D. Mauro Morelli recebe homenagem pelos dez anos do Consea

Governo, sociedade civil e até mesmo a Igreja continuam com o preconceito secular de que alimentar os pobres é ato de...

13/11/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

D. Mauro Morelli recebe homenagem pelos dez anos do Consea

Governo, sociedade civil e até mesmo a Igreja continuam com o preconceito secular de que alimentar os pobres é ato de filantropia e caridade. Poucos já incorporaram o conceito de que o acesso a um prato de comida é um direito de cidadania. Essa queixa foi expressada pelo bispo Dom Mauro Morelli, presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea-MG), durante homenagem que recebeu na noite de quinta-feira (12/11/09), no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pelo transcurso dos dez anos de fundação da entidade.

Atualmente, a grande esperança do eclesiástico é a Lei Federal 11.947, sancionada pelo vice-presidente José Alencar. Essa lei, segundo ele, trata da alimentação escolar e estipula que pelo menos 30% dos produtos sejam adquiridos na própria comunidade, estimulando a produção local da agricultura familiar. Dom Mauro não escondeu o entusiasmo despertado pela lei, que une duas áreas pelas quais sempre batalhou: a nutrição das crianças e o estímulo ao agricultor familiar.

"Essa lei vem realizar o sonho de 1994, quando da criação do Consea nacional. Estou com 74 anos. Vou lutar até os 90 anos para vê-la implantada", assegurou, sob aplausos do Plenário lotado. Dom Mauro disse que, ao abraçar o que chama de "imperativo ético" de alimentar as pessoas, porque com fome não é democracia, nem louvor a Deus, foi criticado dentro da própria CNBB. Alguns bispos o teriam acusado de abandonar os deveres com sua diocese para cuidar de um "projeto pessoal".

Símbolo das lutas sociais

A homenagem a Dom Mauro e ao Consea-MG foi proposta pelos deputados Padre João e André Quintão, ambos do PT. Ao discursar, Padre João pediu a inclusão de verbas para o Consea no PPAG e no Orçamento para 2010, e lembrou o acolhimento da campanha lançada por Dom Mauro, Dom Luciano Mendes de Almeida e pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, principalmente nas dioceses onde havia pastorais da Criança e do Adolescente. A placa entregue ao homenageado em nome do presidente da Assembleia considera Dom Mauro um "símbolo das lutas sociais".

André Quintão, que presidiu a solenidade, historiou a luta pelos direitos sociais na Constituinte de 1988, na qual o Centrão condicionou todos os avanços a uma regulamentação posterior. Mesmo assim foi criada a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) em 1993, e a Prefeitura de Belo Horizonte criou a Secretaria de Abastecimento. "Minas teve um papel importante no debate dos mecanismos de participação, e a própria Assembleia trabalha junto ao Consea desde 2003. Dom Mauro foi nosso grande timoneiro, e nos orienta para o exercício vivo da cidadania das pessoas de bem", disse Quintão.

Elogios à atitude vanguardista de Minas foram feitos pelo presidente da Fian Internacional, Írio Luiz Conti. "Graças às fortes lideranças surgidas em Minas, o pensamento avançou para outros Estados, evoluindo das necessidades para os direitos, e desses para as obrigações do Estado", afirmou. Conti disse também que a fome não decorre apenas das catástrofes naturais, mas da ação do homem, e por isso tem que ser tratada politicamente. Em 2050, segundo ele, o mundo precisará aumentar em 70% a produção de alimentos, e precisa encontrar formas de impedir a concentração do processo de produção e distribuição de alimentos. "Nesta semana os olhares estão voltados para Roma, onde acontece a Cúpula Mundial de Alimentos, e na próxima semana a Cúpula Mundial da FAO", informou Conti.

A solenidade foi animada pelo coral infantil da Vila Pérola. Compuseram a mesa, além dos citados, a secretária Nacional de Assistência Social, Neila Batista; o vigário episcopal para Ação Social e Política, padre Ademir Ragazzi; o secretário municipal adjunto de Abastecimento, Fábio Leopoldino Duffes; e a diretora do escritório de representação da Unimontes, Celeste Leite Fróes.

 

 

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