Sistema permite informar enchentes no Rio Doce 24 horas
antes
O sistema de alerta implantado no Rio Doce permite
informar a ocorrência de enchentes na bacia com 24 horas de
antecedência e 100% de precisão. A informação foi trazida por Marco
Antônio Fonseca, superintendente regional da Companhia de Pesquisa e
Recursos Minerais (CPRM), empresa federal responsável pelo Serviço
Geológico do Brasil. O dirigente participou, na manhã desta
quarta-feira (2/12/09), de audiência pública da Comissão de Minas e
Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Requerida pelo
presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), a reunião
ouviu a diretoria da empresa para conhecer planos e programas
relativos a levantamentos geológicos básicos e estudos ambientais
para o Estado.
Segundo Marco Antônio, o sistema de alerta de
enchentes opera no médio e baixo Rio Doce e é um dos três sistemas
desse tipo implantados no País. Os outros dois estão instalados no
Pantanal Matogrossense e na Amazônia. Esse último permitiu alertar
as autoridades quanto à cheia no Rio Negro, minimizando riscos e
danos à população, de acordo com o superintendente.
Ele falou ainda da parceria da CPRM com o Instituto
Mineiro de Gestão das Águas no desenvolvimento de um projeto para
prevenção de enchentes nas chamadas bacias de cabeceiras. Essas são
áreas de terras localizadas em regiões montanhosas, que coletam e
armazenam a água da chuva em seus lençóis freáticos. Ele citou o
exemplo de Ponte Nova, que, recentemente, sofreu com inundação na
cidade, o que seria evitado se o sistema de prevenção já estivesse
pronto, pois a formação da enchente seria informada com cerca de
quatro horas de antecedência.
Marco Antônio Fonseca destacou que Minas Gerais,
pela própria vocação, tem hoje situação privilegiada em relação ao
levantamento geológico: 66% do Estado já está coberto (com previsão
para ampliar em mais 20% até 2010), contra uma média nacional de 15%
de cobertura. Ele destacou que esse conhecimento, fruto de parcerias
da empresa com o Governo do Estado e outras entidades, é fator de
indução ao desenvolvimento. "A qualidade da informação geológica e
geofísica minimiza o risco do investidor, atraindo investimentos",
reforçou. O deputado Sávio Souza Cruz perguntou em que moldes são
firmadas as parcerias com o Estado e Marco Antônio informou que, nos
projetos de levantamento geológico, a CPRM e o órgão do Governo
entram com 50% cada um.
CPRM elabora novo Mapa Geológico de Minas
Outro projeto em execução pela superintendência da
CPRM em Minas (responsável também pelos Estados de Rio de Janeiro e
Espírito Santo) é a elaboração de um novo mapa geológico do Estado,
com previsão de conclusão para 2010. Marco Antônio acrescentou que
serão editadas 5 mil cópias do mapa para serem distribuídas às
escolas de ensino médio do Estado.
O dirigente citou ainda o projeto da rede básica de
monitoramento subterrâneo da água, desenvolvido inicialmente no
Triângulo Mineiro. Essa rede permite obter informações com relação à
quantidade de água disponível nos lençóis subterrâneos,
principalmente nos aquíferos. A criação do 1º Geoparque de Minas
Gerais, no Quadrilátero Ferrífero, foi saudada por Marco Antônio.
Segundo ele, o projeto foi encaminhado à Unesco e aguarda
julgamento. Segundo a entidade, o geoparque é um território definido
para apoio ao desenvolvimento socioeconômico local, que abrange
sítios geológicos de relevo, com importância científica, raridade e
beleza. O parque deve ser representativo de uma região e sua
história geológica, podendo ter ainda significado em nível da
ecologia, arqueologia, história e cultura.
Informação estratégica -
Representando a diretoria nacional da CPRM, o diretor de Relações
Institucionais, Fernando Pereira de Carvalho, lembrou os 40 anos de
fundação da empresa comemorados neste ano. A instituição iniciou
suas atividades em 1969, quando o governo militar concluiu que o
Brasil precisava investir na política mineral, buscando substituir a
importação de produtos minerais. Ele rememorou que a empresa passou
por fases diferentes: de maior incremento às pesquisas até 1985;
passando pela falta de recursos e até risco de extinção, em 1994;
pelo saneamento financeiro após esse período; chegando a 2003,
quando o governo Lula reconheceu a importância estratégica da
informação geológica para o setor mineral e para a nação.
Nesta última fase, Fernando Carvalho acrescentou
que o setor mineral foi incluído no planejamento do País, sendo
incorporado no Plano Plurianual 2004-2007 com o Programa Geologia do
Brasil. Ele valorizou ainda a inclusão de projetos da CPRM no
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "O governo tem se
preocupado em fornecer à sociedade a melhor informação geológica",
concluiu, lembrando que 20% do território nacional já está
levantado.
Presenças - Deputado Sávio
Souza Cruz (PMDB). Também participou da reunião o gerente de
Relações Institucionais e Desenvolvimento da CPRM, Marcelo Araújo
Vieira.
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