Assembleia prepara ciclo de debates sobre mobilidade
urbana
Com o objetivo de discutir as políticas públicas de
transporte e mobilidade urbana e o planejamento do trânsito na
Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Assembleia Legislativa de
Minas Gerais prepara a realização de um ciclo de debates com data
prevista de 26 de agosto. Na primeira reunião do grupo de trabalho,
realizada nesta quinta-feira (15/4/10), foram delineadas os aspectos
gerais do evento e traçado um diagnóstico do setor. O ciclo foi
solicitado pelo deputado Carlin Moura (PCdoB) e pela deputada Maria
Tereza Lara (PT), e teve na reunião, a participação de dez órgãos e
entidades ligados ao tema.
De acordo com o requerimento de Carlin Moura,
pensar a mobilidade é mais que tratar apenas de transporte e
trânsito, "é buscar medidas e procedimentos que contribuam para a
sustentabilidade em áreas urbanas". Moura disse que este é um dos
problemas mais graves da Região Metropolitana e que ouvir a
sociedade civil e os órgãos públicos é uma forma de construir
políticas adequadas. O parlamentar destaca que, diante da
participação de Minas na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, o
ciclo de debates é "uma forma de trazer a sociedade para junto das
decisões estratégicas do Estado, visando à construção de uma
engenharia de transporte que atenda todos os mineiros que, passadas
essas competições esportivas, serão os verdadeiros usuários deste
serviço".
Ao presidir a primeira parte da reunião, Maria
Tereza Lara destacou os principais problemas enfrentados pelo
trânsito na região metropolitana e sua consequência em outras áreas,
como a segurança. Ela enfatizou a importância da integração de todas
as esferas de poder na construção do ciclo. "É indispensável a
participação do movimento social e a contribuição da Assembleia é
essa abertura para a sociedade".
Para Carlin Moura, a presença de órgãos
governamentais e da sociedade civil na reunião mostrou que já
existem vários projetos para melhorar a mobilidade urbana.
"Precisamos agora unificá-los e no ciclo isto resultará em
benefícios para todos", afirmou.
O Ciclo de Debates Mobilidade urbana nas regiões
metropolitanas e outros grandes centros do Estado de Minas
Gerais terá dois eixos principais de discussão, de acordo com a
proposta inicial, que poderá ser alterada pelas entidades parceiras.
O primeiro é planejamento urbano e mobilidade urbana, que vai tratar
das condições de deslocamento nas cidades e o desenvolvimento urbano
e da acessibilidade universal. O segundo eixo, mobilidade urbana e
transporte coletivo, vai abordar o transporte rodoviário, metrô, VLT
(veículos leves sobre trilhos), transporte urbano e desenvolvimento
sustentável. Além dos painéis, haverá uma fase de debates.
Subsecretário diz que metrô é única
alternativa
Para o subsecretário de Estado de Transporte e
Obras Públicas, Marcos Sampaio, o grande desafio é fazer políticas
públicas de mobilidade dentro das cidades, nos hipercentros, diante
da pressão crescente do veículo individual (carros e motos). "Por
isso, não há outra alternativa para a questão dos gargalos, da baixa
velocidade do transporte coletivo, a não ser o metrô. Tudo o mais é
paliativo".
Ele afirmou que, de acordo com estudos de
consultorias, todos os investimentos feitos nas avenidas Antônio
Carlos, Cristiano Machado e Pedro I estarão superados em cinco anos,
com estas vias totalmente congestionadas. Sampaio sugeriu que o
ciclo discuta o investimento massivo no metrô, a prioridade para a
construção do rodoanel e uma legislação mais severa para as
motos.
A presidente da Associação dos Usuários do
Transporte Coletivo (AUTC), Gislene Gonçalves, detalhou o que chamou
de "quadro caótico do transito em Belo Horizonte, com
estrangulamento de vias, ônibus superlotados, passagens caras". Para
ela, toda vez que acontece qualquer mudança, os usuários não são
chamados a opinar.
Para órgãos municipais como BHtrans e Secretaria
Municipal de Políticas Urbanas de Belo Horizonte (Smurbe), algumas
políticas já foram tomadas, como a implantação dos corredores
rápidos de transporte, como lembrou Humberto Alvim, da secretaria.
Ele sugeriu que os corredores rápidos fossem discutidos no ciclo,
bem como o custo dos acidentes com motos para o orçamento público da
saúde.
Trabalhadores representados pela Federação dos
Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Minas Gerais querem que as
condições de trabalho da categoria também sejam abordadas no ciclo
de debates, segundo o presidente da entidade, José Célio de
Alvarenga.
Parceiros - Participaram
da primeira reunião os seguintes órgãos e entidades: BHTrans,
Smurbe, AUTC, Fettrominas, Setop, Sindicato das Empresas de
Transporte Coletivo de Belo Horizonte (Setra-BH), Fiemg, Sindicato
dos Trabalhadores do Transporte Coletivo de Minas Gerais (Sintrocel)
e Agência RMBH, além de representantes de gabinetes
parlamentares.
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