Infância e adolescência são destaques na audiência de revisão do PPAG

Um movimentado debate entre parlamentares, sociedade civil e Governo marcou a abertura da Audiência de Revisão 2010 d...

04/11/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Infância e adolescência são destaques na audiência de revisão do PPAG

Um movimentado debate entre parlamentares, sociedade civil e Governo marcou a abertura da Audiência de Revisão 2010 do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2008-2011, nesta quarta-feira (4/11/09), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. As políticas para a criança e o adolescente e, em particular, a baixa execução das medidas socioeducativas para os adolescentes em conflito com a lei monopolizaram parte das discussões. Respondendo a questionamentos, o superintendente central de Planejamento e Programação Orçamentária da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), André Abreu Reis, assegurou que, na revisão do PPAG, a exclusão de ações não está condicionada à baixa execução orçamentária. Na tentativa de tranquilizar as entidades da sociedade civil, afirmou que esse não é o critério para redefinir a atuação governamental.

Com 421 pessoas inscritas representando 206 instituições, a audiência de Belo Horizonte é a sexta realizada este ano, após cinco encontros regionais que também buscaram ouvir a população do interior sobre o plano plurianual. Nesta quarta à tarde, durante toda a quinta-feira (5) e na manhã de sexta (6), as entidades estarão em grupos de trabalho na Escola do Legislativo, que vão contar com a participação dos gestores públicos e dos deputados. Na tarde de sexta, as propostas populares serão entregues oficialmente à ALMG, para depois serem incorporadas ou não aos Projetos de Lei (PLs) 3.808/09 e 3.809/09, que dispõem sobre a revisão do PPAG e o Orçamento Estadual para 2010. Esses dois projetos têm de ser votados pelos deputados até o final do ano legislativo.

Como parte da programação da audiência, a Praça Carlos Chagas vai sediar a V Feira Estadual e II Feira Metropolitana de Economia Popular Solidária. A feira começa nesta quinta e vai até sábado. Na quinta e sexta, o horário é das 10 às 21 horas. No sábado, das 10 às 17 horas. A realização de feiras da economia solidária é resultado de emenda popular ao PPAG.

Números - Dos R$ 41 bilhões do Orçamento para 2010, R$ 5,3 bilhões são destinados aos 57 projetos estruturadores do PPAG, R$ 300 milhões a mais que em 2009. O subsecretário de Estado de Planejamento e Orçamento da Seplag, Thiago Coelho Toscano, informou que, comparando os Orçamentos 2008 e 2009, os projetos estruturadores tiveram execução 18% superior, mesmo com a crise mundial e seus reflexos sobre a arrecadação do Estado. Os Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Norte, Noroeste e Rio Doce foram beneficiados com R$ 500 milhões, o que demonstra a regionalização dos investimentos.

Plano tem impacto direto na vida do cidadão mineiro

O PPAG é uma lei com impactos diretos na vida do cidadão, pois mostra quanto e como o Executivo vai investir em setores como saúde, educação, segurança, meio ambiente e estradas. Depois de aprovado pelo Parlamento, o plano é revisado anualmente. Na audiência de revisão, a sociedade, os deputados e os gestores públicos fazem uma análise da execução do plano e apresentam propostas para aprimorar os programas de governo. Os gerentes dos 57 projetos estruturadores mostram o que está sendo feito, facilitando o acompanhamento da execução orçamentária pelos parlamentares e sociedade. Os estruturadores são projetos prioritários, com garantia de recursos e gerenciamento unificado.

Como acontece desde 2003, a discussão do PPAG e de suas revisões tem ocorrido de forma participativa, com a realização de audiências promovidas pela Assembleia de Minas em parceria com o Executivo. O objetivo é democratizar a elaboração do orçamento e do planejamento públicos, levando o debate também para o interior de Minas. A Comissão de Participação Popular da ALMG tem a tarefa de transformar as propostas populares em emendas aos projetos de revisão do PPAG e do Orçamento. Essas emendas são depois analisadas pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, cujo parecer orienta as votações em Plenário.

Ações para criança e adolescente geram debates

As políticas para a criança e o adolescente monopolizaram parte dos debates, nesta quarta. As entidades cobraram a implementação de ações programadas, e o Governo justificou a baixa execução.

Um dos depoimentos mais contundentes foi do promotor Márcio Rogério, que apontou a má gestão do Estado na política de atendimento às medidas socioeducativas para os adolescentes em conflito com a lei. Segundo ele, em 2008 e 2009 não foram construídos os centros socieducativos previstos. Neste ano, haveria ações com execução de 10% nos oito primeiros meses, acrescentou. "O Centro Administrativo brotou do chão como mágica, mas as ações para a criança e o adolescente, não. Hoje, há no Estado 300 meninos presos em cadeias em condições atentatórias aos direitos humanos", denunciou, declarando-se indignado.

O presidente da Comissão de Participação Popular, deputado André Quintão (PT), informou que em 2008 o atendimento às medidas socioeducativas teve o pior índice de execução orçamentária no chamado Orçamento Criança. Também foi reduzida, de quatro para dois, a meta de construção de centros socioeducativos, comparando-se as previsões 2009 e 2010.

Na avaliação do deputado, têm execução até acima da média as ações para criança e adolescente em áreas com recursos vinculados, como saúde e educação. Nas áreas em que não há essa vinculação, existem problemas, entre eles a diferença de prioridades entre secretarias. Quintão citou o exemplo da construção dos centros, lembrando que o ritmo de execução das unidades prisionais pela Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) é mais veloz que o das medidas socioeducativas.

