Fucam deve apresentar em maio cronograma do projeto Casas-vila

O projeto para a construção de novas casas para acolhimento de adolescentes atendidos pela Fundação Educacional Caio ...

15/04/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Fucam deve apresentar em maio cronograma do projeto Casas-vila

O projeto para a construção de novas casas para acolhimento de adolescentes atendidos pela Fundação Educacional Caio Martins (Fucam) foi apresentado à Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (15/4/10) pelo subsecretário de Políticas Antidrogas e presidente da instituição desde dezembro de 2008, Cloves Eduardo Benevides. Em audiência pública na comissão, ele anunciou que o projeto Casas-vila já foi aprovado pela Diretoria de Assistência e Educação da fundação e passa agora pelo crivo do conselho curador da Fucam, antes de ser enviado à apreciação também do Ministério Público. A expectativa, segundo ele, é de que até o final de maio o cronograma de investimentos acertado com a Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão (Seplag) possa ser apresentado à Assembleia.

A Fucam foi criada há 63 anos para acolher e profissionalizar adolescentes de 12 a 18 anos em situação de risco social e nos últimos anos vem sendo alvo de denúncias de abandono, situação que levou à indicação de uma nova gestão para reverter o quadro e ao empenho de deputados em prol de melhorias na instituição. A fundação mantém seis centros educacionais no Estado, o maior deles localizado na Fazenda Santa Tereza, em Esmeraldas (Região Metropolitana de Belo Horizonte), que atende 193 adolescentes.

Ritmo ainda é lento - Autor do requerimento da audiência, para que a nova gestão apresentasse seus projetos, o deputado Almir Paraca (PT) lembrou que as primeiras reuniões sobre a Fucam e visitas a unidades da fundação foram promovidas pela Assembleia ainda em 2008, quando o novo presidente teve boa acolhida. "Mas hoje a situação ainda está muito distante do que seria desejado, sobretudo quanto à infraestrutura, como pudemos verificar em visita feita a Esmeraldas este mês. Mesmo que as atitudes tomadas até aqui apontem para um caminho correto, é preciso acelerar o ritmo das ações", cobrou o parlamentar.

O deputado reivindicou, ainda, ações mais articuladas e efetivas entre órgãos do governo, com novas parcerias e investimentos mais diretos do Estado, e que seja apresentado um calendário de investimentos previstos para a fundação. Para Almir Paraca, ainda faltam ações para ampliar atividades de cunho profissionalizante, inclusive para cumprir a função estatutária da Fucam.

Subsecretário destaca criação de colegiados e de conselho curador

Ao apresentar aos deputados um relatório sobre as condições de funcionamento da Fucam entre 2009 e 2010 e o projeto de Casas-vila, o presidente da fundação destacou especialmente a autonomia dada às unidades da instituição. Foram criados colegiados em todas elas, para compartilhar a gestão e as responsabilidades pelo processo de construção de uma nova concepção de atendimento, e um conselho curador. "Até o calendário de atividades é acertado pela unidade", ilustrou Cloves Benevides.

Sobre a construção de um novo modelo socioeducacional de atendimento, o presidente da fundação ressaltou diversas vezes a necessidade de que seja abandonado o conceito de abrigamento de adolescentes que tem marcado o atendimento da Fucam para que seja valorizado o papel educativo da instituição e o retorno dos jovens à convivência familiar, como preconiza a própria legislação vigente a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente. Ele esclareceu que não cabe à Fucam receber jovens para o cumprimento de medidas socioeducativas, embora isso ainda aconteça sob determinação da própria Justiça.

"Um processo de transição como o atual às vezes é doloroso e incompreendido, mas é necessário", frisou o subsecretário. Ele defendeu, ainda, que o trabalho de cunho profissionalizante não transforme os adolescentes atendidos em mão de obra, e justificou medidas recentemente adotadas, como a de suspender, para reavaliação, a prestação de serviços em fazendas vizinhas por jovens abrigados na unidade de Esmeraldas. "Eles estão sob a tutela da Fucam e temos que garantir ações que preservem a integridade desses adolescentes", argumentou.

