Ameaças contra freira motivam reunião em Salto da
Divisa
Um conflito agrário que se arrasta há mais de dois
anos, no município de Salto da Divisa, é tema de uma visita da
Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais àquela cidade, situada no Vale do Jequitinhonha, a 820 km da
Capital. A audiência pública organizada pela comissão acontece nesta
segunda-feira (23/11/09), às 13 horas, na Câmara Municipal de Salto
da Divisa, na Rua da Bahia, 369, no Centro da cidade. O requerimento
para realização da reunião é do presidente da comissão, deputado
Durval Ângelo (PT).
Em outubro de 2007, o próprio Durval Ângelo esteve
na cidade e ouviu de religiosos e militantes sem-terra queixas sobre
problemas que persistem: ameaças de morte contra a irmã Geralda
Magela Fonseca (irmã Geraldina); ameaças contra as famílias do
acampamento Dom Luciano Mendes, na Fazenda Monte Cristo; e a demora
na conclusão do processo de assentamento.
A área em disputa, a fazenda Monte Cristo, tem
1.368 hectares, e pertence originalmente à Fundação Tinoco Cunha
Peixoto. A fazenda foi declarada improdutiva pelo Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e arrecadada para fins de
reforma agrária. Mas os representantes da fundação contestaram o
laudo do Incra na Justiça. Parte da propriedade foi ocupada em 2006
por 100 famílias de sem-terras, que chegaram a ficar cinco meses sem
receber cestas básicas e se queixaram de ameaças de representantes
da fundação.
Na primeira visita da comissão a Salto da Divisa, a
irmã Geraldina denunciou que até as freiras dominicanas estavam
recebendo ameaças de ser baleadas no rosto e que alguns barracos de
lona do acampamento haviam sido queimados. A irmã realiza trabalho
missionário na região e presta assistência aos acampados.
Estão convidados a participar da audiência pública
o desembargador Gercino José da Silva Filho, ouvidor agrário
nacional e presidente da Comissão Nacional de Combate a Violência no
Campo; o superintendente Regional do Incra, Gilson de Souza; o
procurador de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional
de Conflitos Agrários, Afonso Henrique de Miranda Teixeira; a
coordenadora Estadual e Nacional da Comissão Pastoral da Terra,
Lucimere da Silva Leão; o comandante da 15ª Região da PMMG, coronel
Sandro Lúcio Fonseca; o assessor da Comissão Pastoral da Terra, Frei
Gilvander Luís Moreira; o promotor de Justiça dos municípios de
Jacinto e Almenara, Bruno Cesar Medeiros Jardini; e o delegado de
Polícia de Jacinto, Helder Carvalhal de Almeida.
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