Comissões consolidam papel de democratizar a elaboração legislativa

Alteração da Lei Florestal mineira, concessão de benefícios trabalhistas em contratos temporários com o Estado, aperf...

18/12/2009 - 00:06
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissões consolidam papel de democratizar a elaboração legislativa

Alteração da Lei Florestal mineira, concessão de benefícios trabalhistas em contratos temporários com o Estado, aperfeiçoamento da lei antifumo, criação da agência de água e esgoto, bem como estudos sobre a crise mundial e a execução penal. Esses foram alguns dos temas debatidos e votados pelos deputados nas reuniões e audiências das comissões da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em 2009. Se no Plenário o que vale é o princípio da maioria, nas comissões a lógica é ouvir diferentes opiniões, inclusive as de minorias, a fim de construir o consenso possível num espaço que é, essencialmente, do debate.

Um dos exemplos de como uma proposição pode ser aperfeiçoada nas comissões antes de seguir ao Plenário, partindo do debate e do confronto de ideias, é o Projeto de Lei (PL) 2.771/08, do governador, que aprimorou a Lei Florestal mineira, principalmente no que diz respeito à redução do desmatamento e à expansão da cobertura vegetal nativa. O projeto foi transformado na Lei 18.365. Diante da complexidade do tema, a Assembleia ouviu representantes de todos os setores envolvidos, atuando como interlocutora, intermediando conflitos e viabilizando a elaboração de uma política pública que atendeu aos diversos interesses em questão. O debate ampliou o escopo do projeto, que inicialmente tratava apenas da conservação da mata nativa, para abarcar regras para a ocupação do solo, em especial o rural.

O esforço para concretizar o difícil entendimento sobre a Lei Florestal está refletido nos números das comissões: elaboração de quatro substitutivos e de três emendas ao projeto, durante a apreciação em 1º turno, e de 19 emendas e várias subemendas, em 2º turno. Das reuniões de negociação participaram deputados de todos os partidos e regiões mineiras; representantes de sete entidades da sociedade civil, como a Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), que congrega vários sindicatos; e membros de três secretarias de Estado.

Comissões consolidam papel de intermediar solução de conflitos

Além de atuar no aprimoramento do conteúdo dos projetos, as comissões se destacaram, mais uma vez, pela intermediação de soluções para problemas que afetam a sociedade. Nesse sentido, os parlamentares valeram-se de instrumentos regimentais como as audiências públicas, realizadas tanto na Capital quanto no interior do Estado. Nelas, as divergências foram explicitadas e buscaram-se alternativas para pôr fim a conflitos entre cidadãos e empresas ou entre cidadãos e poder público, por exemplo.

Os números demonstram a importância das comissões como fórum de debates. Em 2009, as 18 comissões permanentes e as comissões temporárias realizaram 990 reuniões, entre ordinárias, extraordinárias, conjuntas e especiais, incluídas as 80 audiências no interior. O número de convidados recebidos chegou a 2.484. Além dos 512 convidados oficiais da Comissão de Direitos Humanos, outros 422 encaminharam denúncias de violação dos direitos humanos. Os deputados fizeram ainda 56 visitas a órgãos públicos, entre outros locais. No total, os deputados estiveram em 78 municípios, além de Belo Horizonte. As comissões aprovaram também 1.805 requerimentos de providências a órgãos públicos e aos diferentes Poderes, nas três esferas da Federação.

Em 2009, os deputados da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial intermediaram um acordo entre garimpeiros de Capelinha (Vales do Jequitinhonha/Mucuri) e o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Os garimpeiros reclamavam do excesso de fiscalização e, a partir de audiência da comissão realizada em novembro naquele município, tiveram suas reivindicações atendidas. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente assegurou que a Polícia Ambiental está agora orientada a notificar os infratores. Caberá aos técnicos qualificar a infração e aplicar as multas. O DNPM anunciou também que nomeará 30 novos técnicos, a fim de agilizar a emissão de alvarás.

Ponte com os servidores - Os deputados da Comissão de Administração Pública visitaram a Secretaria de Planejamento e Gestão para levar as reivindicações de várias categorias de servidores por reajuste salarial, sobretudo profissionais da Educação e agentes penitenciários. Os deputados foram informados de que, embora o governo tivesse a intenção de conceder o aumento, isso não seria possível em função da queda na arrecadação, o que poderia comprometer os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com gastos com pessoal.

Tanto parlamentares da base do governo quanto da oposição têm buscado, ainda, entendimento com o Executivo no caso dos agentes penitenciários contratados que foram demitidos após a greve da categoria, em outubro. A Comissão de Direitos Humanos promoveu em dezembro uma audiência para ouvir denúncias de perseguições contra esses profissionais e cobrou providências do governo.

