Sindicato de professores defende reintegração de alunos na UFMG

A reinclusão de dois estudantes que foram desligados da UFMG foi defendida pelo secretário-geral do Sindicato dos Pro...

30/03/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Sindicato de professores defende reintegração de alunos na UFMG

A reinclusão de dois estudantes que foram desligados da UFMG foi defendida pelo secretário-geral do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (Apubh), Giovane Azevedo. Ele participou de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada no auditório da Faculdade de Letras da UFMG na manhã desta terça-feira (30/3/10). Os dois alunos alegaram que foram expulsos da universidade como resultado de uma perseguição política, por terem participado de manifestação. Representantes da UFMG, no entanto, afirmaram que a exclusão aconteceu devido a critérios objetivos de avaliação de desempenho acadêmico, que têm validade para todos.

Giovane Azevedo afirmou que, apesar da justificativa da instituição estar amparada por critério de desempenho acadêmico, a posição deveria ser reconsiderada diante de todo o histórico que culminou na expulsão dos estudantes. Entretanto, a procuradora-geral da UFMG, Simone Nogueira, afirmou que a reintegração dos dois alunos por pressão política representaria um desrespeito à regras que valem para todos os estudantes da universidade. "Todo ano vários estudantes são desligados da instituição pelos mesmos motivos, e não seria justo com eles burlar as regras para dois alunos por pressão política", afirmou.

As acusações contra a UFMG se referem a um protesto ocorrido em abril de 2007, quando estudantes ocuparam durante três dias o restaurante universitário (bandejão), no campus da Pampulha. Segundo o diretor de Universidades Públicas da União Nacional dos Estudantes (UNE), Leonardo Péricles Vieira, depois da ocupação, a direção da universidade procurou identificar quais seriam os estudantes responsáveis pela manifestação. "Nossa ocupação foi pacífica, não quebramos nenhum prato, mas mesmo assim a instituição abriu processo administrativo, que durou dois anos e meio, contra sete alunos", afirmou.

No fim de 2009, dois estudantes que foram investigados no processo administrativo foram jubilados (desligados da universidade). São eles: o próprio Leonardo Péricles Vieira, que cursava Biblioteconomia; e Matheus Malta Rangel, que estudava Ciências Sociais. Leonardo Vieira explicou que foi jubilado porque durante todo o processo administrativo foi impedido de trancar matrícula na universidade. "Durante esse período, fui candidato a vereador e fui eleito diretor da UNE, o que me impediu de manter minhas atividades acadêmicas. Entretanto, a UFMG não aceitou que eu trancasse a matrícula, coisa que todo aluno pode fazer", destacou. Para o estudante, ele e Matheus são vítimas de uma perseguição da reitoria da universidade.

Já Matheus Malta Rangel foi eleito diretor de Políticas Educacionais da União Estadual dos Estudantes (UEE). Segundo ele, durante a ocupação do bandejão, a reitoria teria dito que os estudantes não seriam punidos. Entretanto, o acordo não foi cumprido pela direção da universidade. "Eu fui eleito para a diretoria da UEE e não tinha como comparecer às aulas, mas a UFMG recusou o meu pedido de trancamento de matrícula", explicou. Os dois estudantes destacaram que a UFMG teria se utilizado da impossibilidade deles de comparecem às aulas para puni-los pelo movimento de ocupação do bandejão.

Ação na Justiça - Os dois estudantes jubilados ingressaram com uma ação judicial para contestar a decisão. O integrante da Rede Nacional de Advogados Populares, Élcio Pacheco, acredita que existe uma perseguição política, já que muitas coincidências são observadas no caso. "Os dois participaram do movimento, os dois foram vítimas de processo administrativo, foram eleitos representantes estudantis e foram jubilados com a mesma justificativa", afirmou.

O autor do requerimento para realização da reunião e presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), afirmou que a comissão foi procurada pelos estudantes em busca de apoio diante da situação. Ele destacou que a comissão procura ouvir todos que procuram sua ajuda e que a questão dos estudantes já estava sendo acompanhada desde a manifestação ocorrida em 2007.

Exclusão dos estudantes não teria motivação política

Representantes da UFMG afirmaram que a exclusão dos estudantes não teve nenhuma motivação política, mas teria acontecido devido a critérios de desempenho acadêmico estabelecidos no regimento da instituição. "Ambos foram excluídos do sistema de matrícula por insuficiência de desempenho, que são pré-estabelecidas e conhecidas por todos os estudantes quando de seu ingresso na UFMG", destacou o assessor do reitor, professor João Pinto Furtado.

O professor explicou que o processo administrativo não foi movido contra a ocupação do bandejão, mas sim por uma manifestação posterior, feita por um grupo de estudantes no prédio da reitoria. Segundo ele, nessa manifestação teria havido excessos por parte dos estudantes, que foram apurados pelo processo administrativo. João Pinto Furtado explicou que, como resultado final do processo, todas as punições previstas foram convertidas em um seminário político de caráter educativo. "A única punição foi que os estudantes tiveram que participar do seminário", afirmou.

A pró-reitora adjunta de Graduação da UFMG, Carmela Maria Polito Braga, reafirmou que todos os estudantes conhecem o regimento interno que traz os critérios (abandono de matrícula, desempenho insuficiente, etc) para exclusão. Ela explicou que a lista dos alunos que serão desligados é gerado por um sistema de computador, de acordo com os critérios estabelecidos. Posteriormente, os estudantes são comunicados e têm um prazo para recorrer.

"Muitas vezes os estudantes são reincluídos, como por exemplo no caso de doenças graves", afirmou. Entretanto, segundo Carmela Braga, casos em que os estudantes fazem opção pessoal por outras atividades em detrimento dos estudos não são considerados como justificativa para reverter o processo de desligamento. "Se o estudante, por priorizar outras atividades, abandona os estudos, o sistema avalia o desempenho acadêmico dele. Se esse resultado for insuficiente, o aluno fica impedido de se matricular, de acordo com as regras estabelecidas para todos", considerou.

Manifestações políticas - O presidente da Fundação Mendes Pimentel (Fump), Seme Gebara, também defendeu a posição da universidade. Segundo ele, durante o processo administrativo, em nenhum momento foi sugerida a expulsão dos dois estudantes. Para Seme Gebara, a UFMG não é contra manifestações políticas e defende o direito dos estudantes se posicionarem.

No final da reunião, Durval Ângelo informou que irá apresentar requerimento solicitando que sejam encaminhadas as notas taquigráficas para o juiz responsável pelo processo na Justiça, para a reitoria da UFMG, para o Ministério da Educação e para o advogado que representa os dois estudantes. Ele também afirmou que irá solicitar ao reitor da UFMG que reabra a discussão sobre o desligamento dos alunos.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente. Também participaram da reunião o diretor do Instituto de Ciências Exatas da UFMG, Bismark Vaz da Costa; o diretor de Relações Públicas do Centro Acadêmico Afonso Pena da Faculdade de Direito da UFMG, Henrique Pereira de Almeida; e a tesoureira da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas, Maria Luíza Amália da Silva.

 

 

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