Aprovados pareceres de indicação de 12 nomes ao Conselho de Educação

Os 12 indicados para compor o Conselho Estadual de Educação (CEE) receberam, em duas reuniões esta quinta-feira (25/2...

25/02/2010 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Aprovados pareceres de indicação de 12 nomes ao Conselho de Educação

Os 12 indicados para compor o Conselho Estadual de Educação (CEE) receberam, em duas reuniões esta quinta-feira (25/2/10), pareceres favoráveis da Comissão Especial que analisa o assunto na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. À tarde, foram sabatinadas as educadoras Maria Aparecida Sanchez Coelho, Keyla Mayumi Ferreira Matsumura de Melo, Arminda Rosa Rodrigues da Matta Machado e Magda Lopes Campbel. Pela manhã, já haviam sido ouvidas Suely Duque Rodarte, Irene de Melo Pinheiro, Avani Avelar Xavier Lanza e Rosane Marques Crespo Costa. Os pareceres favoráveis à indicação dessas oito educadoras foram aprovados na reunião da tarde.

Já os pareceres pela indicação de Sebastião Antônio dos Reis e Silva, Ângela Imaculada de Freitas Dalben, Faiçal David Freire Chequer e Tomaz de Andrade Nogueira, ouvidos no dia 9/2, foram aprovados na reunião desta quinta de manhã. Com isso, foram concluídas as sabatinas dos 12 indicados ao CEE. Os 12 pareceres seguem agora para votação em Plenário. O Conselho Estadual de Educação é composto de 24 cadeiras, das quais 12 serão renovadas este ano.

A primeira sabatinada à tarde foi a professora Maria Aparecida Sanchez. Ela é bacharel em Letras Neolatinas pela PUC Rio e mestre em Lettres Modernes pela Universidade de Lyon, na França, dentre outros títulos. Foi professora de línguas, com destaque para o francês, em diversas instituições, tais como a Faculdade de Letras de Itajubá, a Universidade Santa Úrsula (RJ) e a Escola Federal de Engenharia de Itajubá. Maria Aparecida já atua no Conselho Estadual e está sendo reconduzida. A professora disse que vem aprendendo muito no órgão, onde encontrou pessoas com variadas formações.

O deputado Carlin Moura (PCdoB) pediu a Maria Aparecida uma avaliação sobre o processo de desvalorização da língua portuguesa, em curso no Brasil, com a quase imposição do inglês como língua dominante. Ela concordou com o parlamentar e comparou o País com a França. "O carinho do povo francês com a língua é um fato", disse. Segundo ela, o português vem sendo maltratado e atualmente, mais ainda, com a internet.

Educação profissionalizante pode reduzir evasão

A professora Keyla Ferreira, graduada em pedagogia pela UFMG, pós-graduada e mestre em Educação e Tecnologia pelo Cefet-MG, foi a segunda arguida. Sua experiência profissional mais marcante foi no Serviço Social da Indústria (Sesi), onde foi professora, supervisora pedagógica, consultora e gerente de educação básica.

O deputado Lafayette de Andrada (PSDB) perguntou se a ampliação do ensino profissionalizante seria uma boa forma de reduzir a evasão escolar no ensino médio. Keyla respondeu que, pela sua experiência no Sesi, pode afirmar que a educação profissionalizante é um bom caminho para reduzir a evasão, que é bem menor na entidade que no ensino médio comum. "Quando um aluno aprende, na prática, como funciona um circuito elétrico, ele acaba se interessando também por estudar física, química e outras matérias relacionadas com o assunto", afirmou.

Tratando também da educação profissionalizante, o deputado Carlin Moura pediu a Keyla Ferreira para avaliar o Programa de Educação Profissional (PEP), do governo do Estado, que trabalha em parceria com entidades privadas e não com estrutura própria para realizar os cursos. A educadora aprovou o PEP, através do qual o Estado tem convênio com o próprio Senai. "As parcerias firmadas são uma boa opção para ampliar a abrangência do ensino profissionalizante. O próprio Plano Decenal de Educação prevê isso", declarou ela.

Arminda Matta Machado trabalhou em escolas alternativas

Arminda Rosa Rodrigues da Matta Machado possui vários títulos na área de Psicologia, entre eles um mestrado pela PUCMinas e especialização em Psicologia da Infância e Adolescência, além de ter estudado Psicanálise no Instituto Psicanalítico. Ela já é membro do Conselho Estadual de Educação, onde integra a Câmara de Ensino Fundamental.

Apesar dessa formação, a professora disse aos deputados que sempre se dedicou ao ensino fundamental. Trabalhou em Itabira, numa fundação mantida pela empresa Vale, e numa escola ribeirinha do Estado do Pará. Em Belo Horizonte, teve várias passagens pelas escolas alternativas que marcaram época: a Albert Einstein e a Escola da Serra. Foi dona da escola infantil Balão Vermelho.

Ao relatar à Comissão sua experiência no Conselho, disse que não é aquela instância meramente burocrática como muitos julgam. "A legislação do ensino é vasta, complicada e às vezes contraditória. Por isso, nossos pareceres têm que ser muito criteriosos", afirmou.

