PM rebate acusações de punição a policiais licenciados em Betim

Representantes do 33o Batalhão de Polícia Militar de Betim esclareceram aos deputados da Comissão de Direitos Humanos...

26/11/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

PM rebate acusações de punição a policiais licenciados em Betim

Representantes do 33o Batalhão de Polícia Militar de Betim esclareceram aos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais os critérios para adequação de escalas de trabalho em casos de licença médica concedida a praças da corporação. A reunião, realizada na manhã desta quinta-feira (26/11/09), a requerimento dos deputados Durval Ângelo (PT) e Sargento Rodrigues (PDT), foi motivada por denúncias de que policiais militares estariam sendo obrigados a trabalhar em dias de folga para repor o afastamento sob licença médica.

Segundo o comandante do batalhão, tenente-coronel Antônio Leandro Bettoni da Silva, o número de licenças médicas é alto e, em alguns momentos, prejudica o atendimento da corporação às demandas da sociedade. Para isso, teria sido realizado, em 2008, um estudo entre médicos e profissionais do setor de recursos humanos da PM para identificar as causas do elevado índice de afastamentos na corporação. Como resultado desse trabalho, foram tomadas medidas para humanizar a carga horária dos policiais de modo a reduzir as licenças.

"Ainda assim o número (de afastamentos) não foi reduzido. A jornada diária passou de 12 para oito horas e criamos mecanismos de avaliação de desempenho para sanar o problema", disse o comandante. Ele explicou também que não ocorre nenhum tipo de punição aos policiais licenciados, e sim uma adequação de escala. "Quando há o retorno da licença, refazemos a escala para evitar que ocorram afastamentos injustificáveis de até sete dias, conforme constatamos em nosso estudo", completou. Ele apresentou aos deputados o resultado do levantamento, que aponta que 94% dos policiais do 33o BPM teriam feito uso de licenças em 2007.

O comandante da 174a Cia. da Polícia Militar, subordinada ao 33o BPM, major Paulo Sérgio, lembrou que não existem mecanismos médicos que identifiquem as simulações de doenças, por isso é necessário que critérios sejam adotados para que o trabalho da corporação não fique prejudicado. De acordo com ele, as escalas são benéficas e o excesso de licenças sobrecarrega os policiais que estão em exercício. O comandante da 177a Cia., também ligada ao 33o BPM, Alexandre Costa Pinto, lembrou que, desde abril deste ano, foram concedidas 53 licenças, e os casos com maior tempo de afastamento são de policiais jovens e com pouco tempo de serviço. "As licenças são sempre imediatamente antes ou depois das folgas, por isso é necessário que se faça uma acompanhamento para evitar a má fé", salientou.

Hospital Militar - O diretor-geral do Hospital Militar, tenente-coronel Jorge Dias Júnior, ponderou que só se configura como folga o momento em que o policial cumpriu seu ciclo de trabalho, e isso não se aplicaria em casos de licença médica. Segundo ele, quando há o afastamento, é preciso que se faça uma adequação da escala. "Isso significa que o policial não trabalha no seu dia de folga, tendo em vista que ele não faria jus a esse benefício", explica. Ele disse que suspendeu preventivamente as escalas de reposição, até que sejam feita uma avaliação caso a caso.

Para o deputado Arlen Santiago (PTB), o comando do 33o BPM tem agido de forma correta e preservado o que considera ser o mais importante, que é o atendimento à sociedade. Para ele, o excesso de licenças está prejudicando o trabalho da PM, e a criação da avaliação de desempenho no Estado reduziu o número de afastamentos. "Temos que criar novos mecanismos de motivação. O comando precisa punir os maus profissionais e preservar as necessidades da comunidade", apontou.

O deputado Domingos Sávio (PSDB) também se disse satisfeito com as explicações dadas pela PM. Para ele, as escalas foram humanizadas sem prejuízo do atendimento à população, e a corporação deve zelar por seus princípios de seriedade, hierarquia e disciplina. O parlamentar se considerou um defensor da adequação da escala e da punição exemplar aos policiais que agem de má fé.

Sindicato critica critérios de adequação da escala

O presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares (Aspra), subtenente Luiz Gonzaga Ribeiro, disse que o modelo de escala de trabalho é bom, mas a ferramenta de combate ao absenteísmo é ilegal. Para ele, a dispensa médica tem sido compensada com aumento de carga horária, e o grande problema é a falta de efetivo para suprir a ausência dos policiais licenciados. "Entendemos que o excesso de afastamentos prejudica o trabalho da PM, mas a responsabilidade de oferecer efetivo suficiente é do Estado. Não podemos permitir que essa carência seja motivo de punição para o servidor", colocou.

O deputado Sargento Rodrigues, co-autor do requerimento que motivou a audiência, reafirmou que há reposição de escala para policiais em licença médica. Para ele, o procedimento é punitivo, uma vez que as licenças são regulares e homologadas pelos médicos da PM. "As ações são ilegais e contrariam o Estatuto dos Militares", reforçou. Ainda de acordo com o parlamentar, existe uma cultura entre os comandantes de que todos os policiais adotam a prática da simulação de doenças para provocar afastamentos.

O deputado Durval Ângelo concordou que o número de licenças é grande, o que gera a suspeita de má fé, tendo em vista que há dificuldade de comprovação de algumas doenças. Ele afirmou, no entanto, que se a licença é homologada pelos médicos da PM, as ações de reposição de escala são irregulares. "Sugiro que a corporação estabeleça convênios médicos sérios e confiáveis, para evitar o chamado corpo mole dos praças", disse. A deputada Maria Tereza Lara (PT), que presidiu a audiência, sugeriu que seja criada uma comissão que auxilie o consenso entre comandantes e policiais, de modo a reduzir a tensão existente no 33o BPM.

Requerimento - Ao final do debate, o deputado Sargento Rodrigues apresentou um requerimento, a ser votado na próxima reunião, solicitando que a diretoria do Hospital Militar e o comando do 33o BPM informem aos deputados da comissão sobre as providências tomadas com relação ao tema discutido na audiência.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Sargento Rodrigues (PDT), Arlen Santiago (PTB) e Domingos Sávio (PSDB) e deputada Maria Tereza Lara (PT).

 

 

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