Também em 2009, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável viabilizou o diálogo entre o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e produtores rurais de Pará de Minas (Região Central), que se diziam vítimas de abusos da fiscalização da Polícia Ambiental. Foram realizadas duas audiências, em julho e em dezembro. Na primeira reunião foi formado um grupo de trabalho cuja atuação foi prejudicada em função da mudança de comando do IEF. Mas, na segunda reunião, o instituto informou que pretende melhorar a articulação com os trabalhadores e os proprietários de terras, de modo a acabar com a falta de diálogo.

Saúde e trabalho - A Comissão de Saúde esteve em Divinópolis (Centro-Oeste de Minas) em março, para averiguar o déficit de leitos hospitalares naquele município. As reivindicações da população foram levadas pelos deputados à Secretaria de Estado de Saúde, Ao final desse processo, ficou definida a construção de um hospital. Em reunião realizada em novembro, foi anunciada a contratação de uma empresa para a execução do projeto, orçado em R$ 40 milhões. A Secretaria vai arcar com R$ 36 milhões e o município, com R$ 4 milhões.

Em novembro, a Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização promoveu audiência para averiguar a atuação da empresa DM Construtora e Serviços Técnicos, contratada pela Gasmig para executar obra da rede de distribuição de gás natural em Ouro Branco (Região Central). Depois da audiência, duas reuniões foram realizadas na sede da Gasmig e uma no Ministério Público do Trabalho. A empresa assegurou que apresentará uma proposta ao juiz do trabalho para que, por meio de um acordo judicial, sejam feitos os acertos com os trabalhadores relativos a salário, férias, pagamento de FGTS e rescisões contratuais.

Projetos foram aperfeiçoados nas comissões antes de seguirem para o Plenário

As negociações articuladas pelos deputados no âmbito das comissões possibilitaram o aperfeiçoamento dos projetos que trataram dos seguintes assuntos: medidas antifumo (Lei 19.463), cuja discussão foi polarizada entre os que defendiam o direito dos não-fumantes à saúde e os que defendiam o direito de liberdade dos fumantes; Plano Decenal de Educação (PL 2.215/08), ainda em tramitação, mas objeto de um substitutivo de mais de 100 páginas, que incorporou sugestões dos participantes do fórum técnico promovido pela Assembleia; e providências do Estado para sediar as Olimpíadas (Lei 18.184).

As comissões também tiveram papel determinante no entendimento sobre o PL 2.858/08, que autorizou a desafetação de 3.183 hectares do total de 7.285 hectares da Reserva Biológica Serra Azul. Essa área encontra-se em estágio avançado de degradação e não tem relevância ambiental. Transformado na Lei 18.307, o projeto foi aprimorado pelos parlamentares, com o objetivo de criar corredores ecológicos interligando as áreas com vegetação da reserva e o Córrego Serraria; e de proibir o uso das áreas de preservação permanente para fins de pastoreio.

Administração pública - Vários projetos na esfera da administração pública foram aperfeiçoados pelas comissões, após audiências públicas e amplo processo de negociação envolvendo Executivo e servidores. Entre eles, o Projeto de Lei Complementar (PLC) 53/09, que tratou da concessão do Adicional de Desempenho (ADE) para policiais militares, mas depois abarcou também uma série de conquistas para o segmento. Algumas são a ampliação do número de servidores que poderão ter ascensão na carreira, a licença maternidade de 180 dias para a servidora militar e a aposentadoria especial para as militares aos 25 anos de efetivo exercício.

Outro exemplo foi o PL 2.578/08, que regulamentou a contratação temporária no Executivo. Durante a tramitação do projeto, os deputados foram responsáveis por construir um entendimento entre governo e os trabalhadores contratados, em especial os agentes penitenciários. A proposição já foi transformada na Lei 18.185, prevendo o cumprimento de obrigações trabalhistas.

Agência de águas - Para a aprovação do PL 3.186/09, que criou a Agência Reguladora de Água e Esgoto (Arsae-MG), foi necessário amplo entendimento políticos entre parlamentares de todos os partidos e representantes do Executivo, que resultou em várias modificações no texto original. A agência vai fiscalizar a prestação dos serviços públicos de água e esgoto, autorizar o reajuste e a revisão de tarifas. Entre as modificações apresentadas e debatidas nas comissões, estão a criação de um conselho consultivo para acompanhar as atividades da agência; a previsão de audiências e consultas públicas; e a vedação da inscrição do nome do usuário em cadastro de proteção ao crédito, em razão de atraso no pagamento da conta. A proposição foi transformada na Lei 18.309.

Comissões especiais tiveram atuação destacada

As comissões especiais e extraordinárias também tiveram atuação destacada em 2009. Como resultado do trabalho realizado pela Comissão Especial de Execução das Penas, foi apresentado o PL 3.814/09, que propõe várias alterações na Lei de Execução Penal. Entre elas, o controle da execução penal por meio eletrônico; a previsão de videoaudiências; a garantia de espaço adequado para a atuação da Defensoria Pública; a possibilidade de prisão domiciliar, em caso de inexistência de vaga para cumprimento de pena em regime aberto; e a previsão legal de remissão de pena por estudo. Essa comissão funcionou de março a setembro. O projeto aguarda parecer da Comissão de Constituição e Justiça.

