Comissão de Saúde busca solução para crise no Hospital das
Clínicas
Preocupada com a situação precária de funcionamento
do Hospital das Clínicas (HC-UFMG), em Belo Horizonte, a Comissão de
Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou, nesta
quarta-feira (2/12/09), uma visita àquele estabelecimento. Os
deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da comissão, e Délio
Malheiros (PV), autor do requerimento para o encontro, receberam de
dirigentes do hospital informações sobre as principais carências e
dificuldades enfrentadas no dia-a-dia.
A falta de verba para troca de equipamentos
obsoletos e ampliação do número de leitos é um dos maiores entraves
para que o HC melhore o atendimento à população. Outro problema
relatado pela direção é a realização de procedimentos que não
constam da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) e que, portanto,
não são pagos. Com uma despesa mensal média de R$ 9 milhões e uma
receita de R$ 8 milhões, a dívida do Hospital das Clínicas já chega
a R$ 15 milhões.
Com isso, a qualidade do atendimento fica cada vez
mais comprometida. Segundo os diretores, atualmente há mais de 400
pacientes na fila para procedimentos de média complexidade. Para os
de alta complexidade, a fila passa de 150 pessoas. Do total de
pacientes internados, apenas 40% são de Belo Horizonte. A maioria
vem do interior do Estado.
Deputados pedem lista de carências
Para tentar ajudar na solução do problema, os
deputados pediram que a direção do hospital elabore uma lista
contendo os equipamentos necessários e também os procedimentos
atualmente realizados, mas não pagos. Com isso, eles pretendem
visitar o secretário de Estado e o ministro da Saúde para
pressioná-los a pelo menos minimizar os problemas. Carlos Mosconi
lamentou o descaso com a Emenda à Constituição 29, aprovada em 2000,
mas até hoje não regulamentada. O dispositivo constitucional prevê
que, do total arrecadado com impostos, a União deve destinar 10%
para a saúde, os Estados, 12%, e os municípios, 15%. "Os gestores
públicos encaram o saúde como um gasto, não como um investimento",
disse o parlamentar.
O deputado Délio Malheiros manifestou seu orgulho
pelo fato de o HC ser um patrimônio mineiro e nacional, além de
referência em diversas especialidades médicas. Mas também se disse
frustrado por vê-lo funcionar de forma precária. Ele sugeriu que a
direção do hospital procure os deputados para que eles elaborem
emendas ao Orçamento do Estado que contemplem o HC, assim como faz a
direção do Hospital da Baleia, também em Belo Horizonte.
Estrutura - O Hospital das
Clínicas possui hoje 3.900 funcionários, sendo 976 contratados via
Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) da UFMG. O
estabelecimento tem 501 leitos disponíveis, sendo 19 de CTI adulto,
18 de CTI pediátrico, 19 na unidade coronariana e 26 na unidade de
neonatologia. Mensalmente realiza 3.500 atendimentos de urgência,
1.750 internações (o que representa 7% do total de Belo Horizonte),
35 mil consultas, 240 partos e 2.100 cirurgias, conforme dados
apresentados pela direção do hospital.
O HC está entre os nove maiores hospitais
universitários brasileiros. Ali atuam nada menos que 1.994 alunos da
graduação pela Faculdade de Medicina da UFMG. É o segundo melhor
hospital brasileiro em transplantes de fígado, mas é referência
também em tratamento oncológico e quimioterapia, entre outras
especialidades.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; e Délio Malheiros (PV). Eles
foram recebidos pela diretora-geral do Hospital das Clínicas, Tânia
Mara Assis Lima, pelo vice-diretor, Antônio Luiz Pinho Ribeiro, e
pelo vice-diretor da Faculdade de Medicina da UFMG, Tarcísio Afonso
Nunes, além de outros diretores do hospital.
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