O deputado Carlin Moura disse que sua formação em Psicologia chamava a atenção, e aproveitou para incluir um tema que preocupa pais e dirigentes das escolas: o chamado assédio moral, ou "bullying", onde alunos valentões intimidam e humilham colegas e até professores. Pesquisa citada pelo deputado aponta que três entre dez alunos são vítimas desse tipo de constrangimento, e Belo Horizonte seria a segunda capital do Brasil onde isso é mais frequente.

Arminda Matta Machado considera que o "bullying" é reflexo da situação social, que leva os alunos a manifestar sua própria violência. "Criança é como esponja: absorve e reproduz os estímulos que recebe, e as escolas e os professores não estão preparados para isso". A solução, segundo ela, é ter escolas menores e fazer um trabalho constante com os pais de alunos, como viu acontecer em Argirita, na Zona da Mata mineira.

Respondendo ao deputado João Leite sobre a qualidade das escolas particulares e a influência do Conselho sobre elas, a professora Arminda disse que a escola particular é pouco acessível ao Conselho e sua qualidade escapa à legislação.

Magda Campbell quer volta das normalistas

A veterana sindicalista Magda Soares Campbell, com vários mandatos na presidência da Associação dos Professores Públicos de Minas Gerais, foi indicada para a Câmara de Ensino Médio do Conselho em uma das vagas da sociedade civil. Seu currículo traz passagens como diretora técnica em várias escolas de Belo Horizonte, pela Utramig, e participações na Confederação dos Professores do Brasil e no Fórum Permanente da Escola Pública.

Campbell disse que a APP-MG nasceu em 1931, sendo pioneira no Brasil. Em 1962 adquiriu o direito de participar do Conselho Estadual de Educação, mas esse direito foi cassado pelo AI-5. Ela destacou que o Congresso Mineiro de Educação, realizado em 1983, foi um marco que colocou Minas na vanguarda da Educação nacional. Uma das lutas bem-sucedidas foi o piso salarial de três salários mínimos para o professorado. Outra foi a oferta de ensino de segundo grau nas escolas públicas de todo o Estado. Ela lembra que apenas em Belo Horizonte havia ensino gratuito de segundo grau, no Colégio Estadual, no Municipal e no Marconi.

Entre as propostas que defenderá no Conselho, Magda Campbell cita a escola de tempo integral e a melhoria do ensino médio, até chegar a um grau de excelência que permita a seus alunos obterem boa pontuação nos vestibulares. Também gostaria de ver o retorno dos cursos normais para professores, que havia nas maiores cidades do interior, e que considera excelentes.

Quando elogiou os investimentos em educação feitos pelo governo Aécio Neves, Magda recebeu uma crítica do deputado Carlin Moura, que desejava vê-la numa posição mais reivindicativa e sindicalista, como a adotada pelo SindiUte. A professora respondeu que, desde 1931, a APP luta para valorizar o professor e conseguiu aposentadoria para 98 mil professores e serventes designados. "O plano de carreira não atende o que gostaríamos", admitiu Magda Campbell.

O deputado Lafayette Andrada discorreu sobre a dificuldade dos municípios menores de cumprir o preceito constitucional de gastar 25% do orçamento em educação. Para ele, as realidades diferentes deviam ser consideradas na norma, porque pequenas cidades costumam ter apenas uma pequena escola municipal, e o Estado mantém uma grande escola. Carlin Moura protestou também contra essa colocação. Para ele, os municípios deveriam investir mais do que manda a Constituição em educação. Andrada admitiu que grandes investimentos em educação mudam o futuro de um povo. Como exemplo, deu o do Japão, arrasado após a Segunda Guerra Mundial, que investiu pesado na educação e uma geração depois tornava-se potência mundial.

Pareceres aprovados

Encerrada a sabatina dos indicados, os deputados se reuniram para ler e votar os pareceres sobre as indicações. Os pareceres relativos às professoras Suely Duarte Rodarte, Irene Melo Pinheiro, Rosane Marques Crespo e Avani Avelar Xavier tinham como relator o deputado João Leite. Na sua ausência, foram lidos pelo deputado Duarte Bechir (PMN), que teceu elogios a Suely Rodarte, secretária de Educação em Campo Belo no período 2001-04, quando foi prefeito. Os pareceres foram favoráveis e aprovados.

O deputado Carlin Moura deu parecer favorável à recondução de Arminda Matta-Machado. O deputado Lafayette Andrada avocou a si os pareceres de Magda Campbell, Keyla Mayumi Melo e Maria Aparecida Sanchez Coelho. Considerou todas, pela vasta experiência e conhecimentos, aptas a integrarem o Conselho. Todos os pareceres foram aprovados.

Presenças - Deputados Lafayette de Andrada (PSDB), presidente; João Leite (PSDB), vice-presidente; Carlin Moura (PCdoB) e Duarte Bechir (PMN).

 

 

 

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