Falta de luz na Ceasa foi causada por dano em circuito
interno
A interrupção do fornecimento de energia elétrica à
Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A (Ceasa-Minas), após a
tempestade do último dia 7 de outubro, em Belo Horizonte, foi
causada por uma falha na rede interna da empresa. A explicação foi
dada aos deputados durante reunião conjunta das Comissões de Minas e
Energia e de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (9/12/09). O
deputado Carlin Moura (PCdoB) havia solicitado a audiência para
ouvir esclarecimentos da Cemig sobre o episódio que teria trazido
prejuízos aos comerciantes e consumidores. Ele ressaltou a
importância da empresa, que é a maior de Contagem em volume de
arrecadação e geração de empregos.
O gerente do Centro Integrado de Operação da Cemig,
Danilo Gusmão Araújo, explicou que a Ceasa é uma cliente especial da
empresa e, por essa razão, conta com um agente de relacionamento
específico, além de um número especial para atendimento telefônico.
Além disso, segundo o gerente, a central é alimentada por dois
circuitos, que garantem maior segurança ao sistema. Danilo Araújo
esclareceu, contudo, que a Ceasa tem uma subestação, onde é feita a
entrega da energia pela Cemig. A partir desse ponto, o circuito é de
responsabilidade da Ceasa.
Sobre o dia da tempestade, o representante da Cemig
informou que 120 mil clientes da empresa de energia ficaram sem luz
e que 24 circuitos alimentadores foram interrompidos. "Nessas
situações, o reabastecimento segue uma escala de prioridades",
afirmou. Araújo confirmou os telefonemas da Ceasa pedindo a
religação da energia, no entanto, segundo ele, os circuitos da
empresa, que são telecomandados, não acusavam nenhuma falha naquela
região. Na manhã do dia seguinte, o agente especial da Cemig
solicitou a verificação e ficou comprovada a queima de um
dispositivo nas instalações internas da Ceasa. O fornecimento de
energia foi suspenso por mais algumas horas até que o problema fosse
sanado.
Mais de 80% das ocorrências não são de
responsabilidade da Cemig
O gerente da Cemig apresentou um histórico de 18
meses de atendimento à Central de Abastecimento e afirmou que as
falhas no fornecimento de energia não coincidem com o período
chuvoso. De acordo com ele, 83% das reclamações que recebem
referem-se a defeitos da rede interna da Ceasa. "O fornecimento de
energia não é infalível, no entanto, o padrão de atendimento da
Cemig é coerente com as exigências da Aneel", afirmou, concluindo
que prova disso é que a empresa nunca foi multada por demora no
religamento da luz.
O chefe de Engenharia da Ceasa, Wander José
Francisco, explicou que o religador, que separa o circuito da Cemig
da rede interna da central, só pode ser operado pela companhia de
energia. "Só quando a Cemig foi lá é que se pôde verificar que o
defeito era na rede interna", justificou. Francisco acrescentou que
vários comerciantes que têm acesso ao número identificador do
cliente ligam para a Cemig à revelia do setor de engenharia da
Ceasa, que mantém um eletricista de plantão 24 horas por dia. De
acordo com ele, foi criada uma lista de pessoas credenciadas para
fazer as reclamações na Cemig, evitando deslocamentos desnecessários
por parte da companhia de energia.
Geradores - O representante
da Ceasa também garantiu ao deputado Vanderlei Jangrossi (PP), que o
questionou sobre o uso de geradores, que estão sendo feitos estudos
nesse sentido. Há um mês, segundo ele, a central contratou uma
empresa de eficiência energética para analisar as adequações que
precisam ser feitas. Na opinião do diretor-presidente da Associação
Comercial da Ceasa-MG, Caio Dias Gomide, a interrupção de energia
foi um episódio pontual que deve servir de alerta. "Muitos produtos
não podem sofrer oscilações de temperatura, porque perdem
qualidade", explicou. Respondendo a questionamento do deputado
Vanderlei Miranda (PMDB), ele explicou que não foi feito um
levantamento dos prejuízos.
O deputado Vanderlei Jangrossi argumentou que os
prejuízos da falta de energia acabam ficando com os produtores e os
consumidores, que são as "duas pontas" da cadeia. O deputado Délio
Malheiros (PV) fez avaliação semelhante. "Os problemas na Ceasa
acabam impactando o consumidor final, para quem é repassado o custo
do prejuízo", afirmou. Na opinião do deputado Adalclever Lopes
(PMDB) a Ceasa é quem deve ressarcir os produtores pelo prejuízo.
"Se a manutenção da rede interna é de responsabilidade da empresa, é
dela que os comerciantes devem cobrar", argumentou. Ele sugeriu
outra audiência para tratar do tema, com a presença dos
comerciantes.
Ao final da reunião, o deputado Carlin Moura
(PCdoB) concluiu que o sistema da Ceasa está obsoleto, porque 83%
das ocorrências são nas instalações internas. O deputado Sávio Souza
Cruz (PMDB) também questionou a atuação do eletricista da central de
abastecimento na identificação do problema no dia da
tempestade.
Requerimento - Foi aprovado
requerimento do deputado Gilberto Abramo (PMDB) para que seja
enviado ofício ao Ministério Público Federal para investigação de
denúncias de abuso por parte da direção da Ceasa.
Presenças - Da Comissão de
Minas e Energia, deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente e
Ronaldo Magalhães (PSDB). Da Comissão de Defesa do Consumidor e do
Contribuinte, Adalclever Lopes (PMDB), presidente; Délio Malheiros
(PV), vice; e Vanderlei Jangrossi (PP); além dos deputados Carlin
Moura (PCdoB) e Vanderlei Miranda (PMDB). Também participaram da
reunião o presidente da Associação dos Produtores de
Hortifrutigranjeiros das Ceasas do Estado de Minas Gerais, Antônio
Lopes Rodrigues; o chefe da Seção de Manutenção da Ceasa, Ronam
Siuves; e o gerente de Relacionamento Comercial da Cemig, William
Santos Fagundes.
|