Direitos Humanos ouve depoimento de ex-delegado do Trabalho

O ex-delegado Regional do Trabalho Carlos Calazans participou, nesta quarta-feira (5/5/10), de audiência pública da C...

05/05/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Direitos Humanos ouve depoimento de ex-delegado do Trabalho

O ex-delegado Regional do Trabalho Carlos Calazans participou, nesta quarta-feira (5/5/10), de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e fez um relato detalhado aos parlamentares dos fatos ligados à denuncia de que teria sido vítima de sequestro, tortura e extorsão praticados pela quadrilha acusada da degola de dois empresários. Entre os detalhes do depoimento, Calazans contou pela primeira vez em público que, após os acontecimentos, voltou a se encontrar com o publicitário Frederico Flores, suposto chefe da quadrilha, quando, ao sair do banheiro em um shopping da Capital, foi surpreendido pela sua presença. Na ocasião, o publicitário teria feito novas ameaças a Calazans.

Segundo o ex-delegado, no dia 15 de setembro de 2009, ele teria recebido um telefonema da irmã do publicitário, Fabiana Flores, em que pedia para se encontrar com ele para entregar um currículo. Calazans teria se encontrado com ela na noite do mesmo dia, em um bar em Belo Horizonte, e, como estava sem carro, teria aceitado uma carona dela. No caminho, Fabiana Flores teria afirmado que precisava passar em um prédio onde estava acontecendo uma festa. Na garagem do edifício, Calazans foi então abordado por dois homens encapuzados que, usando de violência, o conduziram para uma sala no prédio.

Calazans acrescentou que, na sala, foi surpreendido pela presença de Frederico Flores, que por meio de violência e humilhação, teria tentado extorquir dinheiro do ex-delegado. Carlos Calazans ressaltou que o publicitário não chegou a bater nele e que toda violência foi praticada pelos dois homens encapuzados. Ele também destacou que, ao contrário do que teria sido divulgado pela imprensa, não foi vítima de estupro. Por fim, os sequestradores teriam ameaçado matar o neto de Calazans, tentando fazer com que ele não denunciasse o ocorrido.

Após o acontecido, o ex-delegado procurou a polícia e prestou depoimento, quando foi então aberto um inquérito policial. Durante o mês de outubro, Calazans ainda teria recebido mensagens em seu celular com ameaças de morte. Ele relatou ainda que, em novembro, teria sido surpreendido por Frederico Flores no banheiro de um shopping de Belo Horizonte. Na ocasião, o publicitário teria feito novas ameaças ao delegado.

Relações familiares - No relato, Carlos Calazans falou ainda sobre suas relações com Frederico Flores, do qual é parente distante. Segundo o ex-delegado, ele mantinha pouco contato com o publicitário e nunca teria sido comentado que ele seria um homem violento ou usuário de drogas. Calazans também afirmou que não intermediou nenhum contato entre Frederico Flores e algum sindicato com o objetivo de conseguir contratos publicitários para o empresário.

Atuação das polícias gera polêmica

A atuação das Polícias Civil e Militar após as denúncias de Calazans gerou polêmica durante a audiência pública. O ex-delegado defendeu a atuação das polícias e afirmou que toda vez que precisou recebeu apoio dos policiais e da delegada responsável pelo caso. Segundo ele, infelizmente, até o caso da degola dos dois empresários, a polícia não havia conseguido nenhuma prova concreta contra a quadrilha de Frederico Flores. "No meu caso, acabou ficando a minha história contra a deles, sendo que ninguém mais se apresentou para denunciar a quadrilha", afirmou.

Entretanto, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), afirmou que houve omissão e erros das polícias no caso. Para o parlamentar, a Polícia Militar, em especial a Corregedoria e a Justiça Militar, foi omissa ao não aplicar uma punição adequada ao policiais que são suspeitos de serem os homens encapuzados que teriam agredido Calazans, principalmente em relação aos processos que já correm na Justiça Militar.

Quanto à Policia Civil, Durval Ângelo considerou que teria havido um erro na condução do inquérito referente às denúncias de Calazans. Para o parlamentar, o inquérito e a denúncia não poderiam ter sido conduzidos ao Juizado Especial, que é responsável por analisar infrações de menor potencial ofensivo. "Calazans foi vítima de sequestro e tortura e a denúncia tem que ser julgada pela Justiça Comum e não pelo Juizado Especial", afirmou.

Para tentar reverter essa situação, Durval Ângelo apresentou requerimento solicitando uma audiência das comissões de Direitos Humanos e de Segurança Pública com o procurador-geral para que o Ministério Público ofereça denuncia contra Frederico Flores pelos crimes de sequestro e tortura. Nesse sentido, foi também aprovado requerimento pedindo urgência na elaboração das notas taquigráficas da audiência pública para que a reunião com o procurador-geral seja realizada na próxima semana.

Moção de apoio - Também foi aprovado um requerimento manifestando apoio da Comissão de Direitos Humanos a Carlos Calazans. A deputada Maria Tereza Lara (PT) ressaltou a coragem do ex-delegado que não se deixou amedrontar pelas ameaças e denunciou a ação da quadrilha.

Na reunião foram ainda aprovados requerimentos do deputado Durval Ângelo referentes a audiências públicas da Comissão de Direitos Humanos sobre hospital em Lajinha e sobre funcionamento da Vara de Conflito Agrários. Outros requerimentos do parlamentar aprovados solicitam a realização de audiência pública para discutir a violência sofrida por dois alunos em uma escola particular em Belo Horizonte; e pedindo que seja encaminhado ofício à agência do Banco do Brasil em Ibirité para que sejam fornecidos os extratos do Fundeb.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Vanderlei Miranda (PMDB) e Ruy Muniz (DEM); deputadas Maria Tereza Lara (PT) e Gláucia Brandão (PPS); e, além dos convidados já citados, o vereador de Belo Horizonte Adriano Ventura, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Willian dos Santos; o militante do PT Gilson Amorim; e os amigos de Calazans, Carlindo José Fernandes e Maria da Penha Cabral.

 

 

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