Resposta - Em resposta aos questionamentos, o subsecretário Thiago Coelho Toscano ressaltou que têm crescido os investimentos no projeto estruturador Atendimento às Medidas Socioeducativas e que a Seplag encaminha bimestralmente a situação da execução orçamentária ao vice-governador, Antonio Anastasia. Toscano ponderou que há problemas como definição de terrenos e relação com prefeituras, contudo admitiu que eles "explicam, mas não justificam a baixa execução".

Em defesa do Governo também falou o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, deputado Zé Maia (PSDB), que coordenou os debates. Ele lembrou que situações como a morosidade dos processos licitatórios podem atrasar a execução das ações, ponderando ainda que os problemas apontados pelo promotor seriam pontuais. "Temos que reconhecer o avanço no planejamento e no monitoramento da execução das políticas públicas pelo Executivo", opinou.

Representantes da economia solidária farão manifesto

João Lopes Ribeiro, do Fórum Mineiro de Economia Solidária, avaliou que há uma "demora expressiva" no repasse dos recursos públicos para a execução das feiras de economia popular solidária - que têm metas e prazos a cumprir. Ele também questionou a exclusão de ação do PPAG relativa à realização das feiras, afirmando que o movimento fará um manifesto na Praça Carlos Chagas, onde começa, na quinta, a V Feira Estadual e II Feira Metropolitana de Economia Popular Solidária. Cerca de 160 empreendedores estarão expondo seus produtos na praça. "Precisamos de mais recursos para as feiras e também para a II Conferência Estadual de Economia Popular Solidária, que precisa acontecer até junho de 2010", acentuou.

Os técnicos da Seplag explicaram que, em 2009, houve atraso na execução de boa parte dos projetos estruturadores do PPAG, em função da crise econômica mundial. Mas informaram que, dos R$ 350 mil previstos para o fomento da economia solidária por meio de emenda popular ao plano plurianual, R$ 200 mil foram liberados. Também disseram que a ação relativa à realização das feiras foi aglutinada a outra, de capacitação dos empreendedores, com alocação total de mais de R$ 600 mil. O órgão gestor é a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). Já o deputado André Quintão sugeriu que é preciso organizar o fluxo de liberação desses recursos, pois as feiras cumprem um calendário anual, que obedece às características de cada região.

Entidade sugere que Governo invista na avaliação dos efeitos das políticas públicas

A representante do Movimento Nossa BH, Gláucia Barros, reivindicou que o Governo Estadual invista na avaliação do impacto da execução do PPAG na vida do cidadão mineiro. Ela considerou importante a avaliação da execução físico-financeira feita até agora, mas ponderou que o Executivo precisa avançar. A aplicação de indicadores de impacto das políticas públicas é uma reivindicação dos movimentos sociais. "Essa é a garantia de um diálogo fundamentado com o próximo governo, para defendermos o que deu certo e precisa continuar, e para apontarmos o que pode melhorar", enfatizou Gláucia, que é ativista dos direitos da criança e do adolescente.

Em resposta, o subsecretário Thiago Toscano informou que foi lançado em 2007 o programa Estado para Resultados, reunindo uma equipe que está cuidando desse assunto. Ele se comprometeu a trazer informações sobre o trabalho nas próximas audiências de revisão do plano plurianual. Toscano apresentou alguns números que ilustrariam os impactos das políticas públicas. Entre eles, que o índice de leitura aos 8 anos saltou de 46%, em 2006, para 72,5%, em 2008; que houve a redução de 20% nos crimes violentos em Minas, retroagindo-se aos patamares dos anos 80; e que a mortalidade infantil foi reduzida de mais de 17% para 14,54%.

A construção de indicadores de impacto da política de segurança alimentar foi defendida pelo secretário executivo do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Edmar Gadelha, que é da Secretaria de Estado de Governo (Segov). O superintendente André Reis avaliou que, desde 2003, a administração estadual enfrenta o gargalo da construção de indicadores de impacto - que demandam pesquisa ostensiva no Estado como um todo e muitos gastos. "Essa é uma angústia interna", desabafou, lembrando que o Ceará já avançou nessa discussão, abandonando a construção de indicadores por projeto e passando a mensurar o impacto do conjunto dos programas na melhoria da qualidade de vida do cidadão.

Técnicos apresentam execução orçamentária e projetos para 2010

Antes dos debates, Thiago Toscano apresentou diversos números sobre os resultados do PPAG, bem como as previsões para 2010. Entre elas, a ampliação do número de alunos atendidos pelo ensino profissional na rede estadual de 102.594 (previstos para 2009) para 115.000 (em 2010); a recuperação de 3.620 quilômetros de rodovias, totalizando mais de 7.970 quilômetros de rodovias recuperadas pelo ProMG Pleno; a conclusão das obras e início das atividades dos Parques Tecnológicos de Belo Horizonte (BHTec) e Itajubá (Parctec); o atendimento de 70 municípios pelo Projeto Travessia, com a atuação nas áreas de saneamento, saúde, educação, assistência social e renda; e a entrega de 3 mil unidades habitacionais pelo Programa Lares Habitação Popular.

Nos debates da manhã, também falaram representantes dos catadores de material reciclável, do Conselho Estadual do Idoso e da Defensoria Pública, entre outros, que cobraram mais investimentos e ações governamentais.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715