Cumprimento de compensações ambientais motiva críticas a Furnas

Autoridades municipais de Além Paraíba e Chiador (Zona da Mata) e Sapucaia (RJ) querem que Furnas Centrais Elétricas,...

04/11/2009 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Cumprimento de compensações ambientais motiva críticas a Furnas

Autoridades municipais de Além Paraíba e Chiador (Zona da Mata) e Sapucaia (RJ) querem que Furnas Centrais Elétricas, responsável pela obra de construção do complexo hidrelétrico de Simplício, cumpra os acordos de compensação ambiental pactuados com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). Eles pediram ainda mais flexibilidade da empresa para outras negociações. As queixas foram feitas em audiência da Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quarta-feira (4/11/09) em Além Paraíba.

A reunião, solicitada pelo deputado Délio Malheiros (PV), discutiu os impactos ambientais, econômicos e sociais nas quatros cidades atingidas pelo complexo de Aproveitamento Hidrelétrico (AHE) de Simplício, obra do Programa de Aceleração do Desenvolvimento (PAC), orçada em R$ 2,2 bilhões, sob a responsabilidade de Furnas. A obra consiste na construção de duas usinas, Anta e Simplício, no Rio Paraíba do Sul, com capacidade instalada de 333,7 MW e entrada em operação prevista para dezembro de 2010.

Na próxima reunião da comissão, será apresentado um requerimento pelo deputado Délio Malheiros, solicitando informações sobre o cronograma das obras e sobre o cumprimento das compensações ambientais assinadas com as prefeituras e o Ibama. O deputado sugeriu ainda a criação de uma comissão com representantes das quatro cidades para conversar com Furnas.

Quando estiver produzindo energia, Simplício contribuirá com royalties pelo uso da água da ordem de R$ 5,5 milhões por mês, a serem distribuídos entre as quatro cidades de acordo com a área alagada de cada uma delas. Segundo o representante de Furnas, José Gláuber Nogueira da Cunha, 64% das obras já foram concluídas, beneficiando os quatro municípios com mais de R$ 15,2 milhões, apenas com o recolhimento de ISSQN.

De acordo com a empresa, a construção do complexo injeta mensalmente mais de R$ 6 milhões na região, por meio da compra de bens e serviços e do pagamento de aluguéis nas cidades atingidas pelas duas usinas. As obras em andamento empregam cerca de 4 mil trabalhadores. Cerca de 60 famílias serão remanejadas em Minas Gerais e outras 140 no Rio de Janeiro.

Preocupação com a compensação ambiental une políticos

O que une vereadores, prefeitos e demais autoridades locais é a preocupação com os impactos ambientais, a divisão desigual dos royalties futuros e a pouca disposição de Furnas em ouvir os representantes dos municípios atingidos pelas obras do complexo de Simplício. Esta foi a queixa do vice-prefeito Oberdam Moreira Rocha e dos vereadores Neidson Barros Gonçalves (Baião), João de Deus Ribeiro e Dauro Machado, de Além Paraíba, e também da vereadora Isaete Vaz dos Santos, de Chiador. Todos pediram que a empresa seja mais receptiva e que cumpra o que foi acordado quando da liberação da licença ambiental.

Eles reclamaram da falta de compromisso com a recuperação do patrimônio ferroviário de Além Paraíba, especialmente com a estação conhecida como Torreões, construída em 1870; com a pavimentação da estrada que leva à usina de Anta; com a construção de uma estação de tratamento de esgoto; e com a falta de recursos para o Hospital São Salvador, que até o momento só recebeu R$ 40 mil.

Outra preocupação manifestada por todos, especialmente pelo representante de Sapucaia, Fabrício dos Santos Baião, chefe de gabinete do prefeito Anderson Zanon, foi quanto ao cumprimento dos prazos e também com o critério de repartição dos royalties. Para ele, como Sapucaia terá área alagada menor, sua fatia de recursos também será menor. "Mas o impacto ambiental é tão grande quanto nos demais municípios", reclamou.

Foi cobrado ainda de Furnas o cumprimento da assistência para reformulação do plano diretor das cidades, o que ainda não foi feito, segundo o vice-prefeito de Além Paraíba. O prefeito de Além Paraíba, Wolney Freitas, disse que a presença do empreendimento é importante para a cidade, mas que o aproveitamento da mão de obra local na construção da usina foi somente para cargos não qualificados.

ONGs - Representando a sociedade civil, duas organizações não governamentais também expuseram suas preocupações. Membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Além Paraíba e da Agenda 21, o professor Plínio Alvim enfatizou a responsabilidade de Furnas com o patrimônio histórico das comunidades atingidas. Já o professor Klinger Senra, da ONG Casa, insistiu na necessidade de criação de uma unidade de conservação em Além Paraíba, conforme previsão legal. "O impacto é aqui, a unidade deve ser construída aqui".

Presença - Deputado Délio Malheiros (PV), presidente da comissão.

 

 

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