| Adeptos do candomblé e umbanda lançam fórum e pedem 
            respeito Representantes do candomblé e da umbanda lançaram 
            nesta quinta-feira (10/12/09), em audiência pública da Comissão de 
            Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o Fórum 
            Mineiro das Religiões de Matriz Africana. Na ocasião, eles 
            apresentaram a Carta de Minas Gerais, com os objetivos do fórum e 
            algumas reivindicações, entre elas o combate ao preconceito racial e 
            à intolerância religiosa. A audiência, requerida pelo presidente da 
            comissão, deputado Durval Ângelo (PT), discutiu a situação das 
            religiões de origem africana em Minas, sobretudo a discriminação 
            sofrida pelos praticantes. Durval lembrou que a reunião foi realizada no Dia 
            Internacional dos Direitos Humanos. O deputado disse que a comissão 
            decidiu discutir nesta data a intolerância contra o candomblé e a 
            umbanda porque as diferenças religiosas têm sido usadas como 
            justificativa para a opressão e a exclusão de determinados grupos 
            sociais. Segundo ele, a perseguição contra religiões de origem 
            africana parte principalmente de evangélicos e católicos de 
            orientação pentecostal. Durval defendeu a liberdade de culto e 
            citou, como exemplo, uma frase do líder budista Dalai Lama: "A 
            melhor religião é aquela que te faz melhor". O deputado Padre João (PT) afirmou que uma religião 
            verdadeira e autêntica "comunica o amor", e que o desdobramento 
            disso é o respeito, a valorização e a promoção da vida. "Não é 
            autêntica a religião que semeia a discórdia, a desavença, o ódio ou 
            que nega a vida", acrescentou. Mobilização nacional - O 
            coordenador nacional do Coletivo de Entidades Negras (CEN), Marcos 
            Rezende, disse que há um esforço em todo o País para o lançamento de 
            fóruns estaduais que representem os interesses das religiões de 
            matriz africana. O objetivo é reuni-los num fórum nacional, a partir 
            do ano que vem. Na opinião de Rezende, a união dessas manifestações 
            numa só entidade é um momento histórico.  O coordenador do CEN afirmou ainda que as religiões 
            de matriz africana tradicionalmente valorizam o papel da mulher, dos 
            negros, dos idosos e reconhecem a liberdade de culto. "Se há um 
            segmento religioso que respeita a diversidade é o nosso", disse 
            Rezende, que integra o terreiro de candomblé Ilê Axé Oxumaré.  Para o coordenador do Conselho Nacional da Umbanda 
            em Minas Gerais, Sérgio Yorotaman, as religiões de origem africana 
            devem lutar pela divulgação do seu trabalho, sua cultura e suas 
            manifestações artísticas e religiosas. "Uma forma de combater o 
            preconceito é divulgar. As pessoas criam mitos porque não nos 
            conhecem", declarou ele, ao comentar associações equivocadas entre 
            esses cultos e rituais macabros. "A falta de conhecimento é o que 
            leva à discriminação. Nós temos a obrigação de informar as pessoas 
            que o culto aos voduns, aos orixás, não é magia negra nem magia 
            branca, é energia", acrescentou Sandra de Vodun Jó, representante da 
            nação Jeje Mahin do candomblé. Ruth de Aziri, que representou a Associação 
            Espírita de Culto Afro-Brasileiro Ya Aboring, disse que o objetivo 
            do lançamento do Fórum Mineiro das Religiões de Matriz Africana é 
            que essas manifestações sejam respeitadas e reconhecidas. Tatetu 
            Kamunan, dirigente de um terreiro de candomblé em Ipatinga (Vale do 
            Aço), reivindicou ainda a criação de uma data comemorativa dedicada 
            aos cultos afro-brasileiros em Minas. Tatetu Aladei, que dirige um terreiro em Coronel 
            Fabriciano (Vale do Aço), celebrou o lançamento do fórum, mas 
            alertou que, muitas vezes, há intolerância dentro do próprio 
            candomblé. Ele defendeu a união de todas as correntes das religiões 
            de matriz africana para lutar por seus interesses. Durante a audiência, adeptos do camdomblé fizeram 
            uma apresentação de músicas associadas ao culto. Presenças - Deputados 
            Durval Ângelo (PT), presidente, e Padre João (PT).              |