Comissão tenta esclarecer polêmica sobre funcionamento da Ceasa

O comércio irregular de vários produtos e a suposta presença dos chamados atravessadores entre os produtores rurais q...

15/12/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão tenta esclarecer polêmica sobre funcionamento da Ceasa

O comércio irregular de vários produtos e a suposta presença dos chamados atravessadores entre os produtores rurais que utilizam a Ceasa Minas foi tema de audiência da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (15/12/09). O assunto divide opiniões dentro da central de abastecimento. Representantes da Associação dos Comerciantes da Ceasa (ACCeasa) afirmam que, além dos intermediários, a maioria dos produtores atua de forma ilegal, vendendo produtos de outros Estados. Já os produtores reclamam da falta de estrutura para trabalhar e alegam que os atravessadores são minoria. A administração da Ceasa garante que está tomando as devidas providências para combater as irregularidades.

Conhecida como a central de abastecimento mais bem estruturada do País, a Ceasa Minas tem 35 anos de funcionamento, 550 empresas estabelecidas e 10 mil produtores rurais cadastrados. A estimativa é que 70 mil pessoas circulem diariamente no local. O representante da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Evandro Neiva, reconheceu que o Mercado Livre do Produtor (MLP) tem problemas, mas disse que o governo está atento, buscando soluções que garantam o trabalho do produtor rural.

O presidente do Conselho de Administração da ACCeasa, Márcio Ferreira, garante que não se trata de uma briga entre comerciantes e produtores, e sim de uma luta contra oportunistas que atuam travestidos de produtores rurais. Representantes dos comerciantes apontam várias irregularidades, até mesmo o comércio clandestino de remédios contrabandeados e produtos químicos, CDs e DVDs piratas dentro da Ceasa.

O presidente da Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros de Minas Gerais, Antônio Lopes, garante que a maioria dos produtores é honesta, e que eles pagam um preço alto para ocuparem o MLP. "Pagamos cerca de 38 reais por metro quadrado por mês, e não temos nenhuma estrutura para trabalhar", reclamou. O produtor José Antônio Dias Silveira, de Cristiano Otoni, afirma que a sobra das vendas no MLP é que atrai os atravessadores. "São cerca de três toneladas de alimentos por dia, há sobras mesmo, não tem jeito. Aí entra o intermediário, que compra esse excedente", disse ele.

Ao final da reunião, foi aprovado requerimento para que o assunto seja tema de nova audiência, a ser marcada em breve. O presidente da comissão, deputado Vanderlei Jangrossi (PP), sugeriu que o Ministério Público seja acionado para combater as supostas irregularidades. A Ceasa é uma empresa de economia mista vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, enquanto o MLP é de responsabilidade do Governo do Estado. Isso, na opinião do deputado, pode dificultar um pouco o trabalho do Ministério Público. "Por isso é importante chegarmos a um consenso entre todos que compõem a Ceasa. Vamos continuar discutindo o assunto", ponderou.

Central terá novo regulamento interno a partir de janeiro

O presidente da Ceasa, João Alberto Paixão Lages, informou que ainda este mês será lançado o novo Regulamento de Mercado, contendo normas para o funcionamento da Ceasa, desde a atuação dos carregadores até dos produtores e comerciantes. O documento substitui o atual, que data de 1976, e deve ajudar a sanar a maior parte dos problemas existentes hoje no entreposto, acredita João Lages.

Sobre o comércio irregular, o presidente da Ceasa disse que a maioria dos produtores e comerciantes trabalha dentro da lei. Mas admitiu alguns desvios, como os comerciantes que levam produtos para vender no MLP. "No MPL não pode haver comerciantes. Ele é destinado aos produtores rurais e somente tolera produção mineira", lembrou. Outra medida adotada pela administração para conter irregularidades é a realização de blitzen rotineiras na portaria principal, cujos alvos são principalmente os caminhões-baú, que podem ser usados para ocultar algum tipo de produto a ser vendido no entreposto de modo clandestino. João Lages também garantiu que as decisões tomadas pela administração da Ceasa são democráticas, tendo as discussões a participação paritária de produtores e comerciantes.

Ainda segundo João Lages, a incidência de crimes e contravenções na Ceasa diminuiu no último ano, depois de implementado o sistema Olho Vivo, em parceria com a Polícia Militar. Em 2008 foram registrados 417 crimes contra o patrimônio e 21 furtos de veículos. Em 2009, até outubro, os números caíram para 187 e zero, respectivamente. Em 2008 foram apreendidos 6 mil CDs e DVDs piratas. Em 2009, o número aproxima-se de zero.

O deputado Antônio Júlio (PMDB) acredita que o diálogo entre produtores e comerciantes é fator determinante para a resolução dos conflitos, já que o objetivo de ambas as classes é o mesmo, vender e obter lucros. O parlamentar ainda sugeriu que fosse avaliada a possibilidade de regulamentar a atuação dos atravessadores, pois seria mais fácil monitorar e fiscalizar o trabalho dos mesmos. O deputado sugeriu ainda que a próxima reunião da comissão fosse realizada nas dependências da Ceasa, sugestão bem recebida por todos os participantes da audiência. A deputada Maria Tereza Lara (PT), que foi diretora da Ceasa durante um ano e quatro meses, também acredita que o diálogo entre produtores e comerciantes é fundamental para se chegar a um consenso.

Investigação - O presidente do Conselho de Administração da ACCeasa, Márcio Ferreira, disse apoiar o trabalho dos produtores rurais mineiros, pois depende deles para o sucesso de seu empreendimento. Ele frisou que conta com a ajuda das autoridades para conter a atuação de pessoas não credenciadas, que hoje realizam tarefas dentro da Ceasa. Ele disse que uma investigação séria será feita e serão recolhidas fotos, vídeos, dentre outros documentos para tentar frear o avanço do trabalho ilícito dentro da central de abastecimento.

Presenças - Deputados Vanderlei Jangrossi (PP), presidente; Antônio Carlos Arantes (PSC), vice-presidente; Chico Uejo (PSB), Domingos Sávio (PSDB), Ivair Nogueira (PMDB), Zé Henrique (PMDB), Inácio Franco (PV), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e deputada Maria Tereza Lara (PT).

 

 

 

 

 

 

 

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