Especialistas falam da crise da representação durante evento da
ALMG
No segundo dia de painéis direcionados aos
deputados e servidores como parte das ações de Planejamento
Estratégico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para os
próximos dez anos, mestres e doutores em Ciência Política e
Filosofia falaram sobre o tema "Dilemas da representação e o papel
dos parlamentos nas democracias contemporâneas". O mestre e
professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB),
Paulo Roberto da Costa Kramer, considerou a representação no País
como equivocada, uma vez que abre espaço para grupos sociais para
fins ilícitos como os ligados ao tráfico de drogas e milícias. Em
uma análise histórica da democracia e do liberalismo no Brasil e no
mundo, o especialista afirmou que as democracias não liberais tem se
alastrado e que a democracia de audiência, pautada pela influência
da mídia, pode estar se tornando uma tendência.
Crise na representação -
Para o professor e mestre em Ciência Política da Universidade de São
Paulo (USP), Cícero Romão Resende de Araújo, há uma crise da
representação política em curso no mundo, que tem sido uma
oportunidade de revisão do conceito de representatividade. Sobre o
parlamento, ele afirma que o órgão, que sobrevive a séculos de
mudanças políticas, tem a dupla função de representar e governar, o
que gera uma tensão entre a representação das partes e do todo. "A
crise reflete o questionamento do partido, como forma de
representatividade. Hoje, a comunidade acadêmica inicia uma
discussão sobre a desvinculação da democracia à existência dos
partidos políticos, e o parlamento deve estar atento a esse debate",
finalizou.
A discussão dos dilemas da representação a partir
da face da participação política cívica, ou não eleitoral, foi feita
pela professora do Departamento de Ciência Política da Universidade
Federal de Minas Gerais, Cláudia Feres Faria, mestre em Ciência
Política e doutora em Sociologia e Política. Para ela, problemas
como a menor credibilidade dos partidos, os escândalos políticos e a
opacidade dos mandatos sustentariam a chamada crise da
representatividade. Para alguns autores, porém, não seria uma crise,
mas uma "metamorfose" ou requalificação da representação.
Ela acentuou a complexidade de formas do eleitorado
contemporâneo, não mais pensado apenas por sua residência, mas
também por gênero, raça, etc. Com isso, para ela, grupos antes
excluídos tornam-se presentes, requalificando o conceito de
participação. Entre as inovações da ALMG, a professora citou as
Audiências Públicas e as discussões regionais sobre o
PPAG.
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