Prisioneiro evita revelar dados sobre mulheres desaparecidas

Três horas depois de ter começado, a reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerai...

17/12/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Prisioneiro evita revelar dados sobre mulheres desaparecidas

Três horas depois de ter começado, a reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, - que ouviu o interno da Penitenciária Nelson Hungria, José Lúcio de Oliveira Milagre, que acusa a Polícia Civil de várias irregularidades -, terminou com um compromisso: o Ministério Público vai ouvi-lo, formalmente, em cartório. Este foi o compromisso assumido pelo presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), e pelo procurador de Justiça, Gilvan Alves Franco, diante da promessa assumida pelo prisioneiro de revelar o envolvimento de policiais no desaparecimento de mais 43 mulheres, de 1999 a 2001.

A audiência, solicitada ao deputado Durval Ângelo pelo próprio prisioneiro, ex-policial civil expulso após a condenação por estupro e extorsão, foi realizada com o compromisso de José Lúcio Milagre revelar o que ele chama de "dossiê" sobre o desaparecimento de pelo menos quatro mulheres, cujos corpos não foram encontrados até hoje. Investigações da Polícia Civil, comandadas pela titular da Delegacia Especializada em Pessoas Desaparecidas, Cristina Coelli Masson, apontam para o envolvimento de Milagre nesses desaparecimentos.

Mas apesar dos insistentes pedidos do deputado Durval Ângelo, da delegada Cristina, do chefe da Delegacia de Investigação de Homicídios (DHPP), delegado Édson Moreira, e dos familiares das vítimas presentes, Milagre não deu qualquer indício de que revelaria algo, sempre sob a alegação de que necessitava de garantias de que não sofreria retaliações. Mesmo com a promessa do deputado Durval Ângelo de que ele seria transferido para outro presídio e dos insistentes apelos da integrante da Associação de Familiares de Pessoas Desaparecidas, Wanda Nogueira, o interno não informou nada.

Esse comportamento chegou a irritar o delegado Édson Moreira, que afirmou que Milagre não sabia de nada. "É tudo mentira, ele não vai revelar nada, porque não sabe de nada", disse. A opinião foi compartilhada pela delegada Cristina Coelli e pelos familiares presentes.

Nem a presença do promotor de Justiça Gilvan Alves, exigida pelo interno da Nelson Hungria e prontamente atendida por Durval Ângelo, mudou a disposição do detento de entregar o "dossiê". Milagre apenas afirmava que os responsáveis pelos crimes eram três investigadores da Polícia Civil, mas não deu qualquer nome.

Segundo Wanda Nogueira e a delegada Cristina, José Lúcio Milagre é suspeito de ter sido o autor do sequestro e desaparecimento de pelo menos três mulheres: Elizabeth Pinheiro, Daniela Cardoso e Elizabeth Nogueira. A suspeita viria de evidências encontradas na casa dele, depois de denúncias feitas pela ex-mulher do preso, Lilian de Oliveira. Segundo os familiares, foram encontradas na casa a camisa de Daniela e uma aliança. E a ex-mulher teria levado os policiais ao caixa eletrônico onde foram feitos saques com o cartão bancário de uma das vítimas. A confissão da ex-mulher foi tomada oficialmente. Ela também recebeu uma carta que, segundo a delegada Cristina, está anexa aos autos, em que Milagre ameaça a mulher de morte, caso persistisse nas denúncias.

Desaparecimentos - De acordo com números da Delegacia de Pessoas Desaparecidas, de 1999 a 2001, quando houve a maior incidência desses casos, foram notificados 43 casos de mulheres desaparecidas, sendo que 39 tiveram os corpos localizados, mas sem a identificação de autoria dos crimes. Permanecem desaparecidas quatro mulheres: Daniela Cardoso, Elizabeth Nogueira, Selma Beatriz de Melo e Viviane Brandão.

Projeto regulamenta trabalho de sentenciados

A Comissão dos Direitos Humanos aprovou o parecer sobre o Projeto de Lei (PL) 3.321/09, da deputada Maria Tereza Lara (PT), que dispõe sobre as condições e a efetivação do trabalho dos sentenciados do sistema prisional do Estado. A proposição foi relatada pelo deputado Durval Ângelo, que opinou pela aprovação na forma do vencido em 1º turno, com a emenda nº 1.

Originalmente, o PL 3.321/09 determinava que o Estado providenciasse estruturas físicas e parcerias com entidades privadas para que os presos trabalhassem durante o cumprimento da pena. Na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, foi apresentado o substitutivo n° 2, estabelecendo que, na contratação de obras e serviços pela administração pública direta ou indireta, serão reservados para sentenciados até 10% do total das vagas. Foi instituído ainda o certificado Parceiros da Ressocialização. O substitutivo nº 2 altera a redação do parágrafo 3º do artigo 39 da Lei 11.404, de 1994, que contém normas de execução penal (ampliação da oferta de trabalho); e acrescenta o artigo 11-A à Lei 18.401, de 2009, que autoriza o Executivo a conceder subvenção econômica às pessoas jurídicas que contratarem egressos do sistema prisional do Estado. A emenda da Comissão de Diretos Humanos concede o certificado Parceiros da Ressocialização às pessoas jurídicas que contratarem também os egressos do sistema prisional.

Presenças: Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Thiago Ulisses (PV) e Padre João (PT).

 

 

 

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