Volta de trens de passageiros depende de todas as esferas de governo

A reativação dos trens turísticos e de passageiros na Região Metropolitana de Belo Horizonte e no Vale do Paraopeba d...

26/11/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Volta de trens de passageiros depende de todas as esferas de governo

A reativação dos trens turísticos e de passageiros na Região Metropolitana de Belo Horizonte e no Vale do Paraopeba depende de integração dos governos federal, estadual e municipal e ainda da pressão dos movimentos populares. Foi o que afirmou o diretor de Relações Institucionais do Ministério dos Transportes, Afonso Carneiro Filho, ao participar, nesta quinta-feira (26/11/09), de audiência pública sobre o assunto realizada pela Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Segundo ele, o Governo Federal é a favor da retomada do transporte ferroviário de passageiros no País. "Mas o governo não faz isso sozinho", ressalvou.

A audiência foi realizada a requerimento do deputado Carlos Gomes (PT), para quem a volta dos trens traria mais segurança ao transporte coletivo e mais desenvolvimento, por meio do incremento de atividades como o turismo. Dez municípios seriam beneficiados com a proposta defendida na audiência por representantes de prefeituras, vereadores, líderes comunitários e integrantes do movimento Volta dos Trens das Regiões Metropolitana e Paraopeba, que lotaram o Auditório da Assembleia. São eles Belo Horizonte, Ibirité, Sarzedo, Mário Campos, Brumadinho, Moeda, Jeceaba, Belo Vale, Congonhas e Conselheiro Lafaiete.

Retrocesso - Segundo o deputado Carlos Gomes, se na década de 50 o transporte ferroviário brasileiro atendia mais de 100 milhões de passageiros por ano, esse número hoje é de apenas 1,5 milhão, o que ele considera um retrocesso em relação a outros países. Ele informou que o Brasil tem em operação três ferrovias de longa distância - Belo Horizonte-Vitória, São Luís-Carajás e Curitiba-Paranaguá - e outras 32 linhas turísticas.

O parlamentar observou que esse panorama está na contramão também do Regulamento dos Transportes Ferroviários aprovado por decreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, assinado antes do processo de desestatização do setor em 1996, dando ao transporte ferroviário prioridade de circulação sobre os demais meios de transporte. "As regiões Metropolitana e do Paraopeba têm uma malha ferroviária bem conservada, mas exclusiva para carga", criticou o parlamentar, frisando que o Brasil optou por uma matriz perversa de transporte, ao concentrar investimentos na malha rodoviária.

"O turismo é a atividade que mais se desenvolve no mundo. Temos que ter agilidade para aproveitar também os recursos que serão disponibilizados para a Copa do Mundo de 2014", frisou o deputado Fábio Avelar (PSC). Segundo ele, a reativação dos trens, além de incentivar o turismo, é opção para enfrentar os desafios do transporte coletivo. Como exemplo, disse que a recém inaugurada Linha Verde já apresenta problemas de trânsito em horários de pico, antes mesmo da inauguração da Cidade Administrativa do Estado. Já o presidente da Comissão de Turismo, deputado Tenente Lúcio (PDT), destacou a intensa mobilização do movimento pela volta dos trens.

Ministério dos Transportes defende modelo em implantação no Ceará

Como forma de viabilizar o transporte de passageiros por ferrovias, o representante do Ministério dos Transportes defendeu a adoção do modelo VLT (veículo leve sobre trilhos) movido a biodiesel e já em implantação em Cariri (CE). O veículo, segundo ele, é de fabricação nacional e foi desenvolvido em conjunto com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) com o intuito de oferecer uma alternativa de baixo custo operacional.

"Dizem que a malha ferroviária brasileira é arcaica. Ela é antiga, sim, mas com pequenos investimentos e nova tecnologia de material rodante, ela pode ser retomada para o transporte de passageiros", afirmou Afonso Carneiro, destacando que assim foi feito com a malha destinada ao transporte de carga, que é antiga e continua funcionando plenamente.

Segundo o representante do Ministério dos Transportes, o Plano de Revitalização das Ferrovias contempla quatro programas, três deles voltados para o transporte de cargas e um para o resgate de linhas de passageiros. O plano prevê três linhas de ação: trens turísticos, trens regulares e trens de alta velocidade, estes últimos pretendendo ligar as principais capitais do País.

O programa de trens de passageiros já está em andamento, mas segundo Afonso Carneiro, os planos para Minas foram adiados. O Estado seria alvo de dois estudos visando à reativação de trens ainda neste ano, mas isso deve ocorrer só em 2010. Rio Grande do Sul e Paraná, por outro lado, devem ter estudos contratados nos próximos dias.

Cidades temem custo de reativação e Estado aposta em PPPs

O prefeito de Congonhas, Anderson Costa Cabido, defendeu o transporte ferroviário. Segundo ele, os trens de passageiros podem reduzir a excessiva dependência que muitos municípios têm da mineração, ao favorecer o turismo. Ele ressalvou a necessidade de um debate sobre as condições para a reativação dos trens. Para Cabido, é preciso definir se seria usada a estrutura já existente ou se seriam implantadas linhas paralelas às de carga aproveitando sua faixa de domínio, uma vez que o relevo do traçado antigo é um dificultador. "Esse debate não é simples porque alguém vai ter que pagar a diferença", ponderou.

Já o assessor da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), Mário Guimarães, argumentou que o Estado tem papel limitado na questão, por ser o transporte ferroviário de concessão federal. Ele apontou as parcerias público-privadas (PPPs) como alternativa possível para a retomada dos trens de passageiros.

Segundo o representante da Setop, o programa Trens de Minas, do Governo do Estado, tem entre seus objetivos justamente reativar linhas de passageiros. Já foi firmado com o Ministério dos Transportes um protocolo de intenções visando à celebração de um convênio de cooperação, que já estaria em poder da pasta para ser assinado.

Representante da comissão Volta aos Trens das Regiões Metropolitana e Paraopeba, a vereadora de Brumadinho Lilian Paraguai ressaltou que o debate deixou claro que todas as esferas ouvidas aprovam a reativação dos trens. "O cenário é favorável, mas temos que avançar para concretizar um desejo coletivo", cobrou ela.

Na próxima reunião da comissão serão votados requerimentos relacionados à audiência pública para dar sequência às discussões e à coleta de informações sobre o assunto.

Presenças - Deputados Tenente Lúcio (PDT), presidente; Carlos Gomes (PT) e Fábio Avelar (PSC). Também participou da reunião o assessor do gabinete da Secretaria de Estado de Cultura, Edilson José do Nascimento.

 

 

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