Funcionários terceirizados da Gasmig não recebem há quatro meses

Trabalhadores da Construtora DM Serviços Técnicos Ltda., empresa contratada pela Gasmig para construir rede de gás na...

11/11/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Funcionários terceirizados da Gasmig não recebem há quatro meses

Trabalhadores da Construtora DM Serviços Técnicos Ltda., empresa contratada pela Gasmig para construir rede de gás natural em Ouro Branco (Região Central do Estado), reclamaram que estão sem receber salários há mais de quatro meses. A Gasmig alega que já rescindiu unilateralmente o contrato com a empresa em função do descumprimento de regras, como a paralisação de vários serviços e o não pagamento dos salários. O problema foi relatado à Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em audiência pública realizada nesta quarta-feira (11/11/09), a requerimento do deputado Padre João (PT).

O parlamentar lamentou a ausência de representante da empresa DM na reunião e nas audiências do Ministério Público do Trabalho (MPT). Ele destacou que Ouro Branco é a terceira cidade do Estado em qualidade de vida e, com o problema atual, está enfrentando sérias dificuldades. "Os trabalhadores não conseguem honrar seus compromissos. Isso provoca desdobramentos em cadeia, pois os comerciantes e outros fornecedores também não recebem", disse.

O trabalhador José Ibernon de Oliveira afirmou que a maioria deles veio de outras partes do País, principalmente das regiões Norte, Nordeste e Sul, e estão decepcionados. "Várias famílias estão passando fome, outras sendo despejadas, por causa dessa situação", declarou. Ele lembrou ainda que o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada em Minas Gerais (Sinticop) está garantindo alimentação e hospedagem a todos os funcionários até o próximo domingo (15). "Mas depois desse dia, o que vai ser de nós?", questionou.

Para o procurador do MPT, Antônio Carlos Oliveira Pereira, a condução do problema desde o início não foi adequada e a Gasmig não demonstrou interesse em resolvê-lo. Um dificultador foi a ausência da empresa DM em todas as audiências realizadas. Apesar disso, segundo Antônio Pereira, alguma medida para minimizar o sofrimento dos trabalhadores poderia ter sido tomada pela Gasmig. Ele relatou que, na última audiência realizada no órgão, em 3 de novembro, foi proposto que a Gasmig pagasse ao menos R$ 700 para cada trabalhador, de modo que eles pudessem regressar a seus estados de origem. A empresa não aceitou a proposta.

O procurador reforçou que o MPT defende uma solução através de conciliação entre as partes, uma vez que uma ação na Justiça poderia demorar em torno de dez anos. Ao final da reunião, ele informou que havia conseguido agendar nova audiência entre as partes na próxima sexta-feira (13), às 9 horas, na sede do MPT em Belo Horizonte, para buscar uma solução para o conflito.

A vice-prefeita de Ouro Branco, Valéria de Melo Nunes Lopes, também lamentou a ausência de representante da DM na reunião. Também questionou por que a Gasmig não utiliza o valor do seguro da obra, previsto em lei, para pagar os trabalhadores. O gerente do Departamento Jurídico da Gasmig, Luís Mauro Noronha de Almeida, respondeu que o seguro não cobre questões trabalhistas. Falando em nome dos fornecedores, o gerente do Hotel Verdes Mares, Wellington Vítor de Pádua, disse que as dívidas da construtora com os comerciantes locais chegam a R$ 1,2 milhão (valores calculados em outubro). Ele acrescentou que só com refeições, o prejuízo é de R$ 212 mil.

Gasmig rompeu contrato com construtora

O gerente do Departamento Jurídico da Gasmig, Luiz Mauro Noronha de Almeida, explicou que a obra do gasoduto está orçada em R$ 500 milhões e devido à sua complexidade, foi dividida em três lotes. Na licitação, a Gasmig decidiu desabilitar a Construtora DM, por não considerá-la apta para realizar as obras de um dos lotes. "A DM, por força de liminar, permaneceu na concorrência e apresentou a melhor proposta comercial", disse. Diante disso, a Gasmig foi obrigada a cumprir a decisão judicial, segundo Luiz Almeida, contratando a construtora.

Já na fase de execução das obras, continua Luiz Almeida, a Gasmig constatou que a DM deixou de executar diversos serviços, ou os fez de forma incompleta. Com isso, a Gasmig entrou com um processo administrativo para que a empresa se defendesse e apresentasse os documentos comprovando a realização das obras da forma correta. Como as alegações da DM não foram satisfatórias, a Gasmig decidiu romper o contrato unilateralmente, segundo o gerente.

Sobre a situação de penúria dos trabalhadores contratados, Luiz Almeida respondeu que a Gasmig está sensível ao problema deles, mas amarras judiciais impedem que ela atue de forma mais ousada. "Hoje, infelizmente, cumprimos uma decisão da Justiça do Rio de Janeiro, que determinou o bloqueio de R$ 1,2 milhão da Construtora DM", lamentou. Ele acrescentou que a Gasmig está tentando agilizar a volta das obras, tentando recontratar outra empresa em caráter de urgência. "A expectativa é de que as obras se reiniciem no prazo mais rápido, para que a nova empresa possa absorver toda a mão de obra atual", concluiu. Outra medida que a Gasmig tomou foi o pedido à Justiça para que bloqueasse bens da DM utilizando os valores obtidos no pagamento dos trabalhadores.

Deputados saem em defesa dos trabalhadores

"Para situações extremas são exigidas soluções também extremas. Que a Gasmig encontre essa solução e traga alívio para esses trabalhadores", alegou a presidente da comissão, deputada Cecília Ferramenta (PT). O deputado Paulo Guedes (PT), vice-presidente da comissão, sugeriu a assinatura de um termo de ajuste de conduta entre a Gasmig, Governo do Estado e os trabalhadores, de modo a garantir o pagamento desses últimos.

O deputado Wander Borges (PSB) reconheceu que "a situação é triste e caótica". E criticou a Justiça por ter dado direito à DM de permanecer na licitação, desconsiderando o que a Gasmig já havia detectado para desclassificar a construtora. Ele também lamentou a ausência da empresa na reunião e nas audiência do Ministério Público do Trabalho. O deputado Doutor Ronaldo (PSL) disse lamentar a tremenda injustiça que ocorre em Ouro Branco. "Pessoas estão sendo massacradas, humilhadas, em nome de números apenas", lamentou.

Requerimentos - Foram aprovados diversos requerimentos solicitando providências para o problema em Ouro Branco, todos de autoria do deputado Padre João e da deputada Cecília Ferramenta: envio ao juiz da 2ª Vara de Congonhas das notas taquigráficas da reunião e solicitação de que sejam bloqueados os bens da Gasmig e da DM até a solução do problema; ofício à Procuradoria da Justiça do Trabalho para agendar nova audiência entre as partes, com a participação da comissão, para buscar soluções; solicitação à Gasmig da cópia da concorrência nº 012/08, que conferiu à DM o direito de executar as obras de instalação da rede de distribuição de gás natural em Ouro Branco; também à Gasmig, solicitação da documentação sobre a rescisão de contrato com a construtora; solicitação ao MPT de ajuizamento de ação civil pública para arrestar e penhorar bens da DM Construtora e subsidiariamente, da Gasmig e da Cemig; solicitação à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de fornecimento de cestas básicas aos trabalhadores da obra em Ouro Branco.

Presenças - Deputada Cecília Ferramenta (PT), presidente; e deputados Paulo Guedes (PT), vice; Wander Borges (PSB), Padre João (PT) e Doutor Ronaldo (PDT).

 

 

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