Orlando Carvalho é homenageado pelos 100 anos de
nascimento
Pioneiro dos estudos da sociologia eleitoral
brasileira, criador de uma tradição de constitucionalistas
brasileiros, um dos pensadores que ajudou na construção da
Constituição Federal de 1988 e da Constituição Mineira de 1989 e
fundador da Revista Brasileira de Estudos Políticos, o professor
mineiro Orlando Magalhães Carvalho estaria completando, em 2010, um
século de nascimento. Com o objetivo de comemorar a data, o Plenário
da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou, na noite desta
quinta-feira (15/4/10), Reunião Especial, a requerimento do deputado
Carlin Moura (PCdoB).
O evento contou com a presença de familiares,
professores, estudantes e parlamentares que homenagearam o estudioso
nascido em Pouso Alegre, em 1910. Em seu discurso, o deputado Carlin
Moura destacou o legado deixado por Orlando Carvalho para o Brasil.
Ele lembrou o vasto currículo do professor, que foi também cientista
político, jornalista e escritor, e falou sobre sua importância na
formação dos estudiosos mineiros e brasileiros com a fundação e o
trabalho como editor durante 42 anos da Revista Brasileira de
Estudos Políticos, do programa de Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Representado o presidente da ALMG, deputado Alberto
Pinto Coelho (PP), o deputado Vanderlei Miranda (PMDB) destacou que
a sabedoria e o conhecimento de Orlando Carvalho ultrapassaram as
montanhas de Minas e ganharam o mundo. "São pessoas como o professor
Orlando Carvalho que me fazem ter orgulho de ser mineiro",
afirmou.
Transferência da UFMG -
Além das atividades já citadas, Orlando Carvalho foi também reitor
da UFMG, sendo responsável pela sua instalação no campus da
Pampulha, secretário de Educação do Governo Milton Campos, e
participou da fundação do Colégio Marconi. Escreveu vários livros
como "Problemas fundamentais do município", "Ensaios de política
econômica" e "Curso de teoria geral do Estado".
O professor também desenvolveu diversos trabalhos
no exterior. Foi membro de missão brasileira à Argentina e delegado
da Organização dos Estados Americanos (OEA) nas eleições
presidenciais da República Dominicana. Foi oficial da Orden Del
Mérito, da Argentina, e da Légion d'Honneur, da França. Orlando
Magalhães faleceu em 1998.
Professor foi celebrado por Carlos Drummond de
Andrade
"Orlando Carvalho é a inteligência mais rápida e
penetrante que já conheci". Foi com a citação dessa frase do poeta
Carlos Drummond de Andrade sobre o professor Orlando Carvalho que o
deputado Carlin Moura iniciou seu discurso, que falou sobre a
trajetória e a importância do trabalho do estudioso para o
Brasil.
O parlamentar destacou a importância da fundação da
Revista Brasileira de Estudos Políticos que, segundo ele, tornou-se
um instrumento "essencial na construção de uma sociedade consciente
e politicamente envolvida". Segundo Carlin Moura, enquanto foi
editor da revista, Orlando Carvalho foi responsável pela publicação
de 87 volumes, com 627 artigos e tiragem de 3,5 mil exemplares em
cinco continentes.
Carlin Moura ainda falou sobre o papel desempenhado
por Orlando Carvalho na construção da Constituição Federal de 1988 e
da Constituição Mineira de 1989. De acordo com o deputado, o
professor foi um dos responsáveis pela elaboração do anteprojeto da
Constituição Federal e depois foi convidado a participar da
elaboração da Constituição Mineira. "De igual forma e dedicação,
Orlando Carvalho também trabalhou na elaboração da nossa
Constituição Estadual, legando a nós mineiros um estado
constitucional mais humano, justo e moderno", afirmou.
Convivência familiar - Na
solenidade, um dos filhos do professor, Guilherme Pinto de Carvalho,
agradeceu a homenagem e falou um pouco sobre a convivência com o pai
e sobre a descoberta da importância do seus estudos. "Nós que
nascemos e vivemos sob a figura do papai, convivendo com as sua
preocupações e vendo dividas conosco as suas vitórias, nem sempre
visualizamos a importância no mundo social da presença do professor,
político, científica político, escrito, jornalista e muitas outras
facetas que o compunham", considerou.
No seu discurso, Guilherme Pinto de Carvalho
lembrou de conversas com o pai, durante a efervescência política dos
anos 60, em que falavam sobre as vantagens dos regimes presidencial
e parlamentar. "E nas reformas do legislativo, papai, municipalista,
queria o poder mais perto do povo enquanto se encaminhava para um
regime unitário chefiado pelo poder central de Brasília", recordou.
Segundo ele, Orlando Carvalho tinha constante contato com os temas
nacionais e regionais e estava sempre atuando juntamente ao Poder
Legislativo.
A Reunião Especial foi marcada ainda pela
apresentação da cantora Ângela Ferolla. Ela interpretou as músicas
"Que reste-t-il de nos amours", canção dos anos 30, composta por
Charles Trenet; "La Vie en Rose", canção dos anos 40, de Edith Piaf;
e "Les feuilles mortes", canção dos anos 50, composta por Jacques
Prevert. Na solenidade, foi entregue uma placa comemorativa filho do
professor. Em nome da família, Guilherme Pinto de Carvalho doou a
placa à UFMG para que seja exposta em um memorial em homenagem a
Orlando Carvalho.
Presenças - Fizeram parte
da mesa da solenidade, os deputados Vanderlei Miranda (PMDB),
representando o presidente da ALMG; e Carlin Moura (PCdoB), a
desembargadora Denise Alves Horta, o diretor da Faculdade de Direito
da UFMG, professor Joaquim Carlos Salgado; o presidente do Centro
Acadêmico Afonso Pena, João Pedro Reis; e o Major PM Rogério
Aparecido Soares Ribeiro.
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