Transportadores alternativos querem nova regulamentação da atividade

Representantes de taxistas e de empresas de transporte alternativo defenderam a revogação do Decreto 44.035, de 2005,...

18/11/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Transportadores alternativos querem nova regulamentação da atividade

Representantes de taxistas e de empresas de transporte alternativo defenderam a revogação do Decreto 44.035, de 2005, que traz critérios para o serviço fretado de transporte intermunicipal de pessoas. Eles lotaram a audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (18/11/09) e solicitaram às autoridades presentes nova regulamentação do trabalho, por meio de uma lei sobre o assunto. Ainda na reunião, os transportadores alternativos reclamaram dos abusos cometidos pelo DER-MG durante a fiscalização de seus veículos.

O autor do requerimento pela reunião, deputado Paulo Guedes (PT), vice-presidente da comissão, explicou que o problema não é novo, já tendo sido discutido pela ALMG noutras ocasiões, inclusive no interior, em Montes Claros. "O Decreto 44.035 proíbe o transporte de passageiros, chamado de alternativo, e também de táxi, o que vem causando grandes prejuízos à população de Minas Gerais", disse. Ele afirmou que, pela quantidade de pessoas presentes, podia constatar que o problema não se restringia ao Norte de Minas.

"Esse decreto é inconstitucional", disparou Paulo Guedes, acrescentando que a norma viola o direito de ir e vir. Além disso, a norma prejudicaria principalmente o trânsito de pessoas nas cidades-polo e suas vizinhas, segundo o deputado. Ele exigiu que o Governo do Estado reconheça o direito dessas pessoas e dos taxistas e outros transportadores alternativos. Na opinião dele, o decreto é tendencioso, por favorecer as grandes empresas de transporte.

O deputado Paulo Guedes também reclamou dos excessos da fiscalização. "Na minha região há várias irregularidades nas rodovias - animais na pista, buracos. Para isso, não tem fiscalização. Mas para multar taxista não falta fiscal. Temos casos de motoristas que tomaram 20 multas", declarou. Ele ainda denunciou que fiscais não estariam respeitando liminares concedidas pela Justiça.

Fiscalização - O representante jurídico da Associação de Transportadores Terrestres de Passageiros e de Cargas, Fernando de Almeida, listou uma série de irregularidades que estariam sendo cometidas pela fiscalização do DER-MG. Ele citou como exemplos a negação ou demora no atendimento de autorizações, protocolos e petições solicitadas pelos transportadores; o desrespeito às liminares e excessos na conduta dos fiscais. Segundo Almeida, muitos estariam fazendo ameaças e coações, apreendendo documentos e veículos ilegalmente e fazendo transbordo ilegal de pessoas.

Fernando de Almeida avaliou que o DER-MG não tem competência para fiscalizar transporte privado. Ele disse que o passageiro do transporte fretado é identificado e permanente, ao contrário do passageiro de ônibus ou de táxi. O gerente de Transportes Fretados de Passageiros da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Luiz Alberto Grande discordou de Almeida. Disse que todo transporte é concessão pública federal, estadual ou municipal, sendo que nesta última esfera está a concessão para o serviço de táxi. Para ele, o transporte fretado está sujeito, sim, às regras do Decreto 44.035.

DER se defende das acusações

O assessor técnico da Secretaria de Transportes e Obras Públicas (Setop), Lindberg Ribeiro Garcia, tentou retrucar as afirmações do deputado Paulo Guedes e as acusações do representante dos transportadores. Na sua avaliação, o Decreto 44.035 não é inconstitucional. "O decreto não proíbe o direito de ir e vir do cidadão, muito menos o trabalho do taxista", afirmou. Ele explicou que o DER está multando o transporte intermunicipal feito com habitualidade, diferenciando essa situação de um transporte eventual de passageiro em táxi, de uma cidade para outra, o que não seria objeto da fiscalização.

