Indefinição de obra ferroviária deixa moradores apreensivos

A angústia de não saber se terão que se mudar das casas onde moram há anos é a principal queixa dos moradores de Belo...

28/04/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Indefinição de obra ferroviária deixa moradores apreensivos

A angústia de não saber se terão que se mudar das casas onde moram há anos é a principal queixa dos moradores de Belo Horizonte e Sabará que vivem às margens da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), no trecho de 8,13 km que será duplicado e modernizado pela empresa Vale. A obra, que está sendo discutida há mais de 20 anos, foi tema de audiência pública realizada nesta quarta-feira (28/4/10) pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A reunião foi requerida pelos deputados Padre João (PT) e Wander Borges (PSB).

Muitos moradores se manifestaram favoravelmente à obra, que trará mais segurança e estrutura urbanística para a população dos bairros São Geraldo e Caetano Furquim (BH), General Carneiro (Sabará) e comunidades vizinhas. No entanto, se queixaram que a Vale, proprietária da Ferrovia Centro-Atlântica, não vem atendendo aos apelos para divulgar os imóveis que serão desapropriados. "A pessoa vive no inferno, sem saber se vai sair ou não", queixou-se o diretor da Associação de Moradores do Bairro São Geraldo, Vagner dos Santos.

O coordenador de Relações Institucionais da FCA, José Osvaldo Cruz, afirmou que não é possível informar quais famílias terão que ser transferidas antes da concessão da licença de implantação (LI) da obra, pelo Ibama,. Isso porque o órgão pode determinar alterações no projeto e modificar a área atingida. A licença de implantação é pré-requisito para a concessão do alvará pelas prefeituras, autorizando o início das obras.

O Ibama foi representado na reunião pela coordenadora do Núcleo de Licenciamento Ambiental do Ibama, Ubaldina Maria da Costa Isaac. Ela afirmou que, em função da área atingida ser quase totalmente urbana, a análise feita pelo órgão é focada essencialmente no meio sócio-econômico, levando em conta o interesse dos moradores. Ela admitiu, no entanto, a demora no processo, agravada pela greve dos servidores do Ibama. "Já houve contatos com órgãos como a Sudecap e a Copasa, para discutir questões de tráfego e até da espessura de tubos. Isso demora. Além disso, há a precariedade, o número de funcionários. A greve não é à toa", afirmou Ubaldina.

Obra inclui projeto urbanístico

O projeto de duplicação da linha férrea inclui diversas intervenções que pretendem beneficiar mais de 250 mil moradores em dez bairros da Capital e de Sabará. Em Belo Horizonte, será feito um viaduto ferroviário na avenida Itaituba; duas passarelas; um viaduto rodoviário na altura das ruas Morrinhos e Burnier; o Parque Linear do Arrudas, próximo à rua Coari; além de ser promovida a realocação e reforma do Pompéia Futebol Clube, entre outras iniciativas. Em Sabará, as principais obras são um viaduto ferroviário nas proximidades da Estação de Tratamento de Esgoto da Copasa e um complexo rodoviário que dará acesso ao bairro General Carneiro. O projeto prevê a eliminação de todas as passagens de nível, onde a linha férrea cruza com vias rodoviárias, principal causa de acidentes e transtornos para a população.

O deputado Padre João disse que a obra certamente trará benefícios, mas é preciso que a população possa acompanhar o processo para que não haja injustiças, principalmente no que se refere à desapropriação de imóveis e remoção das famílias. "Vamos contar com o bom senso do empreendedor", afirmou. Já o deputado Wander Borges disse que a obra pode viabilizar o atendimento de algumas aspirações da população. "O que pode ser obstáculo pode também ser uma oportunidade", disse.

O analista da Diretoria de Implantação de Projetos da Vale Logística, Túlio Arantes de Carvalho, disse que a remoção das famílias incluirá o apoio no levantamento da oferta de imóveis na região, assistência na manutenção de vagas escolares e verificação do acesso à rede de serviços públicos e privados da região, entre outros pontos. O prazo para a negociação e mudança, segundo ele, será de cinco meses. Se o morador optar pela indenização assistida, o prazo será de um ano. A preocupação dos moradores com a falta de informações já provocou um protesto, em 10 de junho de 2008, quando manifestantes bloquearam a ferrovia no bairro São Geraldo.

O dirigente da Associação Comunitária de Marzagão, em Sabará, chamou atenção para o fato de a região ser tombada pelo Iepha e ser mais antiga que Belo Horizonte. Ele solicitou que se inclua no projeto a reconstrução da antiga estação, que poderia tornar-se sede da associação. Além disso, reivindicou a transformação dos terrenos abandonados pela FCA em áreas de lazer. O prefeito de Sabará, William Borges, disse que a Vale já aceitou recuperar a estação. Já José Osvaldo disse que as áreas abandonadas pela FCA, em função da mudança do trajeto da ferrovia, deverão retornar à posse da União, cabendo ao Dnit a nova destinação dos terrenos.

Deputados requerem nova audiência em Sabará

Entre os requerimentos aprovados durante a reunião, há um pedido do deputado Wander Borges para realização de nova audiência pública em Sabará, para discutir o mesmo assunto, de forma mais próxima daquela comunidade atingida. A iniciativa recebeu o apoio do deputado Padre João. Também foi aprovado um requerimento do deputado Carlin Moura (PCdoB) para que sejam feitas visitas da comissão às obras do Fórum da Comarca de Belo Oriente e às novas instalações do Fórum de Açucena. Outro requerimento, do deputado Padre João, solicitou debate público sobre o Plano de Desenvolvimento Regional do Alto Paraopeba.

Outros seis requerimentos, de autoria dos deputados Ruy Muniz (DEM) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), referem-se à proposta de utilização de área do Exército no município de Pouso Alegre para a construção de via de acesso à região do Paiol e outras obras. Um requerimento solicita cópia de acordo firmado entre a prefeitura e o 14º Grupo de Artilharia de Campanha; outro pede à Secretária de Patrimônio da União a doação de parte da referida área; mais um requerimento solicita ao coordenador da Regional Sul do Crea/MG a realização de debate e estudos sobre a ocupação da área; outro pede ao presidente da Câmara Municipal de Pouso Alegre a criação de comissão especial sobre o tema; e por fim, solicita-se o encaminhamento das notas taquigráficas da 4ª Reunião Extraordinária da comissão de Assuntos Municipais ao ministro da Defesa e ao comandante do 14º Grupo de Artilharia de Campanha.

Presenças - Deputados Paulo Guedes (PT), vice-presidente da comissão; Doutor Ronaldo (PDT), Wander Borges (PSB) e Padre João (PT). Além das autoridades citadas no texto, participaram da reunião o secretário da Administração Regional Leste da Prefeitura de Belo Horizonte, Pier Giorigo Senesi Filho; o líder de Implantação de Projetos da Vale e Logística, Luciano Almada de Oliveira; o pastor Edimar Malta, da Igreja Batista; e o vereador Paulo Lamac, de Belo Horizonte.

 

 

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