Deputado pede suspensão de licenciamento ambiental de usina

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) apresentou, nesta terça-feira (15/12/09), requerimento para que a Assembleia Le...

15/12/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputado pede suspensão de licenciamento ambiental de usina

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) apresentou, nesta terça-feira (15/12/09), requerimento para que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais solicite a suspensão da homologação de licenciamento ambiental para a construção de uma Central Geradora Hidrelétrica (CGH) de pequeno porte no município de Bueno Brandão (Sul de Minas). Essa suspensão ocorreria até a realização de audiência pública pela Câmara Municipal, para discutir o projeto. A solicitação foi resultado do debate realizado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da ALMG sobre essa e outras quatro mini-hidrelétricas projetadas em rios da bacia do rio Mogi Guaçu, que abrange municípios do Sul de Minas e de São Paulo.

A região da divisa estadual, bastante montanhosa, passa por um surto de desenvolvimento do ecoturismo, especialmente forte no município paulista de Socorro. Durante a audiência pública, ambientalistas e autoridades de municípios paulistas e mineiros disseram temer que as cinco CGHs projetadas possam prejudicar a vazão dos rios e extinguir diversas cachoeiras locais, prejudicando o meio ambiente e a indústria turística. A questão, no entanto, se mostrou polêmica, uma vez que a Prefeitura de Bueno Brandão se posicionou favoravelmente ao projeto, argumentando que ele teria sido alterado de forma a garantir compensações ao município.

Alguns participantes da reunião ressaltaram o pequeno potencial hidrelétrico das CGHs, de um megawatt cada uma. "Por que colocarmos em risco todo o potencial turístico de nossa região para gerar apenas 0,1% da energia da Bacia do Rio Grande?", questionou o diretor de Planejamento e Urbanismo de Socorro, Marcos Lomônico.

Justamente por terem menor capacidade de geração e menor impacto ambiental, as CGHs se beneficiam de um licenciamento ambiental simplificado, que dispensa a realização de audiências públicas. 1O fato foi criticado pelos parlamentares. O deputado Dalmo Ribeiro Silva apresentou requerimento solicitando informações sobre a realização de audiência pública e propondo visitas da comissão aos municípios de Bueno Brandão e Munhoz, onde está projetada outra CGH. "Não se realizou audiência pública na Câmara. Temos que começar essa discussão ampla no município", defendeu.

Autoridades defendem análise conjunta dos projetos

O deputado Sávio Souza Cruz (PMDB) chamou atenção para o perigo de que a facilidade para o licenciamento das mini-hidrelétricas provoque o fracionamento de empreendimentos do setor, de forma a facilitar sua realização. "O fracionamento dos empreendimentos não pode ser uma forma de fracionar os impactos para diminuir a reação (aos projetos)", afirmou Cruz. Por esse motivo, ele defendeu que as quatro usinas projetadas para a Bacia do Rio do Peixe e aquela proposta para o município de Tocos do Mogi (MG) sejam avaliadas em conjunto pelos órgãos ambientais responsáveis pelo licenciamento. Mesma posição foi defendida pelo coordenador regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente da Bacia do Rio Grande, Bergson Cardoso Guimarães. Das quatro CGHs propostas para a Bacia do Rio do Peixe, duas estão em Bueno Brandão, uma em Munhoz e a quarta em Socorro (SP).

O diretor de Turismo da Prefeitura de Bueno Brandão, Mário Batista da Silva Filho, disse que a posição do município ainda é de análise, mas confirmou que já foi emitida uma autorização de uso do solo para a empresa Hy Brasil, consórcio responsável pela obra. Segundo Mário Batista, foi inclusive assinado um protocolo de intenções por meio do qual a empresa se compromete a construir um hotel em um parque turístico municipal, entre outras compensações pela obra realizada. Em razão dessas compensações e das garantias da empresa de que a vazão do Rio da Cachoeirinha não será comprometida, Mário Batista defendeu a obra.

Ambientalista prevê fim de duas cachoeiras

As avaliações sobre o impacto na vazão do Rio da Cachoeirinha foram controversas. O dirigente da Associação Ambientalista Copaíba, Tiago Sartori, disse que o volume de água pode cair de 30 a 35%, em um trecho de 4,5 km. Seriam comprometidas pelo menos duas cachoeiras. "A região têm mais de 30 cachoeiras, mas não é porque alguém tem três filhos que vai matar um deles", afirmou. A entidade organizou um abaixo-assinado de 12.342 pessoas contrárias às usinas.

O diretor-presidente da Hy Brasil, Alan Alvarenga de Menezes, disse que a redução da vazão do rio não ficará abaixo do mínimo previsto nos regulamentos ambientais em nenhum período do ano. Além disso, afirmou que um trabalho de educação ambiental e fornecimento de mudas voltado aos proprietários rurais ribeirinhos deverá até mesmo aumentar a vazão do rio, ao longo do tempo. Segundo Menezes, a Hy Brasil tem experiência no setor hidrelétrico, sendo responsável pela construção de duas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) em Tocantins, entre outros projetos. A empresa é um consórcio dos grupos Toctao Engenharia, Atrium e Edifica.

Os licenciamentos das cinco mini-usinas em questão são de responsabilidade da Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram) - Regional Sul. A superintendente, Valéria Cristina Rezende, disse que o único projeto analisado até agora foi o da CGH de Bueno Brandão, mas a decisão final depende de deliberação da Unidade Regional do Colegiado do Copam. Essa decisão foi adiada em razão do pedido de vista do Ministério Público e de outras instituições representadas no Conselho. O diretor técnico da Supram, Luciano Melo, disse que a análise técnica não verificou impedimento para a autorização do empreendimento. Ele ressaltou, no entanto, que uma das regras previstas é que, se a vazão do rio cair para 70% do volume atual, o empreendimento deve interromper suas atividades.

Requerimentos - Foram aprovados dois requerimentos de autoria do deputado Fábio Avelar. Um deles para solicitar audiência pública para discutir os impactos sociais, econômicos e ambientais decorrentes da construção de barramentos no Rio das Velhas, no âmbito do projeto de transposição do Rio São Francisco. Outro requerimento solicita que seja encaminhado a diversos órgãos relatório sobre reunião realizada pela Comissão do Meio Ambiente que discutiu a construção de barramentos no Rio das Velhas.

Presenças - Deputados Fábio Avelar (PSC), presidente da comissão; Sávio Souza Cruz (PMDB), vice; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Getúlio Neiva (PMDB), Adalclever Lopes (PMDB) e Gilberto Abramo (PMDB). Além dos convidados citados no texto, também participaram da audiência pública a prefeita de Socorro (SP), Mariza de Sousa Pinto Fontana; o presidente da Câmara Municipal de Bueno Brandão, vereador Joaquim de Assis dos Santos; e o presidente da Câmara Municipal de Socorro, vereador Pedro Sábio Nunes.

 

 

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