Casos de dengue aumentam em várias regiões de Minas

Os casos de dengue em Minas Gerais tiveram um aumento de 123% neste ano em relação aos meses correspondentes do ano p...

10/03/2010 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Casos de dengue aumentam em várias regiões de Minas

Os casos de dengue em Minas Gerais tiveram um aumento de 123% neste ano em relação aos meses correspondentes do ano passado, prenunciando uma epidemia comparável à maior da história, que ocorreu em 1998, com 147.418 casos notificados. Até 9 de março, ou seja, nas dez primeiras semanas do ano, já foram notificados 39.135 casos. Ações preventivas que mobilizem os municípios, com apoio técnico do Estado e recursos financeiros da União, serão necessárias para evitar que a situação se agrave.

Estas foram as principais revelações da audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada na manhã desta quarta-feira (10/3/10). As cidades mais afetadas, em número de casos, são Belo Horizonte (5.011), Montes Claros (3.953), Carangola (2.234), Betim (1.959), Arcos (1.947) e Pirapora (1.578). Proporcionalmente à população, Pirapora salta para o primeiro lugar.

A situação é crítica também na regional Divinópolis (Gerência Regional de Saúde de Divinópolis, composta por 54 cidades), com 8.275 casos notificados, segundo o deputado Doutor Rinaldo (PSL), autor do requerimento da audiência. "Em apenas dois bairros, Danilo Passos 1 e 2, já foram registrados neste ano metade de todos os casos da cidade no ano passado", preocupa-se o deputado, que considera a região Centro-Oeste mais atingida pela doença.

O deputado Ruy Muniz (DEM), por sua vez, reivindica maior atenção para o Norte de Minas, especialmente Montes Claros. "Para cada caso notificado, há dez que não o são. Ou seja, estamos enfrentando uma epidemia que já atinge 30 mil montesclarenses. Chega de maquilagem, de dizer que a saúde em Minas vai muito bem, porque não vai. É preciso admitir a deficiência do serviço e encontrar soluções adequadas", exortou o deputado.

Dengue veio nos navios negreiros

A subsecretária de Estado de Vigilância e Saúde, Gisele Bahia, disse que a dengue veio para o Brasil ainda na época da colônia, dentro dos navios negreiros, e é uma doença difícil de erradicar, porque cada mosquito pode pôr 450 ovos, os quais sobrevivem em local seco por um ano, eclodindo quando chove. "Estão circulando no Brasil os vírus 1, 2 e 3. E na Amazônia já surgiu o vírus tipo 4. É preciso mudar a cultura, aumentar a conscientização e cuidar da dengue o ano inteiro. Minas avança no controle, mas não é suficiente", admitiu. Gisele Bahia informou também sobre a aquisição de veículos, equipamentos e treinamento de pessoal para combate à dengue.

Francisco Lemos, superintendente de Epidemiologia, fez detalhada exposição dos números da dengue no Estado, estimando que 3 milhões de mineiros já tiveram contato com o vírus da dengue. Ao todo, nove pessoas perderam a vida, sendo duas pela forma hemorrágica. Segundo seus dados, há 15 municípios definidos para ação prioritária, e esses receberam reforço de orçamento entre 20% e 40%. Araguari seria o principal criadouro do Aedes aegypti no Estado.

Na avaliação do deputado Fahim Sawan (PSDB), 20 municípios mineiros detêm 70% dos casos de dengue este ano. Sua cidade, Uberaba, estaria com 1.988 casos notificados e cerca de 400 confirmados. "Há três anos houve epidemia em Uberaba, com cerca de 40 a 50 mil casos, inclusive cinco mortes", afirmou. Um projeto de lei de sua autoria, que tramita na Assembleia, cria a Semana Estadual de Promoção da Higiene, com o objetivo de evitar doenças através da limpeza, inclusive a gripe H1N1.

O deputado Ruy Muniz levantou uma polêmica com as autoridades de saúde presentes à reunião, sustentando que Minas lidera os casos de dengue da Região Sudeste, com 70% das ocorrências. Mostrou dados fornecidos pelas secretarias estaduais de saúde ao Ministério da Saúde, disponíveis no site daquele órgão. Francisco Lemos disse que Minas não mascara dados, mas que São Paulo, por exemplo, informa apenas os casos confirmados, e não os notificados. Gisele Bahia ajuntou que a cidade do Rio de Janeiro, sozinha, teve em apenas um ano 300 mil casos notificados, sendo que Minas inteira, em doze anos, somou 371 mil casos.

Mutirão em Cláudio e 'arrastões' de estudantes

Um bom exemplo de combate à dengue vem de Cláudio, na região Centro-Oeste, muito atingida. Apenas um caso de dengue foi registrado na cidade, e mesmo assim importado de cidade vizinha. A chefe da Vigilância Epidemiológica e Sanitária, Girlene Alves, disse que a prefeitura promove mutirões de limpeza dos bairros com maior grau de incidência, e juntamente com os alunos da rede escolar promove "arrastões" para esvaziar terrenos baldios e até invadir quintais com ordem judicial.

O exemplo de Cláudio foi tomado pelo presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Mosconi (PSDB), para reforçar sua tese de que não é o clima mais frio que preserva as cidades da dengue, e sim a limpeza urbana. "O grande problema é o lixo. Quando uma cidade sofre uma enchente, a primeira coisa que vemos é a quantidade de lixo boiando nas águas, as garrafas pet que são criatórios de mosquitos".

Mosconi defende que não há combate eficiente sem encarar o problema do lixo. "A implantação de políticas preventivas está nas mãos dos municípios, prioritariamente. O Estado não tem como dar uma atenção primorosa a todos os 853 municípios", afirmou.

Requerimentos - Dois requerimentos foram aprovados na reunião. O primeiro, do deputado Doutor Rinaldo, pede o envio de ofício de congratulações à Funorte pela criação de uma pós-graduação em Odontologia. O segundo, do deputado Ruy Muniz, solicita à Secretaria de Estado de Saúde a criação de uma força-tarefa para fazer o levantamento diário da dengue, de modo a intensificar imediatamente as ações nas regiões mais afetadas do Estado.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice-presidente; Doutor Rinaldo (PSL), Fahim Sawan (PSDB), Ruy Muniz (DEM) e Adelmo Carneiro Leão (PT). Também participaram da reunião Eulino Veloso, representante da prefeitura de Divinópolis; e a ex-deputada Maria Lúcia Mendonça.

 

 

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