Governo vai instalar comitê para combater violência contra crianças

O Governo Mineiro vai instalar, este ano, o Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento à Violência contra a...

14/05/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Governo vai instalar comitê para combater violência contra crianças

O Governo Mineiro vai instalar, este ano, o Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento à Violência contra a Criança e o Adolescente. O anúncio foi feito pela subsecretária de Direitos Humanos do Estado, Maria Céres Castro. Ela participou, como expositora, do Debate Público O Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes em Minas Gerais. O evento foi realizado nesta sexta-feira (14/5/10), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a requerimento do presidente da Comissão de Participação Popular, deputado André Quintão (PT).

Apesar de ter sido criado pelo então governador Aécio Neves há exatamente um ano, em 14 de maio de 2009, o comitê gestor ainda não saiu do papel. Maria Céres disse, no entanto, que a secretária de Estado de Desenvolvimento Social, Ana Lúcia Gazzola, definiu a instalação como prioridade. O órgão será responsável por planejar, implementar e monitorar ações de enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes, em parceria com o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, as polícias e o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Desafios - Os expositores que participaram do debate público na tarde desta sexta-feira (14) destacaram os desafios a serem enfrentados pelos órgãos que atuam na área. A coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Infância e da Juventude, Andrea Carelli, apontou como um dos principais obstáculos a dificuldade de se responsabilizar quem comete violência sexual contra crianças e adolescentes. Segundo ela, só 3,5% das denúncias recebidas pelo Disque Denúncia viram processos penais. "Esse índice tão baixo indica que alguma coisa não está funcionando", avaliou.

A promotora avaliou que o aparelho estatal não está preparado para lidar com esse tipo de denúncia, porque o Conselho Tutelar não tem formação para investigar, a apuração dos crimes é lenta, há necessidade de contundência da prova para a condenação e é muito difícil a produção dessas provas. "Nem todo crime sexual deixa vestígios", explicou.

Para a representante da Polícia Civil no debate, Olívia de Fátima Braga Melo, é preciso definir com clareza que órgãos são responsáveis por receber e encaminhar as denúncias, investigar os casos e aplicar punições. Ela disse que a ocorrência de investigações paralelas dificulta a prisão do agressor. Olívia é chefe da Divisão de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente.

A promotora da 23ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude Cível de Belo Horizonte, Maria de Lurdes Rodrigues Santa Gema, reforçou a necessidade do trabalho em rede, em função da complexidade dos crimes sexuais cometidos contra as crianças e adolescentes.

Monitoramento - O conselheiro estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ivan Ferreira, listou como um dos desafios a necessidade de disseminar as políticas de proteção a esse público por outras áreas, a fim de não concentrá-las nos órgãos de assistência social. Ele disse, ainda, que é preciso monitorar de forma mais eficiente as ações do poder público.

Na mesma linha, a secretária executiva da Frente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas Gerais, Maria Alice da Silva, defendeu que os direitos infantojuvenis devem ser transversais a diferentes políticas públicas. Ela destacou também a necessidade de acompanhamento da execução do orçamento previsto para as políticas da área. "Sem recursos não se faz política pública", declarou.

O coordenador da Defensoria Pública da Infância e Juventude Cível, Wellerson Corrêa, abordou o papel do órgão na defesa de crianças e adolescentes. Ele disse que esse trabalho é dificultado pelas carências da Defensoria Pública em Minas Gerais, presente em apenas 110 das 298 comarcas do Estado.

Futuro do País - O representante juvenil do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra a Criança e o Adolescente, Rodrigo Corrêa, brincou com o sentido de uma frase de uso corrente para falar dos obstáculos enfrentados pelos jovens. "Todo mundo fala que a juventude é o futuro do País, mas os adultos negam aos jovens o direito de assumir, no presente, certas posições na sociedade", declarou. Para ele, ser jovem numa sociedade "adultocêntrica" é estar em desvantagem. Corrêa disse que os adultos devem também levar em conta os direitos sexuais das crianças e adolescentes, entre eles o de desenvolver sua sexualidade de maneira saudável e íntegra.

Comunicação - Na avaliação do secretário-executivo da Oficina de Imagens, Comunicação e Educação, Adriano Celso Guerra, os militantes e órgãos que atuam na defesa dos direitos de crianças e adolescentes precisam estreitar o diálogo com os meios de comunicação e, ao mesmo tempo, ampliar a cobrança sobre eles, sobretudo no caso de programas de TV que agridem esses direitos. Guerra afirmou que a adoção de mecanismos de controle social e democrático da mídia não significa censura, ao contrário do que tentam fazer crer as empresas de comunicação.

Apresentação - Antes do início das exposições, jovens da Associação Municipal de Assistência Social (Amas) sensibilizaram a plateia com uma encenação sobre os direitos das crianças e adolescentes e retrataram uma situação de abuso sexual cometido dentro de casa.

Requerimentos - O coordenador do debate público, deputado João Leite (PSDB), apresentou três requerimentos que, segundo ele, serão votados na próxima reunião da Comissão de Participação Popular. Eles pedem ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público e à Polícia Civil a instalação, respectivamente, de varas, promotorias e delegacias especializadas em crimes contra crianças e adolescentes.

 

 

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