Comissão pede providências da Toyota para evitar acidentes com
Corolla
A Comissão de Defesa do Consumidor e do
Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ouviu, nesta
terça-feira (6/3/10), representantes da Toyota do Brasil, convidados
para prestar esclarecimentos sobre problemas ocorridos com veículos
fabricados pela empresa em várias partes do mundo, inclusive em
Minas Gerais. Nos Estados Unidos a Toyota já chamou os consumidores
para troca de equipamentos ou acessórios, no processo conhecido como
recall, mas no Brasil, a empresa não admite a necessidade da
medida.
Os problemas registrados no Brasil ocorreram por
falhas no acelerador do Corolla automático modelo 2009. Os carros
tiveram aceleração livre ou repentina, causando pânico e prejuízos
materiais aos consumidores. Na versão da Toyota, os acidentes foram
causados por tapetes não originais mal colocados, que teriam travado
o acelerador. Desde outubro do ano passado a empresa vem afixando
etiquetas aos tapetes originais avisando sobre o risco da utilização
errada do acessório. O presidente da comissão, deputado Délio
Malheiros (PV), considerou a medida insuficiente e pediu aos
representantes da empresa que comuniquem diretamente os
proprietários de todos os veículos sobre o perigo que estão
correndo.
O deputado também pediu ao representante legal da
Toyota do Brasil, Luís Antônio Monteforte, que encaminhe à comissão,
dentro de 45 dias, um relatório sobre as investigações que estão
sendo feitas a respeito dos problemas ocorridos no País. Ele pediu
que, no mínimo, a montadora inclua um item a mais no seu
questionário de pós-venda, para averiguar quantas pessoas já tiveram
dificuldades com o acelerador. "A empresa precisa ter uma atitude
mais pró-ativa para evitar novos acidentes. Não pode ficar somente
esperando que as ocorrências cheguem ao seu conhecimento",
afirmou.
Délio Malheiros solicitou, ainda, que a empresa
peça às revendedoras que orientem os clientes sobre a necessidade do
tapete original. Sobre isso, o gerente-geral para assuntos
governamentais da Toyota, Ricardo Machado Bastos, disse que a ação
da empresa é limitada por lei federal, que não permite às montadores
exigiram das concessionárias a venda exclusiva de acessórios
originais. Toda a discussão foi acompanhada pelo promotor de Justiça
de Defesa do Consumidor, Amauri Artimos da Matta, que também cobrou
providências da empresa.
Nos EUA - O gerente-geral de pós-venda da
Toyota, Evandro Luís Maggio, explicou que o recall feito nos
Estados Unidos foi, primeiro, para troca de um tapete usado durante
a neve. Depois, foram trocados aceleradores que apresentaram
problemas de desgaste, por atrito. O referido tapete não é
comercializado no Brasil, e o acelerador usado nos veículos
americanos é de fabricação canadense, diferentemente do utilizado
aqui, que segue o padrão japonês e é produzido pela Denso do Brasil
Ltda. Por isso, não haveria necessidade de fazer recall junto aos
consumidores brasileiros.
Consumidores questionam explicação da
empresa
Três consumidores mineiros, cujos carros tiveram
aceleração abrupta, compareceram à reunião. Um dos veículos teve
perda total quando a proprietária entrava na garagem do prédio, há
dois meses. Segundo Patrícia Corrêa Mourthè, ninguém acreditou em
sua versão de que o carro havia acelerado sozinho, e ela acabou não
procurando a montadora à época. Só ligou os fatos quando viu a
entrevista de uma outra consumidora que teve o mesmo problema, Maria
do Carmo Barros.
Maria dos Carmo Barros, por sua vez, garante que
não havia tapete entre o acelerador e o assoalho no momento em que o
carro acelerou sozinho. Ela citou casos já relatados nos Estados
Unidos e no Japão, onde estão sendo investigados possíveis problemas
eletrônicos. O gerente-geral de pós-venda da Toyota, Evandro Luís
Maggio, argumentou que até o momento nenhum problema de ordem
eletrônica foi comprovado, e sustentou a versão de que tapetes mal
colocados devem ter causado as panes.
Nenhum dos três consumidores envolvidos tinha
tapetes com a advertência da empresa. No caso de Patrícia Mourthè, a
concessionária onde ela adquiriu o veículo teria lhe dado tapetes
que não eram originais. Os outros dois teriam sido orientados a
adquirir uma presilha, para afixar melhor o tapete no assoalho. João
Paulo Senna admite que não teve mais problema depois que o tapete
foi substituído pelo original, no início deste ano, mas avalia que
pouco tempo se passou, por isso continua inseguro ao dirigir o
carro.
O deputado Jayro Lessa (DEM) disparou: "Nunca
imaginei que tapete fosse item de segurança de um carro! Não pode
ser preso com presilha, coisa frágil, fácil de sair". Ele afirmou
que ainda confia na Toyota e que tem certeza que a empresa já está
trabalhando para evitar que novos acidentes aconteçam. O
representante da empresa, Luís Antônio Monteforte, garantiu que os
carros da Toyota continuam sendo confiáveis e que as investigações
sobre o ocorrido em Minas vão continuar.
Requerimento - Durante a
reunião foi aprovado requerimento do deputado Délio Malheiros para
que seja realizada audiência pública para debater os reflexos da
ampliação de um centro de compras no bairro Anchieta, em Belo
Horizonte, e os prejuízos causados a moradores daquela região,
especialmente de prédios que estão ameaçados de desabar.
Presenças - Deputados
Délio Malheiros (PV) e Jayro Lessa (DEM). Também participaram da
reunião o diretor-executivo da Associação Brasileira de
Distribuidores da Toyota (Abradit), Waldir Roma de Almeida
Ferreira.
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