Expresso Cidadania estimula conscientização política em
Varginha
Um aluno que se expressou por meio de um rap
elaborado na hora quando foi chamado ao palco, na edição da
noite de segunda-feira (8). Um público jovem que dançou e entrou no
ritmo da apresentação teatral, depois de ter participado pela
segunda vez das atividades. Dois alunos, um com deficiência auditiva
e outro visual, participando intensamente. O segundo dia do Expresso
Cidadania em Varginha reuniu centenas de alunos pela manhã e à tarde
desta terça-feira (9/3/10).
O Expresso Cidadania, projeto da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais em parceria com a Secretaria de Estado
de Educação e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), tem o objetivo
de estimular a participação política, promover o cadastramento
eleitoral de jovens de 16 e 17 anos, para quem o voto é facultativo,
e difundir o tema da cidadania e da participação política nas
escolas. A primeira edição aconteceu em 2008, quando foram
mobilizados cerca de 19 mil alunos. Nesta edição, o Expresso deve
visitar 16 cidades e envolver 46 mil alunos. Já foram feitas visitas
em Barbacena (dois dias), Varginha (dois dias) e a próxima parada
acontece nesta sexta-feira (13) em Campo Belo (Centro-Oeste do
Estado).
Atentos às palavras do ator Marcos Frota, que é o
mestre de cerimônias do projeto, do juiz eleitoral José Donizeti
Franco ou do professor Léo Noronha, da Escola do Legislativo, os
alunos se soltam no momento da apresentação teatral. Os jovens
dançam e acompanham a trupe que se desdobra no palco com uma
mensagem forte sobre participação política. A mensagem dos
palestrantes incentiva a participação política, o voto com
responsabilidade e a importância da juventude para o destino do
País.
Esquete utiliza metodologia socrática de
ensino
Integrado pelos servidores da Assembleia Cláudia
Bento e Ludovikus Moreira, o grupo teatral que apresenta o esquete é
o que mais empolga os alunos e recebe os elogios dos professores que
os acompanham. A ideia de ensinar com diversão é uma herança dos
ensinamentos de Sócrates, segundo Ludovikus, que interpreta
justamente o filósofo grego no texto escrito por Cláudia Bento.
Com longa experiência teatral, Cláudia Bento montou
uma pequena apresentação teatral, com características da commedia
dell arte, em que uma professora vai ensinar noções de cidadania
através da "hora cívica", prática bastante difundida de ensino de
Educação Moral e Cívica nos anos da ditadura. A chegada de Sócrates
à cena e a irreverência dos "alunos" (os atores Mamão Mamede,
Estêvão Reis e Flávio Ferreira) mudam a concepção do ensino. Com uma
música simples e instrumentos como um tambor, um sax e uma
clarineta, os "alunos" subvertem a ordem e convencem a professora de
que cidadania é uma ação participativa.
É nesse momento que os alunos das escolas Deputado
Domingos Figueiredo, Pedro Alcântara, Aracy de Miranda e Brasil se
empolgam. "Este modelo está funcionando bem", comenta Ludovikus.
Segundo ele, a escolha pelo teatro foi pensada antes, diante da
ideia de que Sócrates conversava com os jovens, que eram proibidos
de qualquer participação política na Grécia. "A mensagem é passada
de forma lúdica, porque o conhecimento não está separado da
diversão. A palavra escola (ecolé, em grego) significa diversão",
completa Ludovikus.
'Jovens estão alienados e só vão mudar mais à
frente'
Para o aluno Roberto da Silva Constantino, da
Escola Estadual Pedro de Alcântara, de 17 anos, os jovens estão
alienados e "só vão mudar mais à frente". Deficiente visual, Roberto
disse ter tirado seu título aos 16 anos. "Votei em 2008, mas tenho
consciência de que os jovens estão muito alienados, poucos são os
que participam". Para ele, a conscientização política tem que
começar em casa e depois se estender à escola. Acompanhando Roberto
Constantino, a professora de Química Roseli Nogueira do Amaral disse
que o nível de participação política entre os jovens é muito baixo.
"Daí a importância de projetos como o Expresso Cidadania, que
deveriam acontecer mais vezes, ou serem replicados pelas escolas",
defendeu.
Acompanhado pela intérprete de Libras (Linguagem
Brasileira de Sinais) Juliana Boaventura, o deficiente auditivo
Thiago Francisco, de 22 anos, informou pela intérprete ter gostado
muito da apresentação. Também ele tirou o título de eleitor aos 16
anos. Thiago manifestou sua aprovação com a movimentação teatral e a
mensagem passada.
Números - Todos os alunos
participaram das oficinas de imagem, som e palavra, além do
Caleidoscópio, onde assistiram a vídeos sobre desastres ambientais e
soluções simples para esses problemas. A passagem do Expresso
Cidadania por Varginha em dois dias resultou no atendimento de 766
alunos e 227 títulos eleitorais confeccionados.
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