Busca de entendimento para agentes demitidos continua na terça (23)

A inscrição em novo processo de qualificação foi a solução apontada pelo subsecretário de Estado de Administração Pri...

18/03/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Busca de entendimento para agentes demitidos continua na terça (23)

A inscrição em novo processo de qualificação foi a solução apontada pelo subsecretário de Estado de Administração Prisional, Genilson Ribeiro Zeferino, para os agentes penitenciários demitidos após a greve realizada no final de 2009. O representante do Executivo participou da audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quinta-feira (18/3/10). Segundo ele, 35 agentes não foram reintegrados ao sistema de segurança pública porque não passaram no teste psicotécnico. Os deputados vão fazer mais uma tentativa de entendimento em reunião marcada para a próxima terça-feira (23), às 10 horas, com o subsecretário, deputados e representantes dos agentes.

O deputado Vanderlei Miranda (PMDB), autor do requerimento para a realização da audiência, fez um histórico das demissões ocorridas, na opinião dele, de forma unilateral. Segundo o parlamentar, um acordo entre o governo e a ALMG teria definido o retorno de 276 agentes até o dia 11 de janeiro deste ano, após requalificação. Ao saberem que um grupo de agentes teria sido reprovado no exame, os deputados fizeram intervenção junto ao Executivo. No entanto, segundo o parlamentar, o compromisso de oferecer uma segunda chance aos servidores não foi cumprida. "Estou estressado com esse caso", desabafou. "Nada do que se conversa se cumpre", continuou Miranda.

Para o deputado Sargento Rodrigues (PDT), embora a greve tenha sido considerada ilegal, as demissões foram injustas e contrariaram o direito de ampla defesa dos contratados. O deputado lembrou que a Lei 18.185, de 2009, veio dar garantias aos contratados temporários do Estado, como o direito ao processo administrativo. "A decisão foi absurda, arbitrária e ilegal", afirmou. Sargento Rodrigues disse ainda que gostaria que o Ministério Público fosse atuante no caso, questionando a legalidade das demissões.

Subsecretário sugere que demitidos participem de nova seleção

O subsecretário argumentou que os exageros cometidos pelo movimento grevista, como o bloqueio do acesso de viaturas e de familiares de presos a algumas unidades prisionais, além de atos de destruição, motivaram a rescisão de 336 contratos. Desse número, 105 agentes foram reincorporados por não terem participado da greve. Genilson Zeferino afirmou que a lei determina a requalificação dos funcionários antes de iniciarem um novo contrato de trabalho. "A requalificação não é uma medida de retaliação nem de caça às bruxas", acrescentou. Na opinião do subsecretário, esses agentes reprovados nos testes devem fazer outra tentativa agora, quando o Estado vai abrir seleção para novos contratos. "Não temos motivos para impedir o retorno de vocês", disse.

O direito dos demitidos à ampla defesa em processo administrativo foi reforçado pelo deputado Vanderlei Miranda, para quem a exigência de requalificação soou como uma medida para dificultar o retorno deles às atividades. O deputado também criticou o uso de fotos em relatórios contra alguns agentes, em que não é possível identificá-los claramente. O deputado Zé Maia (PSDB) tem opinião diferente. Para ele, a questão da greve não está mais em discussão. "Os agentes não foram impedidos de voltar ao trabalho por conta dos episódios ocorridos durante a greve, mas porque não se mostraram aptos para exercer a atividade", argumentou. Ele acredita que a recontratação dos agentes, contrariando os laudos técnicos, poderia ser um risco para a segurança pública.

O deputado Lafayette de Andrada (PSDB) destacou que os entendimentos possibilitaram que cerca de 90% dos demitidos pudessem retornar ao trabalho. "Os demais tiveram a mesma oportunidade e não foram aprovados no teste", continuou. Na mesma linha, o chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Defesa Social, Robson Lucas da Silva, defendeu que não houve descumprimento do acordo feito com os deputados em 2009. "Todos os demitidos tiveram a oportunidade de requalificação", avaliou. Ele também afirmou que a greve foi considerada ilegal pelo Tribunal de Justiça, que acompanhou entendimento do Supremo Tribunal Federal de que os trabalhadores do sistema de segurança pública não podem fazer greve.

Ameaças - O representante dos agentes penitenciários, Ronan Rodrigues da Silva, defendeu a valorização da categoria. Segundo ele, muitos benefícios, sobretudo em relação às condições de trabalho, foram obtidos nos últimos anos, mas ainda há muitos problemas. Ele citou a falta de diálogo com o governo e as perseguições sofridas pelo agentes. Ronan da Silva informou que quatro deles estão jurados de morte por presos. Ele pediu negociação e negou as acusações de badernas praticadas por grevistas.

Também ameaçado de morte, o ex-agente Altamir Carlos da Silva Oliveira disse que está vivendo na rua desde o dia 28 de fevereiro. Ele mora no Jardim Teresópolis e uma gangue de presidiários teria dito que o mataria se ele voltasse para casa. O deputado Sargento Rodrigues apresentou requerimento para inclui-lo no Programa de Proteção às Vítimas e Testemunhas, bem como para solicitar o empenho do chefe de Polícia Civil na investigação e responsabilização dos envolvidos.

O deputado João Leite (PSDB) lembrou que o Programa Estadual de Proteção, Auxílio e Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita), originado de projeto de sua autoria, adota medidas bem sérias, como a acomodação da vítima em outro Estado e até a troca de identidade. O deputado Durval Ângelo lembrou a atuação da ALMG sempre ao lado dos agentes penitenciários em vários momentos de luta da categoria e defendeu os direitos desses servidores. Em relação aos demitidos, o parlamentar acredita que o caminho é de negociação. Também o deputado João Leite disse que o que se busca é o entendimento. "Nós não apelamos pela via judicial, e sim pelo caminho do entendimento", concluiu.

Requerimentos - Durante a reunião foram aprovados vários requerimentos. O deputado Durval Ângelo solicita reunião com representantes da Cemig sobre a situação das 120 famílias ameaçadas de despejo no bairro Havaí. Ele também pediu a realização de audiência pública para apurar denúncias de violação de direitos humanos e criminalização do movimento de estudantes da UFMG. O deputado Sargento Rodrigues também pediu audiência pública para apurar denúncia de assédio moral e agressão contra agente penitenciário na Penitenciária Agostinho de Oliveira Júnior, em Unaí (Noroeste de Minas).

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Vanderlei Miranda (PMDB), Sargento Rodrigues (PDT), Zé Maia, Domingos Sávio, João Leite e Lafayette de Andrada, todos do PSDB; e deputada Maria Tereza Lara (PT). Também participaram da reunião o superintendente da Escola de Formação e Aperfeiçoamento do Sistema Prisional e Socioeducativo, coronel Odilon de Sousa Couto; o diretor de Formação e Capacitação do Sistema Prisional do Estado, capitão José Vildes Fonseca Jardim; o assessor-chefe da Suapi, Samuel Marcelino de Oliveira Júnior; e o diretor-geral de Segurança do Sistema Prisional do Estado, Luiz Carlos Danunzio.

 

 

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