Atingidos por usina de Candonga reclamam de indenizações

O assessor jurídico do Consórcio Candonga, Ricardo Carneiro, garantiu que todas as condicionantes foram cumpridas par...

26/03/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Atingidos por usina de Candonga reclamam de indenizações

O assessor jurídico do Consórcio Candonga, Ricardo Carneiro, garantiu que todas as condicionantes foram cumpridas para a implantação da usina hidrelelétrica no distrito de Nova Soberbo, em Santa Cruz do Escalvado (Zona da Mata). Ele representou o consórcio responsável pela obra da usina, encabeçado pela Vale, na audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta sexta-feira (26/3/10) no município. A reunião atendeu a requerimento do deputado Durval Ângelo (PT), que lembrou que a situação de Candonga é acompanhada pela comissão desde 2001, já tendo motivado visita e outras audiências na região.

A população reclama de indenizações pagas inadequadamente, do não cumprimento do plano de reativação econômica dos atingidos pela barragem e também da contaminação da água consumida pela população. O prefeito de Santa Cruz do Escalvado, Gilmar de Paula Lima, que procurou a Comissão de Direitos Humanos para a realização da audiência, confirmou que as queixas da população são pertinentes, porque muitos ficaram sem condições de sustento. "É flagrante o desrespeito à população atingida", declarou.

O representante dos atingidos pela hidrelétrica, José Antônio dos Santos, disse que cerca de 120 famílias foram desapropriadas em 2003 e não conseguem entendimento com o consórcio para garantir seus direitos. "As indenizações foram mal feitas, e poucos receberam", afirmou. Segundo ele, muitos estão sendo sustentados por familiares. José Antônio informou que o consórcio fez algumas tentativas com projetos de geração de renda que não deram resultado, e a população continua em dificuldade.

O histórico das negociações foi relatado pela presidente do Conselho Estadual de Assistência Social, Maria Juanita Godinho Pimenta. Segundo ela, o conselho acompanha o processo desde o início e duas condicionantes não teriam sido cumpridas pelo Consórcio Candonga - a reativação econômica das famílias atingidas e a concessão de terrenos de 200 m² em área produtiva para cada família.

O Conselho recorreu ao Ministério Público (MP) em junho de 2005, pedindo providências quanto ao descumprimento das condicionantes. A resposta efetiva do MP, por meio da Promotoria de Justiça de Ponte Nova, só teria vindo em fevereiro deste ano, quando foi definido um prazo para o consórcio apresentar novo plano de reativação econômica.

O advogado da prefeitura de Santa Cruz do Escalvado, Leonardo Pereira Rezende, explicou que a população foi colocada em condomínios urbanos, o que impossibilitou que os atingidos continuassem praticando as atividades que desenvolviam antes da inundação, como agricultura, criação de animais e garimpo artesanal. Ele também disse que a prefeitura solicitou o envio de documentos pelo consórcio e não obteve resposta. "O consórcio não pode se recusar a cumprir as medidas estabelecidas", argumentou.

Consórcio Candonga refuta acusações

O representante do Consórcio Candonga, Ricardo Carneiro, negou as acusações. Ele afirmou que houve um diálogo ativo com os movimentos sociais na época da implantação da usina. Também informou que foram implantadas fazendas associadas para os assentados exercerem atividades de complementação de renda. "O consórcio considera que implantou todas as condicionantes colocadas pelo Conselho de Assistência Social", afirmou.

Ele argumentou que algumas medidas ambientais são consideradas de interface social, e que os órgãos ambientais aprovaram a licença de operação do empreendimento. Segundo Carneiro, o consórcio recorreu e há uma decisão do Tribunal de Justiça, ainda não definitiva, considerando que a empresa cumpriu as condicionantes. Ele também alegou que o consórcio não tem como garantir a venda dos produtos dos projetos de geração de renda.

Omissão do MP - O deputado Durval Ângelo lamentou a ausência do MP na audiência e apresentou requerimento ao Conselho Nacional do Ministério Público pedindo a abertura de inquérito para apurar a omissão do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Meio Ambiente na apuração do caso. Para ele, o MP foi omisso. O parlamentar também disse que se o consórcio não fizer nada pelos atingidos até agosto, uma nova reunião da comissão será realizada em Belo Horizonte para tratar mais uma vez do assunto. Outros requerimentos de providências aos órgãos competentes foram apresentados na reunião.

Durval Ângelo convocou os atingidos a se manterem mobilizados por seus direitos, pediu que a prefeitura continue firme em suas posições e concluiu: "Um dia de fornecimento de energia pela usina seria suficiente para pagar as despesas com os assentamentos".

Comissão ouve queixas de presos de Ponte Nova

Na tarde desta sexta-feira (26), a Comissão de Direitos Humanos esteve em Ponte Nova, onde verificou as condições do complexo penitenciário da cidade. O deputado Durval Ângelo, que há mais de dez anos acompanha a situação dos presos de Ponte Nova, se disse satisfeito com as condições do complexo. As denúncias de tortura, que motivaram a ida da comissão até lá, não se confirmaram. Os presos reclamaram que estão cumprindo pena longe de suas cidades de origem. Já os detentos do regime semi-aberto se queixaram de estar trabalhando intramuros, ficando privados do direito que a progressão de pena lhes confere.

"Há uma desorganização geral do sistema quanto à transferência de presos, em função da carência de vagas", comentou o deputado Durval Ângelo. Ele informou que um convênio entre a ALMG, o Governo do Estado, a Drogaria Araujo, o Ministério Público, a Vara de Execuções Criminais e a Univale possibilitou o desenvolvimento de um sistema informatizado para controlar a entrada e saída de presos de todas as unidades prisionais do Estado. Esse sistema deve entrar em funcionamento dentro de três meses e vai agilizar as transferências de presos. Enquanto isso, o deputado Durval Ângelo vai pedir que a Defensoria Pública faça um mutirão para verificar a situação dos presos que cumprem pena em Ponte Nova.

Inaugurado em dezembro de 2009, o complexo penitenciário de Ponte Nova tem capacidade para 594 presos. Hoje a unidade abriga cerca de 500 (entre condenados, provisórios e do regime semi-aberto), e desse total, 23 são mulheres. O complexo conta com enfermarias, consultórios médicos e odontológicos, psicólogos e assistentes sociais. Segundo o diretor-geral do complexo, Rafael Bargas de Queiroz, foram assinados convênios com empresas para a produção de gaiolas, cortinas e artesanato nas dependências da unidade prisional. Nos próximos meses também deve ser assinado convênio para a oferta de ensino aos presos.

Presença - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente.

 

 

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