Moradores de ocupações reclamam de discriminação pela PM

Moradores das ocupações Dandara, no bairro Céu Azul, e Camilo Torres, no Barreiro, ambas em Belo Horizonte, lotaram o...

16/12/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Moradores de ocupações reclamam de discriminação pela PM

Moradores das ocupações Dandara, no bairro Céu Azul, e Camilo Torres, no Barreiro, ambas em Belo Horizonte, lotaram o Auditório da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na tarde desta quarta-feira (16/12/09), para protestar contra a Prefeitura da capital e contra a Polícia Militar. Reunidos com a Comissão de Direitos Humanos, eles relataram que não têm acesso a serviços de saúde e educação e ainda sofrem com a truculência e perseguição de policiais.

O militante do movimento Brigadas Populares, Joviano Gabriel Mayer, afirmou que as famílias não possuem comprovante de endereço, por isso têm dificuldades até de fazer matrícula em escolas. "É como se cada um tivesse uma placa na testa com a identificação de invasor", afirmou. Joviano reclamou ainda da postura do município, que se recusa a negociar. "A insensibilidade da Prefeitura é que dá origem a todos os problemas", acrescentou.

O frei Gilvander Moreira, assessor da Comissão Pastoral da Terra, denunciou a compra de dois veículos blindados de combate, conhecidos popularmente como Caveirões, e disse temer que os mesmos sejam usados contra os moradores das ocupações. Em relação à PM, frei Gilvander considerou uma "covardia" o que tem sido feito. "Os agentes impedem, por exemplo, que as pessoas entrem com materiais de construção, desrespeitando, inclusive, determinação judicial, que garante a posse dos terrenos aos atuais moradores. A PM não pode agir como se estivesse acima da Justiça", afirmou.

Defensoria - Na tentativa de ajudar as famílias em suas reivindicações, a Defensoria Pública estará com equipes nas ocupações nos próximos dois dias. "Vamos ouvir as reclamações de cada um para ver que medidas judiciais podem ser propostas", explicou Gustavo Corgosinho, coordenador de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado.

O defensor ainda se posicionou contra o artigo 13 do Projeto de Lei 728/09, em tramitação na Câmara Municipal, que autoriza o Executivo a doar áreas do município ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) para implantação de programa de habitação popular. O artigo 13 exclui famílias que invadiram propriedades públicas e privadas do diploma legal. "Antes de ser aprovado, já alertamos para o fato de ser inconstitucional, ao segregar as pessoas, impedindo que tenham acesso a um benefício que é de todos", ponderou.

O presidente da Comissão, deputado Durval Ângelo (PT), enfatizou que a Prefeitura não pode discriminar nenhum cidadão em relação a qualquer tipo de serviço, "seja em condomínio de luxo ou em acampamento". E acrescentou: "hoje essas famílias estão amparadas pela lei. Estão em situação legal. Ilegal é quem está impedindo o exercício de um direito legítimo", disse, referindo-se à PM.

Durval leu um comunicado da Secretaria Municipal de Saúde afirmando que as famílias das duas ocupações estão recebendo atendimento médico e de enfermagem, informação que foi contestada pelos que acompanharam a audiência pública.

Defesa - O diretor-presidente da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (URBEL), Claudius Vinicius Leite Pereira, afirmou que as ocupações vão contra a atual política de habitação da Prefeitura, que, mesmo assim, ainda está aberta ao diálogo.

Em relação à educação, segundo ele, na Dandara, foi feito um levantamento que constatou a presença de 318 crianças, sendo que 25 delas estão fora da escola. "Essas crianças podem ser matriculadas, não existe restrição", avisou aos presentes. Já na Camilo Torres, Claudius informou que a Secretaria de Educação esperou o envio da lista com os nomes das crianças, o que não aconteceu até hoje.

O levantamento contabilizou também que, na Dandara, 20% das famílias já estão inscritas no Bolsa-Família, 33% não poderiam se inscrever por não terem filhos e as demais não têm restrições e podem fazê-lo.

Requerimentos - No fim da audiência, foram aprovados requerimentos com pedidos de providências e para envio de notas taquigráficas a autoridades. Entre eles, está o de uma reunião com o comando da Polícia Militar a fim de tratar das reclamações referentes à aos policiais. Outro requerimento solicita que a Câmara Municipal rejeite o artigo 13 do PL 728/09. Também será enviado pedido aos Correios de explicação pela não entrega de correspondências.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão; Antônio Genaro (PSC) e Padre João (PT).

 

 

 

 

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