Serras da Calçada e da Moeda - Outra comissão especial que produziu resultados foi a das Serras da Calçada e da Moeda. Cumprindo o papel de viabilizar o diálogo e construir o entendimento, os deputados apresentaram, ao final dos trabalhos, uma sugestão de mudança na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 16/07, que originalmente determinava o tombamento da Serra da Moeda. Ela aguarda parecer de 2° turno em comissão, antes de seguir ao Plenário.

Tendo em vista as dificuldades técnicas para aplicação da PEC, a comissão buscou estudar o melhor modelo de proteção e uso sustentável de uma área reconhecida pelo Estado como vetor estratégico de desenvolvimento econômico e turístico e de proteção do patrimônio ambiental e cultural. Em seu relatório final, sugeriu mudar a PEC, de modo a definir essa área como patrimônio ambiental. Propôs, ainda, o PL 3.407/09, que dispõe sobre a proteção e a utilização das serras e assegura a conservação de sítios de valor arqueológico, paleontológico, espeleológico, ecológico, histórico, científico e cultural. Iniciados em 2008, os trabalhos foram concluídos em abril de 2009.

Outras comissões especiais criadas este ano foram a do Pré-Sal (em setembro) e sobre a Arbitragem (em novembro). A primeira pretende estudar propostas para regulamentar a exploração do petróleo na camada pré-sal, a serem levadas ao Congresso Nacional. A segunda pretende estudar essa técnica nova e eficaz, a fim de produzir uma lei estadual sobre a matéria. A arbitragem é um meio de solução de conflitos alternativo e extrajudicial no qual as partes, de comum acordo, elegem árbitros para solucionar eventual divergência de interesse. Esse instrumento legal é vigente desde 1996, por meio da Lei Federal 9.307.

Extraordinárias - Em 2009, atuaram na ALMG cinco comissões extraordinárias, a fim de acompanhar assuntos relevantes para o Estado, reunindo diagnósticos e propostas de ação. Essas comissões atuaram em sintonia com as 18 comissões permanentes, subsidiando suas atividades e formulando ações conjuntas. Duas já tiveram seus trabalhos encerrados: a de Políticas Públicas de Apoio aos Emigrantes Mineiros e a de Enfrentamento da Crise Econômico-Financeira Internacional. As outras três são as de Integração ao Parlamento do Mercosul, dos 20 anos da Constituição do Estado e de Políticas Públicas de Enfrentamento à Aids, às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), ao Alcoolismo, às Drogas e Entorpecentes.

Como resultado do trabalho da comissão de apoio aos emigrantes, foram aprovadas várias recomendações às autoridades. Entre elas, a criação de um posto de atendimento ao emigrante em Governador Valadares, com um programa de reinserção do retornado. Já a comissão que estudou alternativas à crise mundial apontou a renegociação da dívida de Minas com a União como uma das principais recomendações do relatório final. A reivindicação de redução dos juros contratuais, de 7,5% para 4% ao ano, será encaminhada pela Assembleia à Secretaria do Tesouro Nacional.

Em 2009, outras duas comissões desenvolveram atividades: as interestaduais parlamentares de estudos (cipes) para o desenvolvimento sustentável das bacias dos Rios Doce e do São Francisco.

Monitoramento e revisão do PPAG - Como acontece desde 2003, as comissões de Fiscalização Financeira e Orçamentária e de Participação Popular promoveram o debate sobre o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG). O plano é uma lei que prevê quanto e como o governo vai investir o dinheiro público em áreas como saúde, educação, segurança, meio ambiente e estradas. Realizadas em novembro e dezembro, as audiências públicas colheram sugestões para aperfeiçoar o Projeto de Lei (PL) 3.809/09, do governador, que trata da revisão do PPAG 2008-2011. Elas foram realizadas em Iturama, Itaobim, Poços de Caldas, Juiz de Fora e Belo Horizonte.

Debates públicos - No ano de 2009, as comissões promoveram 12 debates públicos, a fim de reunir propostas para aprimorar projetos em tramitação ou simplesmente para viabilizar o debate ou o entendimento sobre temas de interesse da sociedade. Os assuntos abordados foram:

* Plano Decenal da Educação, em março.

* Os povos indígenas de Minas Gerais e as políticas públicas, realizado em abril.

* Contextualização do uso de drogas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH); Financiamento e incentivo à cultura: avanços e desafios; e Rochas ornamentais e agregados para a construção civil, em junho.

* Legística: qualidade na elaboração e eficácia na aplicação das leis, em julho.

* HIV/Aids: prevenção, assistências e parcerias entre Estado e sociedade civil, em outubro.

* Contribuição de Minas para a reforma do Código Florestal Brasileiro; Perspectiva de fomento da produção cafeeira e os efeitos do consumo do café na saúde da população; e Voluntariado como política social transformadora, em novembro.

* Educação em Direitos Humanos e Pequenas Centrais Hidrelétricas, em dezembro.

 

 

 

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