O assessor destacou ainda que parte do problema está no município, citando o exemplo de Guanhães. De acordo com ele, nessa cidade de 29 mil habitantes há 248 táxis - o equivalente a 119 habitantes por táxi, o que seria um exagero, na sua opinião, uma vez que Belo Horizonte tem o índice de mais de 400 habitantes por táxi. "O que vemos são distorções com relação a essas concessões e outorgas a taxistas". Defendendo novamente o decreto, ele disse que sem a norma, reinaria o "laissez-faire".

Liminares - Complementando a resposta, o coordenador da Comissão Processante da Diretoria de Fiscalização do DER-MG, Fernando Antônio Silveira, disse que o órgão cumpre todas as liminares judiciais. "O fiscal tem a relação atualizadíssima dessas liminares", disse. Ele esclareceu ainda que não basta a pessoa obter a liminar: o DER também tem que ser citado. Ele lembrou também que o Ministério Público de Montes Claros entendeu que todas as liminares anteriores à publicação do decreto deveriam ser respeitadas. Mas ressalvou que isso ocorreria desde que não houvesse por parte do transportador habitualidade, cobrança de passagem ou recrutamento de passageiros. O deputado Paulo Guedes questionou a competência do MP para decidir sobre a questão.

Transporte é concentrado em poucas empresas

O ex-prefeito de Teófilo Otoni e ex-deputado federal Edson Soares lamentou que "80% do transporte no Brasil é feito por apenas 20 famílias". Para ele, há uma promiscuidade entre empresários do transporte e o DER. Lembrou que quando foi prefeito, anunciou que ia legalizar o transporte escolar no município e empresários do setor reclamaram que iriam falir. "Tomei a medida e ninguém quebrou", disse, acrescentando que aconteceu o mesmo quando regularizou o serviço de mototáxi em Teófilo Otoni. Por fim, ele solicitou aos deputados a criação de um projeto de lei para regulamentar o transporte intermunicipal.

O deputado Paulo Guedes respondeu que a iniciativa desse tipo de projeto é prerrogativa do Executivo, e informou que já tramita na Assembleia um projeto de sua autoria que torna sem efeito o Decreto 44.035. "Tramita desde o ano passado, mas não vai a Plenário. O lobby aqui também é forte. É preciso que o movimento social mantenha a pressão para mudar as coisas". Ele reclamou ainda que há dois pesos e duas medidas. "Por que um táxi pode ir de BH a Confins, e um de Teófilo Otoni não pode ir a Poté, e um de Montes Claros não pode ir a Brasília de Minas?".

O deputado Doutor Ronaldo (PDT) disse que a reunião mostrava que estava frente a frente com "um movimento social gigantesco". E avaliou que, em resposta a essa mobilização, não haveria saída senão mudar-se a atual regulamentação.

Requerimentos - Ainda na reunião, foram aprovados os requerimentos dos seguintes deputados: Ruy Muniz (DEM), que pede audiência pública para obter informações sobre os motivos que levaram a Secretaria de Estado da Fazenda a fechar o posto fiscal Ariston Coelho em Montes Claros; Almir Paraca (PT), que solicita audiência pública para discutir o III Diagnóstico "Defensorias Públicas no Brasil", elaborado pela Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça; Carlin Moura (PCdoB), que pede audiência pública, em Malacacheta, para tratar da falta dos serviços de abastecimento de água e saneamento básico no Município, bem como as obras dos links faltantes na região, em especial, o que interliga Malacacheta a Água Boa; e Cecília Ferramenta (PT), em que solicita o envio de ofícios aos prefeitos do Estado, encaminhando o novo cronograma de organização da 4º Conferência Nacional das Cidades.

Presenças - Deputada Cecília Ferramenta (PT), presidente; e deputados Paulo Guedes (PT), vice; Doutor Ronaldo (PDT) e Antônio Genaro (PSC). Também participaram da reunião o coordenador de Administração de Trânsito do Detran-MG, Luiz Cláudio Figueiredo; o diretor de Fiscalização do DER-MG, Paulo Rubens Pereira Diniz; o vice-presidente e a advogada da ATTPC, Márcio José do Couto e Renata Vieira Gomes.

 

 

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