Casas-vila - Segundo Cloves Benevides, secretarias como a de Desenvolvimento Social vêm participando das discussões do projeto Casas-vila e há uma discussão permanente com a Seplag para que o processo licitatório visando à construção das novas casas possa ser deflagrado após as demais tramitações do projeto. "A ideia inicial é começar o projeto nos centros localizados em Urucuia e Esmeraldas", adiantou.

Ele também citou como ações empreendidas a edição de portarias para normatizar procedimentos da fundação, a definição de regras para admissão de adolescentes, acerto de contribuição do Estado ao Programa de Saúde da Família (PSF) para atendimento dos adolescentes da Fucam e renovação de mobiliário de unidades por meio de parceria com o Servas. Frisou, também, a importância de projetos de sustentabilidade alimentar ao revelar que 59% das despesas das unidades estão relacionadas à alimentação, e disse que o orçamento da Fucam para este ano, de R$ 4,79 milhões, é 50% superior ao de 2008.

Promotora ressalta que fundação vive impasse legal

A promotora Andrea Miomotto Carellei, coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Infância e da Juventude, lembrou que embora a Fucam atue no acolhimento de jovens, sua vocação legal e estatutária limita a fundação à prestação de atendimento em educação. Ela admitiu, contudo, que a Fucam tem sido obrigada pela própria Justiça, por falta de vagas em instituições apropriadas, a acolher jovens mediante encaminhamento judicial.

"É um descalabro, um dilema que todos temos que enfrentar porque todos nós estamos descumprindo o Estatuto da Criança e do Adolescente", desabafou ela, lembrando que esse paradoxo imposto à fundação revela a debilidade de todo o sistema e a falta de locais apropriados para receber adolescentes que cometeram ato infracional e precisam cumprir medidas socioeducativas. "Uma solução depende de todos: governos, conselhos municipais, Judiciário, Ministério Público, demais órgãos e sociedade", defendeu a promotora. Segundo ela, será expedida aos juízes de todo o Estado uma recomendação para que não mais encaminhem adolescentes à Fucam.

Deputados apontam responsabilidades do MP e da sociedade

Diante do impasse legal exposto na audiência, o deputado Ademir Lucas (PSDB) defendeu que o próprio Ministério Público tem o dever de recorrer de decisões judiciais que exponham a Fucam ao descumprimento da lei. O deputado Doutor Rinaldo Valério (PSL) frisou que, apesar das dificuldades, uma instituição que existe há 63 anos tem que ter sua continuidade assegurada por meio de mais investimentos, de parcerias e do apoio da sociedade. Para o deputado Weliton Prado (PT), a prova da necessidade de manter a fundação está no orgulho manifestado por ex-alunos da instituição, inclusive com a existência de entidade representativa, o que na sua opinião revela a importância que a Fucam tem na formação de adolescentes em situação de risco.

O deputado Domingos Sávio (PSDB) destacou que mais de 75 mil alunos já passaram pela fundação e defendeu que as famílias e comunidades beneficiadas participem mais do trabalho da Fucam e da vida dos adolescentes atendidos. "Desde as primeiras denúncias de abandono da Fucam há uma conjugação de esforços a favor da fundação, mas essa é uma construção que deve ser coletiva", defendeu.

Requerimentos - Foram aprovados na audiência três requerimentos. Um deles, dos deputados Weliton Prado, Doutor Rinaldo Valério, Almir Paraca, Ademir Lucas e Domingos Sávio, para encaminhamento de ofícios à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e ao presidente da Fundação Caio Martins (Fucam) solicitando que seja verificada a possibilidade de inclusão dos alunos de todas as unidades da fundação no programa Poupança Jovem, do Governo do Estado.

Outros dois requerimentos são do deputado Weliton Prado, para que sejam realizadas audiências públicas em Monte Carmelo e Patos de Minas para debater os cursos a serem implantados nos dois municípios pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que obteve autorização do Ministério da Educação para expandir seu campus.

Presenças - Deputados Ademir Lucas (PSDB), Doutor Rinaldo Valério (PSL), Almir Paraca (PT), Weliton Prado (PT) e Domingos Sávio (PSDB). Participaram também Nelma França Ramos, integrante do Conselho de Desenvolvimento da Fucam; e Amauri Wagner Rodrigues Pereira, presidente da Associação dos Ex-alunos da Fucam.

 

 

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