Defesa da inclusão digital é destaque na Conferência de Comunicação

A inclusão digital e o acesso à internet como direito essencial do cidadão foram propostas defendidas na manhã deste ...

14/11/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Defesa da inclusão digital é destaque na Conferência de Comunicação

A inclusão digital e o acesso à internet como direito essencial do cidadão foram propostas defendidas na manhã deste sábado (14/11/09), na 1ª Conferência Estadual de Comunicação, no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O coordenador da Comissão Organizadora Nacional, Marcelo Bechara, informou aos participantes que lotavam o Plenário que o Governo Federal está atento às sugestões da conferência para o Plano Nacional de Banda Larga, em discussão. A banda larga permite o acesso mais veloz à internet, com maior capacidade de transmissão de dados. Os debates foram coordenados pelo deputado Carlin Moura (PCdoB).

A conferência estadual foi aberta na última sexta (13) à noite e termina neste domingo (15), com a produção de um documento e a eleição dos delegados à conferência nacional, marcada para os dias 14 a 17 de dezembro, em Brasília (DF). Serão eleitos 64 delegados da sociedade civil, 64 do segmento empresarial e 16 do poder público. Os participantes vão apresentar propostas para subsidiar as diretrizes para a Política Nacional de Comunicação, com base em três eixos temáticos: Produção de Conteúdo, Meios de Distribuição e Cidadania. Na tarde deste sábado, eles estarão reunidos em grupos de trabalho, para discutir e formatar suas sugestões.

O professor e ex-procurador da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Leonardo Melo, que representa o segmento empresarial na conferência, defendeu o acesso irrestrito aos meios que possibilitem a liberdade de expressão. Ele avaliou que o Plano Nacional de Banda Larga pode servir de agenda inaugural para as propostas de inclusão digital. Melo disse esperar que, da conferência, saiam propostas concretas e executáveis que possibilitem a inserção dos excluídos.

Inclusão digital deve seguir exemplo da televisão

Marcus Manhães, representante da Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Telebrás (CPqD), tratou do tema Meios de Distribuição. Ele fez um apanhado sobre as tecnologias de comunicação disponíveis, suas respectivas implicações e possibilidades, e destacou a tendência crescente à convergência. Na avaliação de Manhães, a inclusão digital no Brasil deve ser feita levando a tecnologia a cada um dos lares brasileiros, a exemplo do que aconteceu com a televisão. Ele também defendeu o desenvolvimento de tecnologia nacional no campo da comunicação. "Temos competência para extrair o pré-sal, temos que ter competência para desenvolver nossa própria tecnologia", declarou.

Marcelo Bechara, que é consultor jurídico do Ministério das Comunicações, comparou o acesso à informação nos países desenvolvidos e nos países emergentes, como o Brasil. Naqueles, a primeira porta de acesso à informação foi o computador; nos outros, o rádio e a televisão. Ele lembrou que, no Brasil, há mais aparelhos de TV nas casas das famílias do que geladeiras. "A TV só perde para o fogão", disse. A segunda porta foi o celular e, agora, o objeto de desejo é o computador. Bechara mostrou, por outro lado, um dado importante aos participantes da conferência: nos últimos dois anos, foram vendidos mais computadores do que aparelhos de televisão no País. "O preço caiu graças a uma política bem feita de incentivo", ressaltou.

Concessões também são discutidas

Ao abordar o tema Produção de Conteúdo, o jornalista Carlos Alberto de Almeida defendeu a criação de instrumentos que ampliem a participação da sociedade nos processos de produção e o equilíbrio entre os setores de comunicação privado, público e estatal, de acordo com o princípio da complementaridade, previsto no capítulo da Constituição Federal que trata da Comunicação Social. Ele criticou a predominância do setor privado na comunicação brasileira e propôs que, a partir de agora, o setor público seja privilegiado nas concessões de radiodifusão.

Luiz Carlos Bernardes, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), defendeu que a mídia empreenda mudanças, adequando-se à realidade de democracia do País. Segundo ele, já passou da hora de rever os critérios de concessões. "Os setores de radiodifusão devem deixar de sonhar com a herança do regime militar, quando foram criados e cresceram, inclusive apoiando a censura à imprensa", destacou. Ele também lamentou que somente Rio de Janeiro e São Paulo tenham veículos nacionais. Os demais Estados, entre eles Minas, acabam sofrendo prejuízos políticos e econômicos por conta disso, analisou.

Já Marcelo Bechara lembrou que o Governo Lula regulamentou a radiodifusão pública, criando a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Ele também destacou que a atual gestão foi a que mais outorgou rádios comunitárias, que hoje passam de 4 mil. Em 2009, são 600 novas autorizações encaminhadas à Presidência da República. "Isso demonstra o compromisso com o campo público da comunicação", enfatizou. Bechara também destacou decisão recente do Governo Federal estabelecendo que as emissoras de televisão públicas, como a Rede Minas, por exemplo, podem fazer publicidade institucional,. Esse conceito estende-se aos canais comunitários que operam no cabo. "Essa é uma decisão que independe da conferência, mas é reflexo dela", pontuou.

Conselhos - Luiz Carlos Bernardes cobrou ainda a reestruturação do Conselho Federal de Comunicação Social, reivindicando que ele seja deliberativo, como foi pensado pelos movimentos sociais, e vinculado não mais ao Senado, como ocorre hoje, e sim ao Executivo. Ele recordou que, em Minas, a criação do Conselho de Comunicação Social foi prevista na Constituição de 1989, sendo os deputados da época sensíveis ao pleito das entidades. O conselho está previsto no artigo 230 da Constituição Estadual, como órgão auxiliar, composto de representantes da sociedade civil.

Palestras abordam histórico e evolução dos serviços de telecomunicação

Também sobre Meios de Distribuição falou José Luiz Gattás Hallack, gerente de Relações Institucionais da Oi em Minas Gerais. Hallack disse que o setor de telecomunicações brasileiro possui três grandes marcos. O primeiro, de acordo com ele, foi a privatização dos serviços de telecomunicação, que trouxe como consequência o que ele considera como o segundo marco, que seria a universalização do acesso a esses serviços.

Segundo dados apresentados por Hallack, antes da privatização existiam 18 milhões de telefones fixos e 4,6 milhões de linhas de celulares. Atualmente, são 44 milhões de linhas fixas, enquanto a telefonia móvel no Brasil conta com 166 milhões de linhas. Apesar de os números demonstrarem um crescimento em termos absolutos, Hallack disse que ainda há localidades no Brasil que não têm acesso a esses serviços, o que representa um desafio para o País.

Para ele, a realização da conferência representa o terceiro marco, estimulando a participação da sociedade no debate desse tema e na proposição de diretrizes para a política nacional de comunicação.

História - O vice-presidente da Rede Bandeirantes, Antônio Telles, que tratou do tema Produção de Conteúdo, deu destaque ao papel da televisão nos últimos 50 anos no Brasil. "Talvez o País não houvesse conseguido uma unidade nacional, o que envolve cultura, língua, religião, pensamento, harmonia política, se não houvesse se instituído um sistema de televisão livre", disse. Para Telles, com o advento da tecnologia digital, a produção de conteúdo não está mais restrita a pequenos grupos, podendo ser estendida a toda a população. "Vamos buscar uma ideia de comunicação social que possa ser levada ao nosso povo, dentro de princípios que mantenham nossa soberania e nossa nacionalidade", concluiu.

 

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715