Atendimento integrado é solução para hospitais de Conselheiro
Lafaiete
A integração dos quatro hospitais de Conselheiro
Lafaiete (Região Central do Estado) que atendem pacientes de toda a
microrregião foi consenso entre especialistas, gestores e
parlamentares da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de
Minas Gerais, durante a audiência que debateu a situação da saúde
pública na cidade. A discussão, que recebeu representantes da
Secretaria de Estado de Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde, do
Conselho Municipal de Saúde, do Ministério Público e dos hospitais,
aconteceu na manhã desta quarta-feira (11/11/09), a requerimento do
deputado Padre João (PT).
De acordo com o representante da Secretaria de
Estado da Saúde, Welfane Cordeiro Júnior, o caos financeiro dos
hospitais de Conselheiro Lafaiete reflete a realidade do País. Para
ele, a regionalização e a integração são o caminho mais moderno e
eficiente para que se possa viabilizar financeira e
administrativamente estes estabelecimentos. O gestor acredita que
quatro hospitais em um município de cerca de 120 mil habitantes
representa um excesso de oferta e provoca queda no desempenho. "O
custo é alto. O ideal seriam poucas instituições ou que elas se
integrassem, de forma que o atendimento fosse feito em uma ou duas
especialidades. Somente assim esses hospitais irão sobreviver",
alertou. Ainda em sua fala, Welfane destacou que a fusão entre
pequenos centros de saúde é uma tendência mundial.
O deputado Carlos Pimenta (PDT) reforçou a ideia de
que a integração é condição para a continuidade do trabalho desses
estabelecimentos. Segundo ele, o problema é recorrente no Estado e o
município deve se organizar internamente para resolver a situação. O
presidente da comissão, deputado Carlos Mosconi (PSDB), também
alertou para a necessidade do compartilhamento de serviços pelos
hospitais. Para ele, o custo de manutenção é alto e o excesso de
centros de saúde inviabiliza o bom atendimento aos pacientes.
A promotora Danielle Vignoli Leite mostrou-se
favorável à iniciativa da integração e chamou a atenção para a
necessidade de resgate do controle dos hospitais pelo gestor
municipal. Na opinião dela, é o município que conhece os verdadeiros
gargalos e necessidades da saúde local.
Construção de novo pronto-socorro é
criticada
O secretário municipal de Saúde de Conselheiro
Lafaiete, Paulo Magno do Bem, lembrou que medidas tomadas pela
prefeitura melhoraram a situação do sistema de saúde da região. De
acordo com ele, o repasse de recursos, que era feito bimensalmente,
agora é mensal; e a dívida dos hospitais motivada pelo atraso no
repasse dos recursos do SUS foi quitada. Em sua fala, ele anunciou
que o Estado encaminhou R$ 13 milhões para a construção de um novo
pronto-socorro na cidade. "O projeto está pronto e o convênio será
assinado nas próximas semanas", disse.
Apesar da notícia ter agradado o presidente do
Conselho Municipal de Saúde, Cláudio Maurício Santos Souza, a
proposta foi duramente criticada. O presidente da Câmara Municipal,
Ivar de Almeida, disse que, ao invés de investir um alto valor na
construção de mais uma unidade de saúde, o Estado deveria repassar
os recursos para o incremento do sistema já existente. Segundo ele,
é preciso valorizar a regionalização e a integração dos
estabelecimentos. "Criar o pronto-socorro é fácil, mas quem vai
gerir? É preciso que transformemos nossos hospitais em instituições
viáveis e de qualidade", salientou.
O deputado Padre João (PT) pediu bom senso aos
gestores públicos e administradores dos hospitais de Conselheiro
Lafaiete. O parlamentar entende que se cada um assumisse uma
especialidade, a crise seria minimizada. "Construir um novo
pronto-socorro é um paliativo que, no futuro, só vai agravar a
situação", disse. O deputado Ruy Muniz (DEM) fez coro às palavras do
colega e sugeriu que os conselhos municipais fossem mais envolvidos
na fusão e gestão financeira dos hospitais.
Realidade - Os
administradores dos hospitais foram unânimes em apontar que a
sobrevivência dos estabelecimentos depende da injeção de novos
recursos. O representante da Maternidade São José, Marcos Bernardes
Prates, disse que o centro de saúde conta com 88 leitos, sendo 63%
deles destinados aos pacientes do SUS. Apesar da dívida ter sido
reduzida nos últimos meses, é preciso uma reestruturação urgente
para manter a instituição.
A representante do Hospital Queluz, fundado há mais
de um século, afirmou que dos 62 leitos, 95% são para pacientes do
SUS. Ela reivindica uma revisão na tabela do sistema único para que
o estabelecimento sobreviva. Finalmente, a gestora do Hospital São
Camilo, Neli Marques Matos, explicou que o atendimento a idosos,
especialidade da instituição, torna o custo de manutenção ainda
maior. Dessa forma, ela pediu que o Estado dê um complemento
financeiro ao hospital.
Requerimentos - Ao final,
foram aprovados três requerimentos, todos de autoria do deputado
Padre João, relativos à audiência pública. O parlamentar solicita o
envio de ofício ao Ipsemg para que seja feita uma pactuação de
valores e metas com os hospitais de Conselheiro Lafaiete, com o
objetivo de propiciar melhor atendimento aos pacientes da região;
pede também o envio de solicitação ao secretário de Estado da Saúde,
Marcus Pestana, para que proceda a estudos de viabilidade técnica
para a criação de uma Gerência Regional de Saúde na cidade; e
solicita a realização de uma audiência pública naquela cidade, com a
presença do prefeito e do secretário de Estado, para avaliar os
desdobramentos das propostas levantadas pelos administradores e
gestores municipais.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice;
Doutor Rinaldo (PSL), Ruy Muniz (DEM), Padre João (PT), Célio
Moreira (PSDB) e Tiago Ulisses (PV).
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