Comissão sugere transferência de imóveis da Minascaixa para fundo

A transferência para o Fundo Estadual de Habitação da administração de quase 1 mil imóveis financiados pela extinta M...

16/03/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão sugere transferência de imóveis da Minascaixa para fundo

A transferência para o Fundo Estadual de Habitação da administração de quase 1 mil imóveis financiados pela extinta Minascaixa pode ser a saída para moradores dessas casas e apartamentos, atualmente ameaçados de despejo. A sugestão foi apresentada nesta terça-feira (16/3/10), durante audiência pública da Comissão Especial da Minascaixa, criada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais para analisar a situação dos imóveis.

O drama dos moradores começou com a extinção da Minascaixa pelo Governo do Estado, em 1998. Alguns deixaram de pagar suas prestações, alegando não terem sido informados sobre como proceder. Outros revenderam os imóveis por meio de contratos particulares de compra e venda, sem a transmissão de posse e a quitação do financiamento. No entanto, por força de lei, os imóveis, direitos e créditos remanescentes do banco passaram a ser administrados pela empresa estadual MGI Participações, que iniciou a liquidação desses ativos.

Quem sugeriu a transferência dos bens da MGI para o Fundo de Habitação foi o deputado Dilzon Melo (PTB). Na opinião dele, a empresa não pode fazer outra coisa senão liquidar os bens, que, entretanto, representam pouco para o Estado, em termos de recursos financeiros. "A MGI tem em mãos uma bomba, que se configura como um problema social", afirmou.

Dilzon Melo acrescentou que a Companhia de Habitação de Minas Gerais (Cohab-MG) também não é o órgão indicado para resolver o problema, uma vez que muitos moradores dos imóveis não estariam aptos a receber auxílio, por não se enquadrarem em critérios sociais de concessão de moradia. Por isso, o deputado considera que o Fundo Estadual de Habitação deve ser o responsável por analisar a situação de cada morador, para decidir os casos em que cabe renegociação ou perdão da dívida.

Conjuntos habitacionais - O gerente de Comercialização de Bens da MGI, Ricardo Lopes de Alvarenga, concordou com a avaliação do deputado, mas sugeriu que a comissão concentre o trabalho nos imóveis situados em conjuntos habitacionais, ocupados por moradores de baixa renda. Ele afirmou que a empresa cumpre a lei, ao efetuar os leilões de casas e apartamentos.

O vice-presidente da Comissão Especial, deputado Agostinho Patrus Filho (PV), perguntou a Alvarenga qual o número de imóveis nessa situação e quantos foram revendidos. De acordo com o gerente da MGI, a empresa administra 984 imóveis da extinta Minascaixa, dos quais 607 estão localizados em conjuntos habitacionais. Ele disse que não há um levantamento sobre quantos são ocupados por moradores originais e quantos foram revendidos.

Alguns representantes de famílias que vivem em imóveis remanescentes da Minascaixa em Santana do Paraíso (Vale do Aço) participaram da audiência pública e reivindicaram anistia das dívidas. O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Residencial Paraíso, Albeni Martins Lisboa, disse que a maioria dos moradores do local tem renda em torno de um salário mínimo e é incapaz de assumir um financiamento. "Se eu perder minha casa, tenho que ir para debaixo da ponte. Isto é uma injustiça, porque eu paguei por ela. Não paguei para o Estado, mas paguei para outra pessoa", declarou o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Águas Claras, Varley Cândido de Assis.

Propriedades rurais - O relator da Comissão Especial, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), questionou o fato de haver imóveis rurais na relação entregue pela MGI à Assembleia. Segundo o gerente de Comercialização de Bens da empresa, trata-se de sítios e fazendas incorporados ao patrimônio da MGI por meio de decisões judiciais, sem o impacto social verificado no caso dos imóveis de conjuntos habitacionais.

Por causa das dúvidas sobre alguns desses bens, a deputada Cecília Ferramenta (PT), que preside a comissão, apresentou requerimento solicitando à MGI o fornecimento de informações detalhadas sobre a situação de cada imóvel. O pedido foi aprovado pela comissão.

Cecília Ferramenta afirmou que o Estado deve encarar o problema sob o ponto de vista social. Segundo a deputada, a maioria dos moradores dessas casas e apartamentos são pessoas de baixa renda, sem acesso a informações e orientação jurídica. Ela disse acreditar que a Comissão Especial da Minascaixa vai encontrar uma saída favorável ao Estado, à MGI e aos moradores.

A deputada é coautora do requerimento para a realização da audiência desta terça-feira (16), juntamente com Dalmo Ribeiro Silva.

Presenças - Deputada Cecília Ferramenta (PT), presidente da comissão; deputados Agostinho Patrus Filho (PV), vice-presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), relator; e Dilzon Melo (PTB). Também estiveram presentes o subsecretário de Estado de Desenvolvimento Regional e Urbano, Alencar Santos Viana Filho; o superintendente central de Operações Oficiais de Crédito da Secretaria de Estado da Fazenda, Kléber Antônio de Campos; e o prefeito de Santana do Paraíso, Joaquim Correia de Melo.

 

 

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