Polícia prepara prisão de mais dois envolvidos em morte de
empresários
Mais dois suspeitos de integrar a quadrilha
chefiada por Frederico Costa Flores Carvalho podem ser presos a
qualquer momento, segundo afirmou nesta quinta-feira (22/4/10), na
Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o delegado Edson Moreira da
Silva, chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e
Proteção à Pessoa. O delegado foi ouvido por deputados da Comissão
de Segurança Pública da ALMG a respeito das investigações sobre o
sequestro, extorsão, tortura e assassinato dos empresários Fabiano
Ferreira Moura e Rayder Santos Rodrigues, entre os dias 7 e 9 de
abril. A reunião foi solicitada pelos deputados João Leite (PSDB),
Maria Tereza Lara (PT) e Rômulo Veneroso (PV).
Seis acusados estão presos por envolvimento nos
crimes. O líder da quadrilha seria Frederico Carvalho, proprietário
de uma firma de publicidade, a 404 Comunicação. Arlindo Soares
Lopes, estudante de direito, ajudaria a fazer os contatos para
escolha das vítimas. A médica Gabriela Correa Ferreira da Costa,
namorada de Frederico, teria feito a movimentação bancária nas
contas das vítimas. O dinheiro extorquido pela quadrilha foi
depositado na conta de Adrian Gabriel Gricorcea, garçom
norte-americano, também preso. Dois policiais militares, os cabos
Renato Mozer e André Luiz Bartolomeu foram contratados por Frederico
como seguranças e participado dos sequestros, tortura e
execuções.
De acordo com Edson Moreira, três dos acusados já
confessaram sua participação no crime. Adrian foi o primeiro, que
procurou a polícia no dia 13 de abril, com medo de ser a próxima
vítima de Frederico. Após a prisão, também confessaram Arlindo Lopes
e Gabriela da Costa. O delegado afirmou que, após a execução dos
dois empresários, cada integrante da quadrilha teria seguido ordem
de Frederico para cortar um dedo das vítimas. Os corpos,
decapitados, foram abandonados e queimados na estrada que leva ao
município de Rio Acima. As cabeças e partes dos membros não foram
localizados. Elas teriam sido ocultadas ou destruídas por Renato
Mozer.
Frederico Carvalho já é acusado de dois outros
crimes. Ele teria espancado seu ex-sócio na 404, Vinícius Mol, em
2009, quando foi rompida a sociedade. Em agosto de 2009, o
ex-delegado regional do Trabalho, Carlos Calazans, teria sido
agredido e extorquido por Frederico. Durante a reunião desta quinta
(22), o deputado João Leite lembrou que Calazans já havia prestado
queixa à polícia contra Frederico. Outro dos acusados, o cabo André
Bartolomeu, já teria outra acusação de extorsão em sua ficha, desde
2005. "Desde então ele continua nas ruas", questionou João Leite. O
deputado disse que irá requerer cópia do inquérito sobre as
agressões contra Calazans.
Edson Moreira disse estar certo de que Frederico
Carvalho não é doente mental, mas uma pessoa perigosa e muito
inteligente. "De louco ele não tem nada. É ruim, perverso", afirmou
o delegado. Durante a busca em seu apartamento no bairro Sion, onde
ocorreram as mortes, foi apreendida literatura sobre técnicas de
tortura física e psicológica, inclusive praticadas pela Gestapo, a
polícia nazista. Após ser detido, chegou a dar conselhos ao delegado
sobre uma eventual campanha eleitoral para deputado. "Foi um teste
que eu fiz, para avaliar a inteligência dele", disse Moreira.
O delegado negou que existam indícios de
envolvimento de Frederico com políticos e outros policiais. Ele já
teria confessado as mortes informalmente, mas negou-se a assinar
qualquer confissão.
A deputada Maria Tereza Lara defendeu iniciativas
de prevenção, como investimentos na educação em tempo integral, para
prevenir o surgimento de criminosos de alta periculosidade como
esses. Também cobrou uma reformulação do sistema prisional. "A média
de ressocialização é de 10 a 15%. É uma situação inconcebível",
afirmou a deputada. Edson Moreira defendeu ainda uma mudança da lei
processual penal, no sentido de reduzir a possibilidade de recursos
judiciais e benefícios como progressão de penas. "O crime está
aumentando porque o negócio está bom demais", avaliou.
Presenças - Deputado João
Leite (PSDB), presidente da comissão; deputada Maria Tereza Lara
(PT), vice-presidente. Além do delegado Edson Moreira, participou da
reunião o subcorregedor da Polícia Civil, Paulo Luiz
Bitencourt.
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