Deputados e sindicalistas defendem redução de jornada

A redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas, sem redução salarial, prevista por uma Proposta de Emenda à Con...

10/11/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputados e sindicalistas defendem redução de jornada

A redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas, sem redução salarial, prevista por uma Proposta de Emenda à Constituição Federal (PEC 231/95) que tramita há quase 15 anos no Congresso Nacional, recebeu nesta terça-feira (10/11/09) o apoio de deputados e sindicalistas que participaram da reunião conjunta das comissões de Participação Popular e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A audiência foi requerida pelos deputados André Quintão (PT) e Carlin Moura (PCdoB).

Cálculos do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) foram lembrados para fundamentar a defesa da redução de jornada. Segundo o órgão, os salários representam 22% do custo médio de produção no Brasil, e a redução de 44 para 40 horas representaria um impacto de 1,99% para as empresas. Além disso, a medida poderá gerar até 2,5 milhões de empregos, sendo 300 mil em Minas.

Para o presidente da Comissão de Participação Popular, deputado André Quintão, há ainda que se pensar no fator estritamente humano dessa mudança. A redução do estresse do trabalhador e a possibilidade de aumento do seu convívio familiar e até mesmo de capacitação profissional justificam a diminuição da jornada. Tanto ele quanto o deputado Carlin Moura acreditam que o momento é oportuno para aprovação da PEC. "A correlação de forças no Congresso hoje é mais equilibrada do que há 15 anos", afirmou Carlin.

O deputado Duarte Bechir (PMN), que no início da reunião disse que gostaria de ouvir os argumentos dos trabalhadores antes de tomar uma posição a respeito do assunto, deixou claro seu apoio à aprovação da PEC. Segundo ele, as atuais 44 horas semanais representam uma comprometimento excessivo com o trabalho, prejudicando o lazer e o convívio do trabalhador com sua família.

O deputado Sargento Rodrigues (PDT) trouxe para a reunião as dificuldades enfrentadas pelos policiais e bombeiros militares, dizendo que enquanto se discute uma jornada máxima para os trabalhadores, coronéis impõem, por meio de resoluções, carga horária mínima de 40 horas. Ele destacou o princípio da dignidade humana previsto pelo artigo 1º da Constituição Federal e se emocionou ao lembrar da greve dos policiais em 1997, que resultou na morte de um dos líderes do movimento, cabo Valério, lembrando que a manifestação buscava justamente o resgate da dignidade da categoria.

Deputado federal sugere escalonamento da redução

Nesta quarta-feira (11), milhares de trabalhadores deverão realizar uma manifestação em Brasília para pressionar o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), a colocar a PEC 231/95 na pauta de votações. O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) também defendeu as 40 horas semanais, mas ponderou que uma redução gradual da jornada teria melhores condições políticas de ser aprovada. Essa forma escalonada, porém, foi rechaçada pelo presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais, Gilson Luiz Reis. "Precisamos assumir nossa posição com coragem, sem vacilos", rebateu.

Para o presidente da Nova Central Sindical, Antônio da Costa Miranda, o Brasil vive um momento contraditório. Por um lado, o drama da falta de oportunidades de trabalho, "e o homem sem trabalho não tem dignidade", alertou. Por outro, a carga horária excessiva tem causado muitos problemas de saúde, onerando exageradamente a Previdência Social. "Vivemos um período de alta produtividade e baixa remuneração", disse ele. Gilson Reis complementou suas palavras informando que nos últimos 20 anos o setor produtivo aumentou sua produtividade em 87%, sendo que a participação dos salários no Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 48%, em 1960, para 36% em 2007.

Os outros representantes da classe trabalhadora - Carlos Magno de Freitas, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Marcelino Rocha, do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, também apoiaram a PEC e chamaram a atenção para a necessidade de limitação das horas-extras. Segundo Marcelino, na Fiat, há casos de operários que chegam a trabalhar das seis da manhã até a meia-noite. O deputado Carlos Gomes (PT) parabenizou as duas comissões pelo debate e manifestou também seu apoio à redução de jornada.

Presenças - Deputados André Quintão (PT), presidente da Comissão de Participação Popular; Carlin Moura (PCdoB), Duarte Bechir (PMN), Sargento Rodrigues (PDT) e Carlos Gomes (PT).

 

 

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