ronaldo Assis, do DER, disse que nenhuma autorização do órgão permite que o transportador opere só em Belo Horizonte. Ele informou que qualquer denúncia sobre esse tipo de atuação deve ser feita através dos telefones 118 (RMBH) ou 0800-1517 (para outras cidades de Minas). E reforçou que todas as denúncias que chegam ao DER são motivo de processo, sendo que hoje há cerca de mil deles em execução.

O deputado Vanderlei Miranda comentou que toda essa situação incentiva a clandestinidade. "O quadro atual, de relaxamento da fiscalização sobre o clandestino, produz uma aberração: muitos transportadores que estão legalizados podem ir para a clandestinidade, porque não aguentam tantas cobranças e encargos", lamentou. Ao final, ele afirmou que não saía da reunião "com a sensação de mãos vazias", pois muitos encaminhamentos haviam sido feitos. Com relação à redação de um projeto para punir os transportadores ilegais, ele informou que já havia pedido à sua assessoria para avaliar a melhor alternativa jurídica nesse caso.

Como providências em relação aos problemas trazidos na reunião, foram aprovados alguns requerimentos. Os deputados Durval Ângelo e Vanderlei Miranda solicitaram envio das notas taquigráficas da reunião as cooperativas e sindicatos presentes, Ministério Público, DER-MG, Detran-MG, BHTrans e Transcon. Durval requereu ainda o envio de pedidos de providências ao procurador-geral de Justiça, no sentido de orientar os promotores do Estado para fiscalizarem o transporte escolar, com a colaboração do DER-MG; e ao promotor de Justiça Leonardo Barbabela, para agendar reunião com a Cooperminas, a fim de discutir a fiscalização do transporte clandestino.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Vanderlei Miranda (PMDB) e Antônio Carlos Arantes (PSC). Também participou da reunião Valmir Venâncio, chefe do Núcleo de Fiscalização do DER-MG.

 

 

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