Convidados defendem revitalização e tombamento de praça no Sul

Considerada um dos principais cartões postais da cidade de Monte Sião, no Sul de Minas, a Praça Prefeito Mário Zucato...

19/11/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Convidados defendem revitalização e tombamento de praça no Sul

Considerada um dos principais cartões postais da cidade de Monte Sião, no Sul de Minas, a Praça Prefeito Mário Zucato pode ser tombada como patrimônio histórico e artístico estadual e, assim, preservar suas características originais. Essa possibilidade foi debatida nesta quinta-feira (19/11/09) durante audiência pública da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada naquela cidade. A reunião foi requerida pelo deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

Criada em 1941, a praça possui ciprestes e canteiros de flores esculpidos em forma de aves, animais e símbolos, em uma técnica de poda chamada topearia. Porém, as figuras aos poucos vêm se descaracterizando, desde que o jardineiro Odair Comuni, o único que domina a técnica no município, se aposentou, há 12 anos. Ele herdou a habilidade do pai, Estêvão, que criou as esculturas vegetais na época da inauguração da praça. Hoje quem tenta manter o formato das figuras originais são jardineiros contratados pela prefeitura, mas sem a técnica adequada. Além disso, moradores se queixaram da falta de manutenção da estrutura física da praça que, segundo alguns, se encontra em estado de abandono.

A deputada Gláucia Brandão (PPS) reconheceu a importância da praça para a população do município e enalteceu a iniciativa da ALMG de comparecer à cidade para ouvir os moradores. "A cultura é a carteira de identidade de uma comunidade e é um direito constitucional da população", afirmou. Ela explicou que o tombamento é um instrumento de preservação e, caso isso aconteça, vai representar a garantia de que a praça será mantida no formato atual por muito tempo. Além disso, informou que o Governo do Estado terá que investir na sua manutenção, repassando ainda recursos do chamado ICMS Cultural, destinado exclusivamente à preservação daquele espaço.

Tombamento pode impedir iniciativas municipais

Mas o tombamento é visto com certa desconfiança pelo presidente da Fundação Paschoal Andretta, entidade mantenedora do Museu Histórico e Geográfico de Monte Sião, José Airton Labegalini. Para ele, apesar das vantagens mostradas pela deputada, a iniciativa pode representar o "engessamento" de possíveis ações do município em relação à praça.

Além disso, Labegalini questionou a garantia de que o Estado vai cumprir suas obrigações em termos de repasses de recursos. Ele lembrou que o município precisa arcar com obrigações estaduais, como saúde, educação e segurança pública, e que tem dúvida se seria diferente no caso da cultura, que é uma área de menor prioridade governamental. Labegalini listou uma série de ações necessárias para a recuperação da praça, entre elas a construção de novos sistemas hidráulico e elétrico e a restauração do coreto, do caramanchão, dos bancos e dos postes de iluminação.

O promotor de Justiça da cidade, Marco Antônio Meiken, esclareceu que, para ser protegido, um patrimônio cultural não precisa de qualquer ato administrativo ou judicial. "A obrigação de preservar existe independentemente de tombamento", disse ele, acrescentando que a iniciativa seria apenas um instrumento a mais de proteção. "Do ponto de vista jurídico, o tombamento é apenas o reconhecimento do que nós vemos todos os dias", finalizou.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva defendeu uma ação governamental do município, envolvendo a Prefeitura e a Câmara Municipal. Apoiando o tombamento da praça, ele se prontificou a encaminhar a discussão ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e também à Secretaria de Estado de Turismo, a fim de que seja iniciado o processo.

Para o vereador Hércules Divino de Faria, é preciso garantir a preservação desse patrimônio para as futuras gerações, uma vez que ele vem se perdendo, com a transformação da cidade em polo industrial de tricô. "Trata-se do único bem público que retrata a cultura desse povo", afirmou. O prefeito José Rafael de Castro Ribeiro se colocou à disposição para ajudar no processo de tombamento, que não inclui as casas e construções ao seu redor. Ele disse que, para a revitalização da praça, precisa da ajuda de Odair Comuni, seja para trabalhar, seja para ensinar o ofício a outros jardineiros. Durante a fase de debates, a maior parte dos representantes da população se manifestou favoravelmente ao tombamento da praça.

Ao final da reunião, Gláucia Brandão defendeu que seja deflagrado imediatamente o processo de revitalização da praça, com a participação do poder público municipal e das entidades interessadas. O encaminhamento para o tombamento também será levado adiante, garantiu a deputada. Ela ressaltou ainda a necessidade de se qualificarem novos profissionais na arte da topearia. O deputado Doutor Ronaldo (PDT) defendeu a divulgação de imagens e de informações sobre Monte Sião na publicidade oficial.

Presenças - Deputada Gláucia Brandão (PPS), presidente; e deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Doutor Ronaldo (PDT). Participaram também, além dos citados na matéria, o presidente da Câmara Municipal, vereador João Paulo Ribeiro; o juiz de Direito da Comarca de Monte Sião, Milton Bagioni Furquim; o presidente da Associação Comercial e Industrial de Monte Sião, Josão Tadeu Dorta Machado; e o padre Simão Cirineu, da paróquia Nossa Senhora da Medalha Milagrosa.

 

 

 

 

 

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