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Entusiasmo dá o tom do Expresso Cidadania em Campo
Belo
O entusiasmo dos jovens deu o tom das reuniões do
Expresso Cidadania em Campo Belo (Centro-Oeste do Estado) nesta
sexta-feira (12/3/10). O projeto reuniu cerca de 400 alunos das
Escolas Estaduais Padre Alberto Fuger (Polivalente) e Presidente
Kennedy, da vizinha cidade de Candeias. Foi a terceira parada do
Expresso Cidadania, que começou em Barbacena, passou por Varginha e
depois de Campo Belo segue para Patrocínio.
O Expresso Cidadania, projeto da ALMG em parceria
com a Secretaria de Estado de Educação e o Tribunal Regional
Eleitoral (TRE-MG), tem o objetivo de estimular a participação
política, promover o cadastramento eleitoral de jovens de 16 e 17
anos, para quem voto é facultativo, e difundir o tema da cidadania e
da participação política nas escolas. A primeira edição aconteceu em
2008, quando foram mobilizados 19 mil alunos. Nesta edição, o
expresso deve visitar 16 cidades e envolver 46 mil alunos.
Em Campo Belo, os alunos responderam com entusiasmo
às palestras da juíza eleitoral Célia Maria Andrade Freitas Correia,
do professor Léo Noronha, da Escola do Legislativo, e do ator Marcos
Frota, mestre de cerimônias do projeto. Mas os jovens se soltam
mesmo durante a apresentação do esquete teatral dos servidores
Cláudia Bento e Ludovikus Moreira, que ao lado dos músicos e atores
Mamão Mamede, Estevão Reis e Flávio Ferreira, falam de cidadania, da
importância do voto e da participação política de forma lúdica, com
música e dança.
A juíza Célia Maria lembrou a importância de se
tirar o título eleitoral até 5 de maio, como prevê a legislação
eleitoral. Destacando que o mandato pertence ao eleitor, Célia Maria
garantiu aos alunos que quem tem o poder é o cidadão. "Basta ver o
exemplo de muitos idosos que quando completam 70 anos não precisam
mais votar e, no entanto, estão sempre presentes em todas as
eleições. É o mesmo caso do jovem de 16 e 17 anos, que não precisa
votar mas deveria, porque começa mais cedo a exercer seus direitos
plenamente", afirmou.
Diretores recomendam formação permanente
A formação permanente sobre cidadania e política
por meio de projetos das próprias escolas foi defendida pelo diretor
da Escola Presidente Kennedy, Daucleber Diniz Alves, e pela diretora
da Escola Alberto Fuger, Rosália Sousa Vilela. Ambos defenderam
projetos nessa área de forma mais sistemática, como forma de
empolgar os alunos.
Daucleber Alves disse que em sua escola, na pequena
cidade de Candeias, há uma preocupação permanente com cidadania.
Professor de História, ele disse que na Escola Presidente Kennedy a
formação em cidadania já é trabalhada, pois alunos de 16 e 17 anos
são levados ao cartório eleitoral para tirarem o título,
principalmente nas eleições municipais. Daucleber contou ainda que
neste ano a escola fará um projeto de simulação da eleição
presidencial, em que os alunos deverão estudar os programas de
governo dos candidatos reais e defendê-los em um debate.
Já a diretora do Polivalente, Rosália Vilela, quer
que a experiência do Expresso Cidadania possa ser replicada para o
restante da escola. Ela quer ter acesso ao material produzido pelo
Expresso para ser repassado a todos que não participaram
presencialmente. Segundo ela, há certa apatia entre os alunos com a
política, mas ela tem expectativa de que após o Expresso haja um
interesse maior. "Projetos como este tinham que ser mais
constantes", acrescentou.
Os alunos Erivelton Fernandes Lima, de 16 anos, e
Agnes Priscila Martins de Morais, de 17 anos, do Polivalente de
Campo Belo, gostaram das apresentações e mostraram curiosidade com
as oficinas que se seguiram às palestras. Para Agnes, o teatro e as
palestras são importantes, "porque abrem a visão sobre o que é
cidadania", enquanto Erivelton acrescenta que votar é um direito,
mas é preciso exigir mais honestidade dos candidatos. Ambos iriam
fazer o título de eleitor.
Oficina da palavra resgata conceitos políticos do
cotidiano
Das três oficinas disponibilizadas aos alunos após
as palestras, a da Palavra tem três oficineiros com formação
multidisciplinar: Carla Germana Cota, arte-educadora e artista
plástica; Antônio Carlos Maia, historiador; e Meire Regina Pacheco,
atriz formada em Letras. Os três concordam em um ponto: o
desinteresse dos jovens pela política é grande. "A política está
sempre associada à corrupção", destaca Carla.
Trabalhando com textos de revistas e jornais, a
oficina da Palavra estimula a linguagem dos jovens, além de
trabalhar um discurso político e de conscientização sobre a situação
do País, de acordo com definição de Carla. Segundo Antônio Carlos,
os jovens chegam meio temerosos no início, mas depois mudam a
postura. Para Meire Regina, muito dessa "indiferença" atribuída aos
jovens é falta de terem um espaço de diálogo. "Os jovens precisam
ser ouvidos, porque quando percebem que a política não está no campo
do outro, mas no seu próprio, eles mudam", completa.
Números - Campo Belo
pertence à 64ª Zona Eleitoral, que compreende ainda as cidades de
Santana do Jacaré, Aguanil e Cristais. Ao todo são 55 mil eleitores
nessa região, segundo o chefe do cartório de Campo Belo, Frederico
Amaral Fontes. Em Campo Belo são 39.218 eleitores, e desse total,
315 são jovens de 16 e 17 anos, de acordo com dados do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Para Frederico Fontes, nos anos eleitorais
há sempre uma movimentação maior de cadastramento eleitoral.
"Principalmente nas eleições municipais, devido às campanhas do TRE,
dos candidatos e mesmo por causa das relações familiares", disse. Em
um dia completo de atividades (manhã, tarde e noite) foram atendidos
480 alunos e emitidos 125 títulos.
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