Plano Decenal de Educação tem parecer aprovado em comissão

A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou, nesta qu...

02/12/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Plano Decenal de Educação tem parecer aprovado em comissão

A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou, nesta quarta-feira (2/12/09), parecer de 1º turno favorável ao Projeto de Lei 2.215/08, que contém o Plano Decenal de Educação de Minas Gerais (PDEMG). O relator e presidente da comissão, deputado Ruy Muniz (DEM), propôs no parecer o Substitutivo nº 1, que recebeu voto contrário do deputado Carlin Moura (PCdoB). Representantes da sociedade civil organizada participaram da reunião e garantiram uma discussão acalorada do projeto, que segue agora para a Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, antes da análise do Plenário.

O PL 2.215/08, do Executivo, contém as metas, diretrizes e ações estratégicas para a educação no Estado nos próximos dez anos. Ruy Muniz afirmou que a elaboração do parecer, compartilhada com os outros membros da comissão, levou em conta as 251 sugestões colhidas pela ALMG no fórum técnico sobre o projeto. "Fizemos o parecer possível, viável, porque envolve interesses do Estado e dos municípios", admitiu.

Análise semelhante fez a deputada Gláucia Brandão (PPS), que salientou a possibilidade de novas intervenções no PL durante a discussão em Plenário e anunciou que apresentará emendas vindas do Seminário de Esportes, realizado na ALMG na última semana. "O Plano será reavaliado a cada dois anos e também terá que ser readequado a partir da aprovação do Plano Nacional de Educação", completou.

Uma das questões pendentes diz respeito à destinação de um percentual do PIB para a educação, como queriam os participantes do fórum técnico. Esse tema será debatido no Plano Nacional, em função de emenda à Constituição Federal promulgada em novembro passado, propondo essa correlação, mas ainda sem fixar o percentual. O relator considerou, então, precoce fixar esse valor no plano estadual.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) salientou o momento histórico para a educação em Minas e a complexidade de elaboração de um plano para dez anos. Ele destacou o trabalho da comissão, do relator e ainda a participação popular nesse trabalho.

Deputado critica falta de recursos e de valorização profissional

O contraponto na análise do parecer foi feito pelo deputado Carlin Moura (PCdoB), que criticou a falta de previsão de recursos para a educação e a falta de valorização dos educadores. O problema, segundo ele, seria conceitual. "O Plano Decenal é uma lei de planejamento para dez anos, que parte de uma realidade atual, mas não tem que se prender apenas à ótica do que temos hoje, sob pena de não planejarmos nada de novo", afirmou.

O deputado citou, por exemplo, que várias propostas do fórum técnico que buscavam ampliar as receitas para a educação foram rejeitadas, sob o argumento de que essa prerrogativa é do Executivo e de que o momento adequado para essa intervenção seria durante a tramitação das leis orçamentárias. "Isso não tira a condição de o plano prever o investimento, como o PPAG faz, estabelecendo questões além da lei orçamentária. Da forma como está, o parecer não contempla as novidades do fórum técnico", criticou Carlin Moura.

Da mesma forma, o parlamentar do PCdoB criticou o não acatamento da sugestão de implantação, em Minas, do piso nacional dos educadores, previsto na Lei Federal 11.738, de 2008. Ruy Muniz recorreu à interpretação do Supremo Tribunal Federal de que a remuneração (que inclui vantagens pecuniárias) é a referência para o pagamento do piso, até o julgamento final de ação contra essa lei. "Não estamos presos a isso. Podemos definir aqui o piso estadual. O princípio definido no fórum é de que o professor precisa ganhar mais e de que essa valorização não pode passar por penduricalhos", afirmou.

Ficção - Ruy Muniz contrapôs que, sem ter recursos disponíveis, não adiantaria fazer uma lei de ficção, que poderia, inclusive, ser considerada inconstitucional. "O salário dos professores é baixo, mas qualquer aumento teria enorme impacto no orçamento e há a Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita o gasto com pessoal", lembrou. Ele criticou a distribuição de recursos dos impostos, concentrados na União, rebateu a opinião de que o parecer não trouxe avanços e citou, como exemplo, a inclusão do tema Educação nos Sistemas Prisional e Socioeducativo, que não aparece nem no plano nacional.

O deputado Deiró Marra (PR) admitiu que a expectativa de todos era de avançar mais na questão dos recursos. Para ele, porém, o Plano Decenal representa enorme avanço em relação às condições atuais da educação. Como exemplo, destacou a previsão, contida no PL 2.215/08, de oferta de educação superior pública estadual a 100% dos formandos do ensino médio público em dez anos. "O piso nacional também será estendido aos Estados", previu.

Comissão de representação defende novas emendas

Representantes da comissão de representação do fórum técnico, responsável pela sistematização das propostas, acompanharam a reunião. A diretora do Sindicato dos Professores (Sind-UTE), Lílian Paraguai, repetiu as críticas ao feitas por Carlin Moura e avisou que os movimentos sociais não vão deixar que um trabalho de meses, desde a preparação do fórum, seja em vão. "Não há desculpa para não implantar o piso nacional, pois o presidente Lula já garantiu - e isso está na lei - que a União vai complementar os recursos, caso Estados e Municípios provem que não têm condições de pagar o piso", detalhou.

Santuza Abras, da Uemg, também reiterou as críticas e lembrou que o salário dos professores mineiros está defasado em relação a outras categorias. A professora afirmou ainda que o Plano Decenal terá que ser revisto antes mesmo do prazo de dois anos, previsto no projeto, em função das diretrizes da Conferência Nacional de Educação e do novo Plano Nacional de Educação.

Metas - Segundo parecer do relator, diversos prazos e metas previstos pelo Executivo para o atendimento de demandas da educação foram revistos no substitutivo, em muito casos atendendo sugestões do fórum técnico. A universalização do atendimento escolar das crianças e jovens indígenas e das comunidades remanescentes dos quilombos, em todos os níveis da educação básica, por exemplo, teve o prazo reduzido de dez para cinco anos.

Por outro lado, a premiação competitiva de professores, a partir dos resultados dos alunos, foi retirada do texto. O substitutivo mantém a premiação coletiva dos profissionais e das escolas, como ocorre hoje, e prevê a participação dos profissionais da educação na definição das metas a serem cumpridas para efeito da concessão do benefício. O texto de Ruy Muniz mantém ainda emenda ao projeto feita na Comissão de Constituição e Justiça, que prevê a participação da Assembleia Legislativa e da sociedade nas avaliações periódicas do Plano Decenal, a cada dois anos.

Além de alterações no conteúdo, o projeto original sofreu modificações estruturais, tornando-se mais conciso. Alguns itens foram aglutinados e outros transferidos de temas. Os quatro anexos foram também foram reduzidos a dois: no primeiro está o plano propriamente dito, com as metas e ações; e no segundo está o relatório estatístico sobre a educação em Minas, no qual o Executivo se baseou para elaborar o projeto. Já o relatório final do fórum técnico sobre o plano não consta do parecer, mas será anexado ao projeto.

Emenda - A comissão também aprovou nesta quarta (2) parecer de Ruy Muniz contrário à emenda apresentada ao PL 2.215/08 pelo deputado Wander Borges (PSB). Ela previa a "educação emocional" nos cursos de psicologia, educação e saúde, abrangendo o estudo da terapia floral de Bach e a sustentabilidade dos processos de aprendizagem.

Presenças - Deputados Ruy Muniz (DEM), presidente; Deiró Marra (PR), vice; Carlin Moura (PCdoB); Dalmo Ribeiro Silva (PSDB); e deputada Gláucia Brandão (PPS).

 

 

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