Autoridades do Sul de MG querem prisão para usuário de drogas

Mudanças na legislação que descriminaliza o usuário de drogas e estabelecimento de normas que permitam a internação i...

05/11/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Autoridades do Sul de MG querem prisão para usuário de drogas

Mudanças na legislação que descriminaliza o usuário de drogas e estabelecimento de normas que permitam a internação involuntária dessas pessoas, principalmente as que utilizam o crack, droga que tem apresentado um crescimento de uso preocupante. Essas foram algumas reivindicações apresentadas por representantes de órgãos públicos e entidades que participaram, nesta quinta-feira (5/11/09), de reunião em Poços de Caldas (Sul de Minas).

Eles participaram de audiência pública da Comissão Extraordinária de Políticas Públicas de Enfrentamento à Aids, DSTs, Alcoolismo, Drogas e Entorpecentes da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A reunião, solicitada pelo deputado Carlos Mosconi (PSDB), presidente da Comissão de Saúde, buscou contextualizar o uso de drogas e a incidência de aids e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) no Sul do Estado.

O delegado responsável pelo combate às drogas, Carlos Eduardo Tomazzo, que representou a Delegacia Regional da Polícia Civil, manifestou-se contrariamente à lei federal que descrimina o usuário de drogas, tratando-o como um doente apenas. "A lei que previu essa mudança previu muitos programas e órgãos de atenção ao dependente, mas a maior parte não foi implementada", constatou. Na avaliação dele, a legislação atual fez aumentar muito o tráfico de drogas. "Os usuários não respeitam as polícias, porque sabem que não serão presos. Ficou muito reduzida a nossa atuação", reclamou.

Carlos Tomazzo reivindicou ainda a implantação de uma clínica para tratamento de viciados, inclusive com internação involuntária. "Hoje, usuários que se dispõem a se tratar voluntariamente são minoria", afirmou o delegado, lembrando que isso se deve, em grande parte, ao vício do crack. Os viciados nessa droga apresentam atitude agressiva e não se dispõem a fazer qualquer tratamento. O delegado declarou ainda que o crack já é a droga mais apreendida atualmente - em Poços de Caldas, a média é de cinco apreensões por dia. Em 2009, foram mais de 100 pessoas autuadas por tráfico de drogas, completou ele.

O diretor da Comunidade Terapêutica Villa Vitória, Josmar de Alvarenga Andrada, concordou com o delegado, defendendo também a internação involuntária. De acordo com ele, 30% das internações na entidade já são feitas sem o consentimento dos viciados, principalmente usuários de crack. "O crack adoece não só o corpo, mas também o caráter", constatou Josmar, que dirige uma entidade que atende 76 pessoas - 14 jovens e 62 adultos, com índice de recuperação de quase 50%.

Também o comandante do 29º Batalhão da Polícia Militar em Poços de Caldas, tenente coronel Antônio de Sousa Filho reclamou da atual lei federal sobre drogas. "A norma dificultou muito nosso enfrentamento, retirando a pena privativa de liberdade. Temos apenas uma repreensão leve", lamentou. Ele acrescentou que o usuário não é simplesmente um doente, como afirma a lei, mas uma pessoa que adoece a todos a seu redor.

Prevenção e parceria são responsáveis por bom resultado contra drogas

O prefeito de Poços de Caldas, Paulo César Silva, destacou que, mesmo com o município apresentando índices sociais que são referência no Estado, a prefeitura não se acomoda. Para ele, o sucesso do trabalho realizado se deve principalmente à parceria entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário locais, além das polícias, Ministério Público, órgãos estaduais e federais e entidades da sociedade civil. Sobre estas últimas, ele enfatizou que são 21 instituições na área de promoção social, que atuam na prevenção, conscientização e reinserção de milhares de jovens, atendidos em cursos profissionalizantes. Há projetos do município para mais de 12 mil crianças fora do período de escola, em 48 unidades de educação infantil e 21 escolas municipais.

A secretária de Promoção Social de Poços de Caldas, Raulina Maria Adissi, reforçou essa atuação, informando que a prefeitura está priorizando a infância e a adolescência. Nesse trabalho, a secretaria busca a formação e profissionalização dos jovens da cidade. "Temos que seduzir nossos jovens para bons projetos, impedindo que eles vão para o tráfico", reforçou, acrescentando que em 2009, serão mais 2 mil jovens capacitados para o mercado de trabalho.

O secretário de Defesa Social de Poços de Caldas, Sergio Luis Krzizanski, sugeriu aos deputados uma luta pela mudança na legislação trabalhista, de modo a permitir que jovens a partir de 14 anos possam trabalhar. "Hoje o trabalho formal é proibido antes dos 16 anos, mas os jovens acabam indo trabalhar para o tráfico", disse ele. O promotor Eduardo Bustamante Stephan reforçou que os espaços aonde o Estado não chega estão sendo ocupados pelo tráfico ou por milícias.

Avanço do crack preocupa deputados

O autor do requerimento pela reunião, deputado Carlos Mosconi, elogiou o trabalho da comissão, que tem percorrido as regiões do Estado para diagnosticar o problema das drogas e das DSTs. Tratando da questão das drogas, ele se disse preocupado com o aumento do uso principalmente do crack. Ele destacou o noticiário sobre mortes por acidentes nas estradas, "muitas delas relacionadas ao uso de drogas e também do álcool". Na opinião do deputado, é preciso somar esforços do poder público e da sociedade para encontrar soluções.

O presidente da comissão, deputado Fahim Sawan (PSDB), informou que o objetivo de todas as reuniões é elaborar um relatório contextualizando o problema das DSTs e das drogas, lícitas e ilícitas em todo o Estado. Falando especificamente sobre a questão das drogas, Fahim valorizou o trabalho de acolhimento do jovem pelas instituições governamentais.

O deputado Carlos Pimenta (PDT), aconselhou que as polícias atentem para o tráfico de drogas na região, uma vez que Poços de Caldas está próximo à divisa com São Paulo. Sobre DSTs, ele reivindicou a realização de uma campanha de vacinação em massa contra o HPV, maior causa do câncer de colo de útero.

Com outra linha de pensamento, o deputado Antônio Genaro (PSC) enfocou aspectos existenciais em relação ao contexto das drogas. Na visão dele, as políticas atuais de prevenção e combate ao uso de drogas não obtêm resultado satisfatório porque as autoridades agem com paliativos e não vão ao cerne da questão. Antônio Genaro advoga que as drogas atuam no campo das emoções do ser humano que, por natureza, é sempre ávido por essas sensações. E para curar toda essa angústia presente na alma humana a resposta estaria em ouvir as palavras do "médico dos médicos, Jesus Cristo".

Presenças - Deputados Fahim Sawan (PSDB), presidente; Carlos Mosconi (PSDB), Carlos Pimenta (PDT) e Antônio Genaro (PSC). Também participou da reunião o presidente da Câmara Municipal de Poços de Caldas, Marcus Eliseu Togni.

 

 

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