Dom Serafim e Sacramentinos recebem homenagem no
Plenário
O cardeal dom Serafim Fernandes de Araújo,
arcebispo emérito de Belo Horizonte, recebeu homenagem no Plenário
da Assembleia Legislativa de Minas Gerais na noite desta
segunda-feira (30/11/09), pelos 50 anos de sua sagração como bispo.
Na mesma solenidade, o Legislativo homenageou os 80 anos de fundação
do Instituto dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora,
através do seu representante, padre José Raimundo da Costa.
A solenidade foi realizada a requerimento dos
deputados Délio Malheiros (PV), Sávio Souza Cruz (PMDB) e Ruy Muniz
(DEM), que a presidiu. Cada um dos três deputados revelou uma parte
da extensa biografia de dom Serafim. Sávio Souza Cruz traçou
paralelos entre a carreira de dom Serafim e do padre Júlio Maria de
Lombardi, fundador do Instituto dos Missionários Sacramentinos.
Dom Serafim, hoje com 85 anos, nasceu em Minas
Novas (Vale do Jequitinhonha), filho de um dentista prático e de uma
educadora. Primogênito de 16 irmãos, foi criado em Itamarandiba até
os 12 anos, quando foi estudar no seminário de Diamantina, a convite
do arcebispo, que custeou dois terços das despesas. Em 1945 foi
enviado a Roma para concluir seus estudos na Universidade Gregoriana
e foi ordenado padre em 1949.
De regresso ao Brasil, lecionou em Diamantina, foi
designado pároco em Gouveia e depois em Curvelo. Aos 34 anos foi
sagrado o bispo mais jovem do País, pelo Papa João 23, e designado
bispo auxiliar de Belo Horizonte. Com a jubilação de dom João de
Resende Costa, tornou-se bispo titular, acumulando o cargo com o de
reitor da Universidade Católica. Quando assumiu, a instituição tinha
poucos cursos e 600 alunos. Ao deixar o cargo 21 anos depois, a
universidade tinha se tornado Pontifícia, tinha mais de 45 mil
alunos e era considerada a melhor universidade privada do Brasil. Em
1998, foi nomeado cardeal pelo papa João Paulo 2o.
Biografias são 'espelho de mútuo reflexo'
O deputado Délio Malheiros, que é de Itamarandiba,
falou do seu orgulho de ter estudado na mesma escola que dom
Serafim, e afirmou que o cardeal, quando recém-nascido, foi levado
de Minas Novas para lá dentro de um balaio, por um tropeiro chamado
João de Deus. "Outro João de Deus, o papa João Paulo 2o,
o fez cardeal, e só o chamava pelo nome da cidade à qual ele jurou
dedicar toda a sua vida: Belo Horizonte", disse o deputado.
Sávio Souza Cruz disse que as biografias de dom
Serafim e do padre Júlio Lombardi são "um espelho de mútuo reflexo".
Padre Lombardi nasceu na Bélgica e foi para Macapá logo ao receber
as ordens. "Era um visionário, um empreendedor, e jamais voltou ao
seu país. Da Amazônia veio para Manhumirim (Zona da Mata), onde
fundou a congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora
e o primeiro grande jornal católico do país, O Lutador".
A gráfica dos sacramentinos imprimiu o livro
escrito pelo jornalista Itamar de Oliveira, intitulado O Sonho é
Possível, contando a trajetória dos dois religiosos. A noite de
autógrafos aconteceu logo após a solenidade, no Hall das Bandeiras.
Para o padre José Raimundo da Costa, diretor de O Lutador, o
padre Lombardi era corajoso, inquieto, realizador. Abraçou a tarefa
de cuidar dos necessitados e dos miseráveis, evangelizando-os ao
jeito de Maria. "Estamos ainda no frescor da nossa História",
afirmou.
O deputado Ruy Muniz disse que também dom Serafim é
um cristão ardoroso, que criou o projeto pastoral Construir a
Esperança e a invejável estrutura de comunicação da Igreja. Dom
Serafim disse que recebia muito feliz a homenagem, e que estava bem
com Deus e consigo mesmo, por ser irmão de tanta gente pequena e
pobre. Disse que foi subordinado de quatro papas: Pio 12, João 23,
Paulo 6º e João Paulo 2º, mas devia sua carreira principalmente a
João 23, que o sagrou bispo, e a João Paulo 2º, que o fez
cardeal.
Também compuseram a mesa da solenidade o reitor da
PUC Minas, dom Joaquim Mol Guimarães, que também é bispo auxiliar de
Belo Horizonte; o vereador Adriano Ventura, da Câmara Municipal de
Belo Horizonte; e o jornalista Itamar de Oliveira.
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