Regulamento para planos de saúde é defendido em audiência pública

A falta de normas estabelecendo um equilíbrio entre o número de associados e a capacidade de atendimento dos planos d...

13/04/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Regulamento para planos de saúde é defendido em audiência pública

A falta de normas estabelecendo um equilíbrio entre o número de associados e a capacidade de atendimento dos planos de saúde foi apontada, durante audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, como a principal causa das falhas no atendimento aos usuários. O assunto foi debatido nesta terça-feira (13/4/10), a requerimento do deputado Délio Malheiros (PV), que disse ter recebido diversas denúncias sobre as filas para marcação de consultas e a falta de leitos nos hospitais credenciados. "Em 2002, a Unimed, por exemplo, tinha 400 mil associados e, hoje, quase um milhão. A rede própria, contudo, não cresce na mesma proporção", afirmou o deputado.

O deputado disse ter sugerido à direção da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulamentação do setor, a edição de uma resolução estabelecendo uma paridade mínima entre o número de associados e o número de leitos, profissionais ou hospitais credenciados. "O plano não pode vender um 'produto' e não entregar", afirmou. Na opinião do parlamentar, os planos de saúde se transformaram em "um grande SUS". Ele também mencionou o problema dos médicos que se credenciam no plano, mas dedicam poucas horas por semana ao atendimento dos usuários.

A violação do direito do consumidor foi enfatizada pelo coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa. Ele explicou que até o catálogo da rede credenciada pelos planos de saúde ofertado ao usuário no momento de sua adesão ao plano é desatualizada. O representante do Procon acrescentou que cinco grandes hospitais de Belo Horizonte que atendiam crianças foram fechados, sobrecarregando o Hospital São Camilo, que está superlotado. Na opinião dele, a responsabilidade desse acúmulo do atendimento pediátrico é dos planos de saúde. O 1º-secretário do Conselho Regional de Medicina (CRM-MG), Roberto Paolinelli de Castro, confirmou o movimento de retração da rede particular, com o fechamento de vários hospitais. Ele disse que o conselho está tomando conhecimento da situação dos planos de saúde para estudar as providências cabíveis.

Ausência de convidados prejudica debate

Na opinião do promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, Edson Antenor Lima Paula, a ausência dos representantes da ANS e das operadoras dos planos de saúde prejudicou o debate. Ele também defendeu a regulamentação e a fiscalização da atuação dos planos de saúde, nos moldes do que ocorre no SUS, e acredita que só assim a população terá instrumentos para cobrar a melhoria do atendimento. "O Ministério Público é fiscal da lei e, muitas vezes, ajuda no aperfeiçoamento do sistema, mas o órgão fiscalizador prioritário , nesse caso, é a ANS", concluiu.

O principal plano de saúde de Belo Horizonte, a Unimed, foi alvo de várias críticas do proprietário da Clínica Mescan - Medicina Diagnóstica, Joaquim Vicente Bonfim Júnior. Segundo ele, a cooperativa praticamente monopoliza o mercado de Belo Horizonte, tendo levado vários hospitais da capital a fecharem as portas. "O Prontocor funcionou por quase 50 anos e quebrou porque não atendia pela Unimed", afirmou. Segundo ele, em 2002, a operadora mantinha 100 clientes para cada médico. Em 2007 o número subiu para 135 usuários por profissional. Hoje, seriam 175. "Há um overbooking dos planos de saúde", disse o médico, que também denunciou as dificuldades dos profissionais e clínicas se credenciarem na operadora. Ele mesmo, segundo relatou, tenta atender pela Unimed há mais de dez anos.

O deputado Carlos Pimenta (PDT) ponderou que o grau de satisfação dos clientes da Unimed é muito alto, embora caibam ajustes ao plano. Ele defendeu que os problemas no atendimento sejam verificados para que os usuários não sejam prejudicados. O parlamentar informou que a saúde complementar atende 25% da população e ampliou o foco do debate, comparando a saúde complementar com a saúde pública que, segundo ele, está um caos. "Está sendo iniciado um movimento para atualização das tabelas do SUS. Nenhum hospital sobrevive atendendo apenas à rede pública", comparou.

O deputado Délio Malheiros também informou que um novo plano de saúde, Amil, deve começar a operar em Belo Horizonte e manifestou sua preocupação. "A Amil irá disputar espaço com a Unimed com o SUS, sobrecarregando ainda mais o sistema?", questionou.

Ao final da reunião, foram apresentadas algumas propostas de requerimento para visitas à ANS, solicitando a regulamentação do atendimento dos planos de saúde; e aos cinco maiores hospitais credenciados de Belo Horizonte. Outra proposta é de requerimento de informações à Unimed sobre a rede de atendimento e os critérios para credenciamento.

Presenças - Deputado Adalclever Lopes (PMDB), presidente; Délio Malheiros (PV), vice; Sávio Souza Cruz (PMDB); e Carlos Pimenta (PDT).

 

 

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