Morosidade frustra assentados rurais de Barra do Guaicuí

A situação de 224 famílias que vivem em pré-assentamentos (PAs) rurais em Várzea da Palma mudou muito pouco desde nov...

17/03/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Morosidade frustra assentados rurais de Barra do Guaicuí

A situação de 224 famílias que vivem em pré-assentamentos (PAs) rurais em Várzea da Palma mudou muito pouco desde novembro do ano passado. Fome, miséria, falta de assistência técnica e descaso dos órgãos públicos foram relatados por representantes dos assentados durante reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quarta-feira (17/3/10). A audiência, requerida pelo deputado Célio Moreira (PSDB), teve o objetivo de verificar o cumprimento de compromissos assumidos pelos órgãos governamentais na última reunião, realizada em 16 de novembro de 2009.

As famílias receberam há sete anos o direito de ocupar uma área improdutiva no distrito de Barra do Guaicuí, em Várzea da Palma (Norte de Minas). Mas até hoje elas não podem plantar e nem mesmo construir suas moradias, pois a regularização dos terrenos que vão pertencer a cada família ainda não foi feita. Depois do parcelamento da área, a ser executado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a autorização para uso do solo dependerá de licenciamento ambiental, de responsabilidade do Estado. Só então será liberada a verba para que os assentados possam construir suas casas e começar a produzir.

O único avanço registrado desde novembro foi trazido pelo geógrafo do Incra, Arnaldo José Santa Cruz Júnior. Ele fez questão de dizer que não falava em nome do órgão em que trabalha, mas informou que o anteprojeto de parcelamento de dois dos mais de 60 pré-assentamentos rurais sob sua responsabilidade já estão prontos: Tanque Mãe D'Água e Rompe Dia. Porém, o trabalho depende ainda de aprovação do Incra para só então ser encaminhado ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), que vai dar início ao processo de licenciamento ambiental.

Fora essa novidade, a reunião se resumiu a uma cópia da audiência realizada em novembro, disse o prefeito de Várzea da Palma, Luiz Antônio de Souza, que criticou o "jogo de empurra" dos órgãos públicos, colocando uns nos outros a culpa pela morosidade do processo. "Essas pessoas saíram de Barra do Guaicuí à meia-noite, viajaram quase 400 quilômetros para ouvir a mesma coisa", criticou. O deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, pediu a ele que providencie uma assistência emergencial para amenizar a situação de miséria que assola aquelas famílias.

O deputado Célio Moreira e a deputada Ana Maria Resende (PSDB) lamentaram a "realidade desumana" vivida pelos assentados. Moreira reclamou da ausência do presidente do Incra na reunião, destacando a sua falta de respeito às famílias. Ana Maria lembrou que a reforma agrária não é uma realidade no Brasil porque os assentamentos rurais são feitos em locais onde as pessoas podem simplesmente ser esquecidas pelo poder público.

Os participantes concordaram com a sugestão do prefeito, que pediu que o Ministério Público faça a intermediação de um termo de ajustamento de conduta (TAC) determinando as obrigações de cada órgão envolvido e a data para sua efetivação.

O espírito ordeiro e pacífico dos assentados, mesmo diante de tanta dificuldade, foi ressaltado pelo vereador de Várzea da Palma Jairo Fraga Teixeira. Os representantes das famílias que vieram a Belo Horizonte se propuseram a sair da ALMG e se dirigir à sede do Incra, a fim de obter respostas para o problema.

Requerimentos - Diversos requerimentos de providências em relação a esse tema foram aprovados. Além deles, a comissão aprovou um requerimento do deputado Célio Moreira para que seja enviado um pedido às emissoras de TV Alterosa e Record de cópias das imagens da invasão de policiais a residências da Vila Pinho, no Barreiro, em Belo Horizonte, no dia 19 de fevereiro. Em uma audiência pública da comissão, marcada para 5 de abril, será debatida a denúncia de abuso de autoridade e ameaças que teriam sido praticados por militares da Rotam. Outro requerimento, da deputada Ana Maria Resende, pede a presença da comissão no lançamento do livro Direito de Ter Direitos, do deputado Durval Ângelo, no Hotel Actual, em Contagem, no dia 30 de março.

Além disso, requerimentos apresentados na audiência pública da comissão realizada em na última segunda-feira (15) em Lagoa Santa também foram aprovados. São eles:

* Envio das notas taquigráficas da reunião aos seguintes órgãos: Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Comitê da Bacia do Rio das Velhas, Projeto Manuelzão, Ministério das Cidades e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru);

* Pedido de esclarecimentos à Sedru e ao Ministério das Cidades sobre a realização, no mesmo horário e mesma data da audiência pública em Lagoa Santa, de uma reunião para debater o Plano de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais de Lagoa Santa;

* Pedido ao Ministério das Cidades no sentido de que o Plano de Reabilitação seja feito com a participação da população de Lagoa Santa;

* Moção de aplauso à Câmara Municipal de Lagoa Santa pela coragem de rever a decisão de autorizar, por lei, a autorização de edificação de construções com até cinco pavimentos na orla da lagoa central;

* Pedido de agilidade nas providências para o tombamento da lagoa central de Lagoa Santa como patrimônio cultural do Estado;

* Solicitação ao Ministério Público para que seja embargado qualquer projeto arquitetônico com mais de dois pavimentos já aprovado para o entorno da lagoa central, em Lagoa Santa;

* Pedido ao Ministério Público para que investigue a denúncia de que o prefeito de Lagoa Santa, Rogério Avelar, teria ampliado os limites de alcance da lei aprovada pela Câmara Municipal que autoriza a edificação de construções com até cinco pavimentos na orla da lagoa central.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Célio Moreira (PSDB) e deputada Ana Maria Resende (PSDB). Participaram ainda a presidente do PA Tanque Rompe Dia, Maria Magilde Silva Resende; o presidente do PA Mãe D'Água, Francisco Ferreira de Novais; o membro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Várzea da Palma José Domingos Martins; o técnico da Emater Milton Flávio Nunes; e o diretor de Monitoramento e Fiscalização Ambiental do IEF, João Paulo Sarmento.

 

 

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