Polícia garante solução de assassinatos em
Contagem
Está perto do fim a solução para os assassinatos de
dois rapazes cometidos no bairro Estrela Dalva, em Contagem (Região
Metropolitana de Belo Horizonte). A informação veio da delegada do
2º Departamento de Polícia Civil do município, Vânia Lúcia Godoy de
Faria, que participou de audiência pública da Comissão de Direitos
Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta
segunda-feira (26/4/10). Ela informou que os inquéritos dos dois
casos estão andando "a todo vapor". "As apurações estão bem
encaminhadas e estamos próximos de uma conclusão, com boas notícias
para a sociedade", disse.
A reunião, requerida pelo presidente da comissão,
deputado Durval Ângelo (PT), buscou discutir os caminhos para a
concretização da paz nos bairros Estrela Dalva, São Mateus e Tijuco,
todos em Contagem. O clima de violência na região se agravou no
início de abril, quando foi imposto toque de recolher por
traficantes, em represália aos assassinatos que teriam sido
atribuídos a policiais militares. Comércio, postos de saúde e
escolas ficaram fechados por nove dias, prejudicando 80 mil
moradores. Após esse período, lideranças locais, principalmente
religiosas promoveram a "Marcha pela Paz", no dia 18 de abril,
reunindo cerca de 2 mil pessoas, segundo a Polícia Militar.
Apesar de reconhecer a gravidade do problema, a
delegada Vânia Lúcia destacou que os números mostram a redução de
homicídios na região. Segundo ela, no primeiro trimestre de 2009
foram registrados 19 homicídios, enquanto que em 2010, no mesmo
período, foram apenas 10 - redução de 47%. Vânia Lúcia pediu apoio
da comunidade para que não apenas cobrem das autoridades, mas também
denunciem, apresentando nomes de pessoas envolvidas em delitos
nesses locais.
Deputado critica ausência de secretarias
O deputado Durval Ângelo reclamou da ausência na
reunião de representantes das secretarias de Estado de Defesa Social
e de Desenvolvimento Social. Ele leu carta de movimentos religiosos
e sociais que atuam nessas comunidades, em que fazem cobranças ao
poder público, nas três esferas. Durval destacou que já voltou duas
vezes ao bairro Estrela Dalva depois da Marcha pela Paz e que a
situação é de relativa tranquilidade. Para ele, o que a população
cobrou com esse movimento foi uma paz duradoura, que só será obtida
com políticas públicas sociais mais intensas.
Tratando das políticas dedicadas à região, o
secretário de Desenvolvimento Social de Contagem, Maurício Rangel,
destacou que o município está buscando ampliar essas ações. Ele
citou como exemplos a implantação, em breve, da Cozinha Comunitária,
que vai atender 200 famílias cadastradas, priorizando crianças
desnutridas, pessoas com doenças crônicas e gestantes. Outro
programa é o Projovem adolescente, que já conta com 72 inscrições e
será iniciado nos próximos meses. Maurício relatou que está em
construção uma unidade de educação infantil em tempo integral para
que mães trabalhadoras possam deixar seus filhos. Por fim, ele
destacou a reforma e ampliação da unidade básica de saúde do bairro
Estrela Dalva.
O coordenador do Sistema de Defesa Social de
Contagem, coronel Antônio Sales Fiúza Gomes, elogiou a criação do
projeto Mulheres da Paz - muitas delas inclusive presentes à
reunião. De acordo com ele, pelo programa, que é pioneiro no Estado,
300 mulheres dos três bairros e de outros da cidade estão sendo
treinadas por integrantes do sistema de defesa social local para
apoiarem as ações de segurança pública. Complementando a informação,
o secretário de Direitos e Cidadania de Contagem, José de Souza Lima
Filho, disse que elas serão formadas como advogadas populares. "Elas
serão um braço do Estado nesses locais", reforçou.
Pastor pede coragem à população para
denunciar
O presidente da ONG Terra Santa, pastor Luiz Paulo
Terrinha, disse que procurou a Comissão de Direitos Humanos devido à
extrema violência na região. "Fiquei estarrecido ao ver a violência
no local e indignado por ver omissão de muitos que poderiam fazer
alguma coisa e não fazem", acrescentou ele, pedindo coragem aos
presentes para denunciarem os criminosos.
Nessa linha, o ouvidor de Polícia do Estado, Paulo
Vaz Alkmin, reforçou a necessidade de a população denunciar não só
criminosos, mas também os maus policiais. Segundo ele, as denúncias
são apuradas imediatamente e tomadas providências como
transferências de policiais. Ele lembrou o projeto Ouvidoria
Itinerante, que percorreu algumas regiões de Contagem e também de
Belo Horizonte, obtendo bons resultados. Em Contagem, foram 18
denúncias. O deputado Durval Ângelo sugeriu a implantação do projeto
no Estrela Dalva e região.
O comandante da 2ª Região da PM, em Contagem,
coronel Irani Alvear Saraiva, defendeu a aproximação maior entre as
polícias e a sociedade, visando combater a sensação de medo
instalada. "Onde a Polícia Militar atua, a chance de ocorrer crimes
é bem menor", disse. O policial defendeu também a implantação de
projetos de esporte para a comunidade e de um centro de recuperação
de menores infratores.
Ao final, o deputado Durval Ângelo afirmou que vai
solicitar providências às Secretarias de Estado de Defesa Social e
de Desenvolvimento Social, por meio de requerimentos. Ele defendeu a
implantação na região dos projetos Fica Vivo, Poupança Jovem e a
implementação de um Centro de Internação de Adolescentes em Conflito
com a Lei. Durval também reivindicou a ampliação nos três bairros de
programas das PM como o Programa Educacional de Resistência às
Drogas (Proerd). Durval afirmou também que as notas taquigráficas da
reunião serão encaminhadas às duas secretarias.
Presenças - Deputado Durval
Ângelo (PT), presidente. Também compôs a mesa o pastor auxiliar da
Igreja do Evangelho Quadrangular do bairro Estrela Dalva, Welbert
Rodrigues Barbosa.
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