Especialistas sugerem medidas para conter desmatamento no Jaíba

Participantes de audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (17/11/09...

17/11/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Especialistas sugerem medidas para conter desmatamento no Jaíba

Participantes de audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (17/11/09), defenderam o isolamento da reserva legal do Projeto Jaíba e o investimento em educação rural e ambiental da população local. As sugestões foram feitas durante reunião promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de conter as invasões e o desmate nas áreas de preservação ambiental do projeto de irrigação. Os convidados para o debate também defenderam que o Executivo informe sobre o cumprimento das condicionantes para o licenciamento ambiental do projeto.

A audiência foi solicitada pelo deputado Fábio Avelar (PSC) para debater as invasões realizadas pelos sem-terra em 2004. De acordo com o autor do requerimento, a reunião foi marcada a pedido da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda). As áreas invadidas foram desmatadas e utilizadas para agricultura e extração ilegal de madeira. "É preciso considerar a importância social do Projeto Jaíba sem, contudo, ignorar a questão ambiental envolvida", avaliou. O deputado Gil Pereira (PP) afirmou que o Norte de Minas sofre com esse tipo de invasão e que há muita dificuldade para punir os responsáveis.

O histórico do problema foi relatado pelo diretor de Monitoramento e Fiscalização Sustentável do Instituto Estadual de Florestas (IEF), João Paulo Sarmento. Ele informou que a invasão começou na reserva legal da Etapa II do Jaíba com cerca de 40 famílias, mas quase 100 chegaram a acampar no local. Quando um líder da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas anunciou que faria a ocupação, o IEF acionou a Promotoria de Manga e a Polícia Militar e formalizou boletins de ocorrência, solicitando a reintegração de posse.

Foram lavrados autos de infração contra 30 pessoas, mas segundo do diretor do IEF há muita dificuldade para identificar os invasores. João Paulo Sarmento informou que a Justiça já determinou que a reintegração de posse ocorra logo após a colheita das lavouras. O membro da equipe técnica do Projeto Inventário da Flora Nativa e dos Reflorestamentos de Minas Gerais, Júlio Neil Cassa Louzada, não acredita que as invasões tenham ocorrido para garantir acesso à terra, porque a reserva legal não é própria para a agricultura. "Acredito que se trate de criminosos ambientais", argumentou. O professor lembrou que a região é de cobertura original de Mata Seca, um ecossistema frágil que pode levar até 100 anos para se recompor.

Especialistas lembram responsabilidade do Estado

Júlio Louzada chamou atenção para a responsabilidade do Estado e do empreendedor do projeto de irrigação - no caso a Fundação Rural Mineira (Ruralminas) - sobre o monitoramento e a recuperação da área. A superintendente executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, questionou a facilidade encontrada na ocupação e até na comercialização do carvão extraído da reserva legal. "Se a invasão foi anunciada, como não foi feito um isolamento para evitar que isso ocorresse?", questionou. Ela pediu à comissão que solicitasse o relatório do cumprimento das condicionantes determinadas pelo Estado para concessão do licenciamento ambiental e das medidas mitigadoras sugeridas pelo empreendedor para as Etapas I e II do Projeto Jaíba. Segundo ela, a Ruralminas foi notificada, mas a PM alegou que, por falta de efetivo, não pôde fazer nada.

A ambientalista também defendeu o reforço da equipe do IEF para que o controle sobre a região seja intensificado. O promotor de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Cultural, Urbanismo e Habitação (Caoma), Luciano Luz Badini Martins, sugeriu um estudo para avaliar a adequação do isolamento da reserva para sua regeneração, o mais rapidamente possível. Ele enfatizou que a reserva legal é uma área de recarga hídrica e precisa ser preservada, compensando as áreas utilizadas para o desenvolvimento de atividades econômicas. Badini também se comprometeu a solicitar informações junto às promotorias regionais onde os processos foram iniciados e apoiou o pedido do inventário sobre as condicionantes do Projeto Jaíba.

Empreendedor deve garantir educação ambiental

Júlio Louzada acredita que o empreendedor também deve cuidar da educação ambiental como forma de garantir que os assentados respeitem as áreas de preservação. "Uma área vazia, sem sinalização, sem dono e com uma população sem educação ambiental favorece as invasões", argumentou. Para ele, as ocupações ocorrem porque as pessoas não têm noção nenhuma do que é uma reserva legal. Além disso, o pesquisador avalia que o problema dos desmates no Norte de Minas é mais que uma questão ambiental: é uma questão de viabilidade econômica.

A servidora do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), Maria Elisa Castellanos Solá, que acompanhou o processo de licenciamento do Jaíba quando era funcionária do IEF, afirmou que a licença foi concedida porque o Estado se comprometeu a assumir a fiscalização da área e garantir uma legislação de proteção da Mata Seca.

O diretor do IEF, João Paulo Sarmento, afirmou que o instituto desenvolveu diversas atividades de educação ambiental na região do Jaíba. Ele acredita, contudo, que a melhor forma de conter as invasões é a regularização fundiária. "O IEF investiu pesadamente nisso", afirmou. Na opinião dele, também é preciso buscar sustentabilidade para o entorno do Jaíba, dando alternativas para quem vive da exploração do carvão vegetal, por exemplo.

Requerimentos - Durante a reunião, além de três proposições que dispensam a apreciação do Plenário, foram aprovados cinco requerimentos. O deputado Fábio Avelar solicita audiência pública para debater a situação do licenciamento ambiental do Aeroporto da Pampulha; e o deputado Délio Malheiros (PV) pede a realização de reunião conjunta com a Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte para debater a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que torna obrigatória a inspeção veicular para controle de emissão de gases poluentes. Os demais requerimentos solicitam informação sobre assuntos tratados na audiência pública realizada na última semana, em Pains.

Presenças - Deputados Fábio Avelar (PSC), presidente; Gil Pereira (PP); Antônio Júlio (PMDB).

 

 

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