Comunidades terapêuticas querem verba para tratar usuários de droga

Representantes de comunidades terapêuticas que atuam na "Cracolândia", no bairro São Cristóvão, em Belo Horizonte, re...

09/04/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comunidades terapêuticas querem verba para tratar usuários de droga

Representantes de comunidades terapêuticas que atuam na "Cracolândia", no bairro São Cristóvão, em Belo Horizonte, reivindicaram apoio do poder público para darem sequência ao tratamento de usuários de crack na região. O presidente e a vice-presidente da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado João Leite (PSDB) e deputada Maria Tereza Lara (PT), estiveram nesta sexta-feira (9/4/10) na Casa da Paz. Situada no entorno da Cracolândia, a entidade funciona como local para abordagem inicial do usuário de crack, onde ele se alimenta, toma banho, recebe roupa nova e é encaminhado para tratamento.

Mas segundo o pastor Wellington Vieira, que também representa o Centro de Recuperação de Dependência Química (Credeq), esse trabalho desenvolvido na Casa da Paz foi seriamente prejudicado a partir de 2007. Ele, que já foi usuário de crack, explica que em 2006 a Casa da Paz fez um convênio com o Governo do Estado, que garantia recursos para o encaminhamento dos usuários abordados pela entidade. O convênio permitiu que nesse ano, 300 usuários fossem encaminhados para tratamento em uma das 29 comunidades terapêuticas conveniadas com o Estado. Acontece que, a partir de 2007, o Estado deixou de investir no programa, que conta ainda com a comunidade terapêutica Reviver.

PBH - "A comunidade está preparada para atender aos usuários e acabar com a Cracolândia; só não temos recursos suficientes para isso", avaliou Wellington Vieira, para quem a ação no local tem que ser continuada. Ele destacou que, pelas abordagens feitas no local, percebe-se que cerca de 90% dos usuários querem se tratar. Ainda para o pastor, apesar da falta de recursos, já existe uma rede de entidades voltadas para o problema bastante coesa, incluindo as igrejas católica e batista, Governo do Estado (com a Polícia Militar e servidores da área de redução de danos) e as comunidades terapêuticas. Vieira reclamou muito da falta de apoio da Prefeitura de Belo Horizonte. "A PBH não tem nem nunca teve qualquer trabalho para tratar o dependente químico", afirmou.

Comissão vai fazer audiência pública na quarta-feira (14)

O deputado João Leite informou que, além da visita à Cracolândia, a comissão vai realizar audiência pública nesta quarta-feira (14), às 15 horas, na ALMG, para discutir o assunto. Ele destacou que a comissão tem visitado as várias regiões de Minas Gerais, onde vem constatando que a maior responsável pela violência é a droga. Para a reunião na Assembleia, de acordo com o deputado, serão convidados representantes de todos os segmentos envolvidos com o tema, para abordar não só o tratamento de usuários, mas também a prevenção e o combate. A deputada Maria Tereza Lara defendeu a união de forças de todos os setores para tentar solucionar o problema.

O subsecretário de Estado de Políticas Antidrogas, Cloves Benevides, comunicou que, até o fim de abril, será aberto um albergue na Cracolândia, para receber e encaminhar usuários da droga. Ele acrescentou que há algumas restrições especificamente em 2010, que é um ano eleitoral. Segundo ele, a legislação não permite a assinatura de novos convênios nesse período, mas a subsecretaria está tentando caracterizar o trabalho na Cracolândia não como convênio, mas como ação continuada. "Temos que rearticular essa ação, em conjunto com todos os atores - Estado, prefeitura, União, comunidades terapêuticas e a própria Assembleia", defendeu.

Ele disse que, há dez anos, nas estatísticas de usuários, predominavam os de álcool e maconha. Atualmente seriam quase 50% de usuários de crack e 50% de álcool. Ainda para Cloves Benevides, o paciente viciado em crack é "altamente complexo", precisa de um atendimento especializado e o sistema público de saúde não está capacitado para isso.

Terreirão - Após a conversa na Casa da Paz, todos os presentes se dirigiram para o chamado "Terreirão", local de uso e tráfico do crack. Num terreno baldio, com casas degradadas, menores de idade, inclusive crianças com 10, 11 anos, faziam uso da droga ao mesmo tempo que outros vendiam suas pedras de crack para quem se interessasse. Segundo o pastor Wellington, muitos dos que ali estavam recebiam como pagamento cinco pedras de crack e um marmitex por dia.

Presenças - Deputado João Leite (PSDB), presidente; e Maria Tereza Lara (PT), vice. Também participaram da visita a presidente da Associação Mineira de Comunidades Terapêuticas e do Núcleo de Apoio Reviver, de Barão de Cocais, Íris de Lourdes Campos; o pároco da Igreja São Cristóvão, padre Sebastião Diogo; o pastor da Igreja Batista da Lagoinha, Marcelo Crescêncio Oliveira; e o representante da Comunidade Católica Reviver, de Jaboticatubas, Marcos Antônio dos Santos.

 

 

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