Força-tarefa vai agilizar legalização de mineradoras em Pains

Uma força-tarefa envolvendo todos os órgãos estaduais de meio ambiente e o Ministério Público Federal tenta pôr fim a...

11/11/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Força-tarefa vai agilizar legalização de mineradoras em Pains

Uma força-tarefa envolvendo todos os órgãos estaduais de meio ambiente e o Ministério Público Federal tenta pôr fim a um antigo problema vivido pelo município de Pains (Centro-Oeste) com relação à mineração de calcário na cidade. Esse foi um dos destaques da audiência pública realizada nesta quarta-feira (11/11/09) na Câmara Municipal da cidade, pela Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

De acordo com o coordenador das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente das comarcas do Alto São Francisco, Fábio Galindo Silvestre, a previsão é que o trabalho termine em 2010, com a regularização das empresas que atuam no setor ou o fechamento dos empreendimentos que não se adequarem às exigências legais. Representantes dos governos federal e estadual presentes na reunião sugeriram a criação de cooperativas entre os produtores para facilitar a obtenção das licenças.

Moradores reclamam que a exploração do minério tem gerado problemas ambientais e na saúde da população. O autor do requerimento da audiência, deputado Délio Malheiros (PV), afirmou que é comum surgir uma nuvem de poeira branca sobre a cidade, pó que invade as casas e pode provocar problemas respiratórios. Ele também denunciou que a atividade de empresas ilegais contamina os rios da região e o barulho das detonações nas minas traz muito desconforto para os moradores, além de lançar fragmentos em algumas casas. O deputado reconheceu a importância da atividade para a economia local, pois gera riqueza, emprego, renda e melhoria de vida, mas ressalvou que "o desafio é conciliar os interesses da mineração com o meio ambiente".

O diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) da cidade, Dirceu de Oliveira Costa, informou que um dos pontos de captação de água para abastecimento da cidade já está contaminado e 10% dos moradores são abastecidos com caminhões-pipa. Segundo ele, já está em risco a principal fonte, que fica no local conhecido como maciço do Éden, o que pode deixar toda a cidade sem acesso à água potável.

Pains é considerada um importante pólo de calcário do País e detém grande número de grutas e cavernas. Segundo o representante da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Rene Vilella, a cidade tem 253 sítios arqueológicos catalogados, com indícios da presença humana há mais de 10 mil anos. No entanto, conforme o especialista, 100% do território da cidade está com processo de concessão de lavra ou pesquisa do minério.

O presidente da Associação de Mineradoras de Pains, Arcos e Região (Ampar), Carlos José Gonçalves, reclamou da dificuldade em se obter licenciamento ambiental, demanda reconhecida por outros participantes. Ele admite que centenas de empresas atuam na cidade, mas poucas são licenciadas. A representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Maria Cláudia Pinto, revelou que existem 61 processos de licenciamento apresentados, dos quais 21 foram indeferidos, 25 estão aguardando respostas e apenas 15 já licenciados.

O chefe do escritório em Lavras do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Adriano Garcia de Souza, afirmou que o problema na cidade é muito mais um impasse técnico do que legal. Disse que o instituto tem debatido com as empresas para encontrar soluções às irregularidades. "Entendemos a necessidade da mineração e sua importância social e econômica, mas temos que buscar mecanismos de controle da atividade para que não cause lesão ao meio ambiente", justificou.

O coordenador do Departamento de Desenvolvimento Sustentável na Mineração do Ministério de Minas e Energia, Edson Farias Mello, advertiu para a necessidade de capacitação técnica nas empresas para mitigar os problemas apontados. Ele afirmou que o lançamento de fragmentos pelas explosões, por exemplo, é facilmente equacionado. Em sua opinião, o acesso à tecnologia seria facilitado para as pequenas empresas - responsáveis por 73% da atividade no Brasil - se elas se unissem em cooperativas.

Ronaldo Márcio Gonçalves, prefeito da cidade (e também minerador) lamentou que muitas empresas não demonstram preocupação com os problemas dos moradores. "Não queremos fechar empresas, mas a cidade não pode herdar esse passivo ambiental", afirmou.

Na opinião do promotor Fábio Galindo, o trabalho integrado dos órgãos ambientais pode pôr fim ao impasse. Segundo ele, muitas empresas têm dificuldades de obter o licenciamento porque se perdem entre os diferentes trâmites dados por cada organismo. A força-tarefa conta com a participação dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, DNPM, Semad, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), prefeituras e polícias Federal, Militar e Civil. Conta, ainda, com a consultoria de um arqueólogo da Universidade de São Paulo (USP). "Estamos tomando as decisões em conjunto e acreditamos que isso vai agilizar a solução dos problemas".

Presenças - Deputado Délio Malheiros (PV), o presidente da Câmara Municipal de Pains, vereador Paulo de Tarso Faria; a procuradora da República de Divinópolis, Letícia Ribeiro Marguete; o secretário Municipal de Meio Ambiente de Pains, Mário Silva Oliveira e o superintendente de Mineração e Metalurgia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Diógenes Vial.

 

 

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