Academias de Letras pedem maior incentivo
fiscal
Um pedido de modificação da Lei Estadual de
Incentivo à Cultura (Lei 12.733, de 1997) foi a principal mensagem
do presidente da Academia Mineira de Letras, Murilo Badaró, em
reunião promovida nesta quinta-feira (29/10/09) pela Comissão de
Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Realizada a
requerimento da presidente da comissão, deputada Gláucia Brandão
(PPS), a reunião teve o objetivo de debater a importância das
academias para a promoção cultural em Minas e homenagear a Academia
Nevense de Letras, Ciências e Artes (Anelca) pelos 10 anos de
existência.
O ex-senador mineiro Murilo Badaró solicitou o
apoio da Comissão de Cultura para modificar a Lei 12.733 no sentido
de priorizar os financiamentos de projetos das academias de letras,
artes e ciências. "Apesar de termos essa lei, a burocracia é tão
grande que ela se transforma em um corrida de obstáculos", declarou
o presidente da Academia Mineira. De acordo com Badaró, existem hoje
em Minas mais de 50 academias de letras, em nível estadual ou
municipal. Para uni-las, a Academia Mineira de Letras liderou,
recentemente, a criação de uma federação.
A trajetória da Anelca foi citada por Gláucia
Brandão como exemplo de como uma academia de letras pode influenciar
de forma muito positiva a vida de uma cidade como Ribeirão das
Neves, onde ela funciona. Cidade com baixo índice de desenvolvimento
humano, Neves aparece muitas vezes na mídia como fonte de más
notícias. "A Anelca mostra o lado positivo de Neves", afirmou a
deputada, argumentando que a instituição tem um importante papel na
promoção de talentos e eventos que são um contraponto aos
preconceitos que prejudicam o município.
O presidente da Anelca, Mauro José de Morais,
relatou a história da instituição, que começou como uma academia
escolar de letras, fruto da atividade de Morais como professor de
português. "Encontrei muitos alunos talentosos e tenho a felicidade
de hoje ver alguns deles na Anelca", afirmou o professor. Em 1999, a
instituição deixou de ser uma academia escolar e, em 2005, passou a
incorporar talentos dos setores científico e artístico.
Representantes de outras academias e instituições
literárias estaduais e municipais participaram da reunião. O
presidente da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa,
Raimundo Alves de Jesus, saldou a proposta de Murilo Badaró de
alteração da Lei 12.733. "Lutamos com muita dificuldade financeira
em nosso trabalho em Cordisburgo", lamentou Alves.
Gláucia Brandão lembrou outras propostas que podem
garantir mais recursos para o setor cultural, tais como a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) 150, que tramita no Congresso
Nacional e que destina à cultura 2% do orçamento federal, 1,5% dos
recursos dos estados e 1% do orçamento de cada município. Ela
ofereceu o apoio da comissão para a divulgar as premiações e
projetos das diversas academias, que foram relatados pelos
representantes de cada instituição.
A reunião também contou com as apresentações do
músico Márcio di Lucca e do mágico Mister Jack, ambos integrantes da
Anelca. Alunos da 6ª série do ensino médio do Colégio Tiradentes, de
Belo Horizonte, acompanharam o evento. Após a reunião, aconteceu o
lançamento do livro Anelca em Prosa e Verso - Volume III - Edição
do 10º aniversário.
Presenças - Deputada
Gláucia Brandão (PPS), presidente da comissão. Além das autoridades
citadas no texto, participaram da reunião os presidentes da Academia
de Letras João Guimarães Rosa da PMMG, coronel João Bosco de Castro;
da Arcádia de Minas Gerais, Marco Aurélio Baggio; da Academia de
Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Douglas de Carvalho
Henriques; e do Clube Brasileiro da Língua Portuguesa, Sílvia de
Lourdes Araújo Motta.
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